As colunas de tua casa
um plano para a felicidade da família
pelo
Vigário José Sommer, 1938
1.ª Coluna: a Fé
2.ª Coluna: Confiança em Deus
3.ª Coluna: Oração em família
4.ª Coluna: A Cruz na parede
1.ª Coluna: a Fé
2.ª Coluna: Confiança em Deus
3.ª Coluna: Oração em família
4.ª Coluna: A Cruz na parede
Nas
velhas cidades e nas regiões verdadeiramente católicas se encontra ainda por
vezes, como restos de uma época de piedade filial e fé robusta, uma estátua da Mãe de Deus nas casas ou no vestíbulo.
A arte cristã, pintura e plástica, criou para esse fim muitas imagens
valiosas, lindamente emolduradas. A piedade filial cercava a imagem de círios e flores.
Aos sábados e nas festas de Maria também
lhe punham às
vezes em frente uma lamparina ou candeia acesa.
Era um belo costume.
Nos lugares em
que ainda existe este piedoso hábito,
tudo mostra que essa casa se acha
sob a proteção
especial da Mãe celeste e que os moradores A veneram e amam com filial e piedosa devoção.
Feliz a família de que Maria é Padroeira e que
como tal A honra. O
amor e veneração à
Mãe de Deus obriga o homem a seguir as pegadas
de São José, o
virginal protetor da puríssima Virgem.
Ele deve por si mesmo tornar-se-lhe
cada vez mais semelhante e governar sua casa em espírito cristão. Se a mãe de família é uma fiel e fervorosa devota da
Santíssima Virgem há
de procurar também lhe imitar o admirável exemplo de virtude. Há de comunicar-se,
como por si mesmo, à
mulher cristã aquele espírito
de humildade, que lhe desvia os olhos do tumulto exterior do mundo, para volvê-los ao interior do lar, que a
fortifica, para levar uma maravilhosa vida de amor e sacrifício, de abnegação
no silencio da vida oculta, que a torna uma verdadeira mensageira de paz, de
alegria e de benção no lar doméstico.
A própria gratidão já obriga a
mulher e a mãe a devotar-se a Maria.
Toda a consideração de que a
mulher hoje goza,
a libertação do indigno cativeiro, a posição que ocupa na sociedade humana,
deve à Mãe de Deus.
Por dia e nela a mulher é enobrecida. Um reflexo
da beleza e bondade da Virgem Santíssima
cai sobre
cada mulher; nem ao menos se apaga de todo na mulher decaída, esquecida de sua dignidade, como o sol também se espelha ainda nas águas lodosas.
Do que o cristianismo sente pela mulher, de quanto era considerada particularmente na
piedosa Idade-Média, é testemunha um
fato da vida de Henrique Suso (nascido em 1295, em Constança). Diante de uma pobre mulherzinha,
que encontra numa estreita pinguela,
ele, o
grande e festejado sábio,
recuou, deixando-a respeitosamente passar adiante, porque, como todos os homens e
cavalheiros de seu tempo, via nela
uma “irmã” da graciosa Virgem Mãe de Deus. É
esse ainda sempre o alto valor que
o sentimento cristão dá à
mulher. Não devia toda mulher ser grata a Maria por toda a vida?
À
estima exterior deu
a veneração de Maria também
um fundamento interior profundo; pois do modelar
exemplo da Santa Mãe de Deus se originaram para a mulher valores espirituais sempre novos. Da veneração
desta Santa Virgem e amável
Mãe hauriu ela sempre
fortes impulsos, constantemente
renovados, para vencer no mundo o mal
e a violência e
curar com mãos delicadas e compassivo amor as chagas que a força e o arbítrio
do homem tantas vezes abriu na sociedade. Épocas
inteiras gozaram mesmo por vezes da influência decisiva de mulheres que
imitaram fielmente a Maria e deixaram, nesses tempos abençoados, vestígios profundos
de sentimentos benfazejos
e caridade cristã.
E quando as mulheres renunciam ao seu ideal e esquecem a sua dignidade, como
Isabel a infeliz Rainha da Inglaterra, filha de Anna Bolena, então se tornam sem
dúvida uma maldição
para o mundo e para o próximo.
— Vê-se, pois, que a muitos respeitos a dignidade da mulher e o bem da
humanidade nos são dados com
Maria.
Também sobre as crianças, sobretudo sobre a mocidade, a
veneração de Maria produz
o mais salutar efeito.
Que pode concorrer mais para completar a
personalidade, de que tanto hoje se fala, para aperfeiçoamento do homem interior, do que a influência da Imaculada, e ao mesmo tempo
forte e poderosa Virgem? Não é de admirar!
— Pois se Ela é a branca neve da verdadeira
castidade, oceano
inesgotável
de graças, a bela
flor da
amendoeira, que a geada do pecado
jamais atingiu,
como a denominam tão significativamente os poetas da Idade Média Gottfried de Strassburgo e Conrado
de Würzburg!
