Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã,
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
A
SANTA MISSA
Definição
29. — A Eucaristia é o sacrifício do
Novo Testamento, e, como tal, se chama a Santa Missa.
Pela palavra sacrifício, entende-se
a pública oferta a Deus de uma coisa que se destrói, para professarmos que Deus
é o Criador e Senhor Supremo, a quem tudo é devido.
Todas as religiões tiveram e possuem
o sacrifício: a religião hebraica, antes de Jesus Cristo, celebrou diversos
sacrifícios, estabelecidos por Deus, e que eram a figura do sacrifício de Jesus Cristo, o qual, imolando-Se a Si mesmo para expiar os nossos pecados e restituir-nos a graça divina, realizou o único, verdadeiro e valioso sacrifício, e quis
se perpetuasse este em Sua Igreja.
A Santa Missa é o sacrifício do
Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que, sob as espécies do pão e do vinho, se
oferece por meio do sacerdote a Deus, no altar, em memória e renovação do
sacrifício da cruz.
Verdadeiro
sacrifício
30. — A Missa é verdadeiro
sacrifício, enquanto é pública oblação a Deus de uma vítima que se destrói, não
real, mas apenas misticamente: — o sacerdote, de fato, consagrando separadamente
o pão e o vinho, põe com as suas palavras uma separação entre o corpo e o
sangue de Jesus Cristo — separação que efetivamente não se verifica, porque o corpo de
Jesus Cristo, na Eucaristia, é vivo e glorioso, e, portanto, não pode haver ali a real
separação entre o corpo e o sangue.c
O sacrifício da Missa não é uma
simples lembrança, mas renovação do sacrifício da Cruz, com a diferença de: Que
o sacrifício da cruz foi cruento, isto é, com derramamento de sangue, enquanto
o da Missa é incruento, isto é, sem derramamento de sangue; que,
na cruz, Jesus Cristo mereceu por nós toda graça, enquanto na Missa nos aplica as
graças merecidas ao morrer por nós.
A
quem e por quem se oferece
31. — A Missa se oferece só a Deus,
porque o sacrifício diz respeito só ao Criador e Dono supremo de todas as
coisas.
Às vezes, porém, celebra-se em honra
de Nossa Senhora e dos Santos, e, em tal caso, entende-se agradecer a Deus as
graças concedidas aos Santos, ou também a nós, mediante a intercessão deles, —
ou entende-se implorar de Deus para nós graças e bênçãos pelos méritos e preces
dos Santos.
A Missa se oferece a Deus por quatro
fins; — latrêutico ou de adoração; eucarístico ou de ação de graças pelos
benefícios recebidos; satisfatório, para aplacá-lo ou dar-lhe satisfação dos
nossos pecados; imperatório, para obter graças para nós e para os fiéis vivos e
defuntos.
Valor
e fruto
32. — O valor da Missa é infinito,
porém sua aplicação a nós é limitada e finita, segundo as disposições de Deus.
O fruto da Missa é de três espécies:
geral, em favor da Santa Igreja e de todos os fiéis vivos e defuntos;
especial, em favor daqueles pelos quais é celebrada a santa Missa;
especialíssimo, em favor do sacerdote celebrante e dos que devotamente a assistem.
Obrigação
de assistir a ela
37. — Há obrigações de ouvir a Missa
aos Domingos e nas outras festas de guarda; é útil, porém, assistir a ela
frequentemente, e, se possível fôra, todos os dias, para participar do ato
maior de culto público, que a Igreja presta a Deus.
O modo mais conveniente de assistir à santa Missa é o de oferecer a Deus a Missa em união ao sacerdote, relembrando
a Paixão e Morte de Jesus Cristo e de participar realmente do santo sacrifício,
comungando.