Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã,
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
X. — ORAÇÃO
Definição. — Oração mental e
vocal
72. - Se os
sacramentos são o meio produtor da graça, a oração lhe é o meio imperativo, porque serve para implorá-la
do Senhor.
A oração é a pia elevação da alma a
Deus para conhecê-lO bem, adorá-lO, agradecer-Lhe e pedir-Lhe quanto
precisamos.
A oração mental é a que se faz apenas com o coração e a mente; divide-se em
meditação e contemplação.
Na meditação, a alma une-se a Deus por via de raciocínio, enquanto,
consideradas as verdades eternas, a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo etc., se
esforça por estudar as normas de levar uma vida cristã.
Na contemplação a alma une-se a Deus por via especial de Deus, a que,
ordinariamente, se chega numa como visão interna e quase sem esforço; é dom por
meio de assídua meditação.
A oração vocal, dita comumente oração ou súplica, é a que se faz com
palavras, acompanhadas da mente e coração.
Necessidade
da oração
73. - É necessário orar, porque Deus
o manda, e, ordinariamente, só a quem
ora concede as graças.
Jesus Cristo disse: “Importa orar
sempre, e não cessar de o fazer.” (Luc. XVIII, 1) - “Pedi, e dar- se-vos-á.”
(Luc. XI, 9)
E, com o seu exemplo, nos ensinou a
rezar.
É verdade que Deus onisciente
conhece o que nos é necessário e muitas vezes, em Sua infinita bondade, para que Lho peçamos, corre adiante de nós:
mas quer que o supliquemos, para reconhecê-lO como o doador de todo bem e
atestar-Lhe a nossa humilde submissão.
Quando
devemos orar
74. - Devemos orar sempre, como Jesus
Cristo nos ensinou, isto é, com a mente unida a Deus, considerando-lhe a
divina presença e dirigindo-lhe todas as nossas ações.
Especialmente devemos orar nos
perigos, nas tentações, em ponto de morte e nas calamidades públicas.
Quando
devemos orar
75. - Por meio da oração, temos
esperança de conseguir de Deus os auxílios e graças de que temos necessidade:
essa esperança funda-se nas promessas de Deus Onipotente, misericordioso e
fidelíssimo, e nos méritos de Jesus Cristo. É necessário que nossa oração seja
feita:
a) com humildade, reconhecendo sinceramente a nossa própria indignidade,
fraqueza e miséria, segundo o exemplo do publicano que dizia: “Senhor, sede
propício a mim pecador”;
b) com sincera confiança, isto é, com firme esperança de sermos ouvidos, se o que
pedimos é para a glória de Deus e nosso verdadeiro bem;
c) com perseverança, sem cansarmos, se o Senhor não nos ouve depressa;
d) com resignação à vontade de Deus, o qual conhece o que deveras condiz
ao nosso verdadeiro bem;
e) com recolhimento, pensando que falamos com Deus; pelo que urge rezemos
com respeito e devoção, evitando, quanto for possível, as distrações, a saber —
qualquer pensamento estranho à oração;
f) em nome de Jesus Cristo, como Ele próprio no-lo ensinou e o
pratica a Igreja, que termina sempre as orações com as palavras: per Dominum
nostrum Jesus Christum, isto é, por Jesus Cristo Senhor Nosso, ou equivalentes.
Que
podemos pedir?
46. - Devemos, sobretudo, pedir a
Deus a glória d’Ele, a nossa eterna salvação e os meios para consegui-la.
É lícito igualmente pedir os bens
temporais, com a condição especial de que nos conformemos com a santíssima
vontade do Senhor e não sirvam de impedimento à nossa eterna salvação.