De Maria, a pura, e imaculada Virgem, manou aquele espírito da mais delicada pureza e castidade,
que adorna mais a fronte da virgem cristã
do que todo o ouro e diademas preciosos. Quando Sua doce imagem se imprime num
jovem coração, daí
desaparecem atrativos para o mal, afasta-se antes de tudo o pecado impuro, como a raça das serpentes foge dos
raios do sol.
Milhares dos que caíram no combate, n’Ela se ergueram de novo. Um olhar
para a Virgem bastava para reanimar de novo a coragem enfraquecida, extinguir no
peito o fogo mais ardente.
Inúmeros outros por meio dele conquistaram a palma da pureza
imaculada. Nela, “a mulher imaculada” (Heliand), se apresenta diante da alma do rapaz e do homem, a nobreza feminina na sua
forma mais sublime, forçando-os a respeitarem a dignidade e a honra da mulher
e por amor desta bendita
Virgem, elevarem-se ao varonil respeito de si mesmos. Guilherme de Humboldt
disse uma vez que quem durante muito tempo vive ao lado de um caráter todo puro e verdadeiramente
grande, de certo se lhe passa como
que um sopro daquele
salutar contato. Tem razão. Pureza sugere
pureza. O próprio homem
dissoluto não lhe pode
recusar o respeito.
A alma semelhante, porém, acolhe
os sentimentos nobres e grandes, como a corda do
instrumento começa a tremer quando se move uma outra da mesma tonalidade. Se um de nós já age deste
modo sobre os outros, como
deve então enobrecer os homens o constante convívio com Maria a “puríssima, dulcíssima Esposa
de Deus”, que não tem igual, como deve dignificá-los a elevação do coração para Ela!
Sim, “o desprezo da mulher sempre
veio de
baixo e arrastou para baixo, veio
do pecado, e impeliu ao pecado. A veneração desta mulher celeste, na qual
todas as outras são de novo enobrecidas, provem do alto e atrai para o alto” (Könn), afasta-nos da terra e levá-nos a esferas, em que nos aproximamos da
semelhança divina. É
o que faz Maria. Diante d’Ela se calam as potências das trevas e fecha-se o abismo.
“Não reina mais o abismo, pois Maria
o derrubou
Jaz a Seus pés, pois que o venceu.
É justo, pois, que A louvem
todos."
(Canção da Proc. Marian. de Reggio
1674)
Poderias dar coisa melhor a teu filho ou a tua
filha, no caminho da vida, do que um profundo e terno amor à Mãe de Deus? Com isto lhes dás
ao mesmo tempo uma pura e áurea mocidade
e quem a possui, tem a maior, a, mas
íntima
felicidade, uma paz espiritual verdadeiramente preciosa.
Ela é a aurora de um belo dia, o capital que não se pode perder, de que ainda se vive
na velhice. Não constitui
isso também para os pais
uma fonte da mais
pura felicidade? Só
olhar para uns inocentes
olhos infantis já nos torna felizes.
Entra-nos pela alma a dentro como a luz e o esplendor de um outro mundo mais belo.
Nenhum reino o iguala em valor e
beleza. E este imenso tesouro
pertence ao pai
e à mãe. Não é
uma alegria e felicidade? — Não sei também
onde o amor aos pais
e irmãos possa ser mais terno e mais forte do que num coração puro, incorrupto.
Como tudo quanto é moralmente
grande e belo, esse
amor só pode medrar e arraigar-se
profundamente no
solo fecundo de um
coração puro.
Quando, porém, o prazer sensual
se apossa de um jovem coração, aí
morre tudo quanto é realmente nobre, bom e belo, aí verão em breve os pais como os mais caros laços se despedaçarão
e nada mais será sagrado para o
filho.
Infeliz efeito do pecado impuro! Mesmo as lágrimas que arrancam aos olhos da
mãe não serão mais respeitadas, nem
mais as chagas profundas que lhe abrem no coração, nem o desgosto
e a angústia mortal que causam aos pais, a quem outrora amavam ternamente
e tratavam com
todo o respeito.
Quem faz questão, pois, de
conservar o amor dos
filhos, fará bem em implantar profundamente no coração infantil a devoção e o amor à Mãe de Deus e confiar o filho à Virgem e Mãe do belo amor. Dá-lhe uma criatura humana e d’Ela recebe em troca um Anjo de amor e pureza. Todas as belas festas de Maria, o delicioso mês de Maio e o de Outubro, mês do Rosário, finalmente todos, os
sábados oferecem para isso ocasião oportuna.
Causa alegria ver como as crianças por toda a parte, com um pequeno
incitamento, com prazer caminham nessa direção
e com santa emulação
adornam de coroas
e flores a imagem da querida Mãe de Deus. — Ainda que
as coroas
possam murchar, a impressão e a bênção
da Mãe celeste permanecem. Maria anda com a criança!