domingo, 14 de abril de 2013

PRESENÇA REAL PERMANENTE/CONVÊNIENCIA DA EUCARISTIA

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.


A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946


PRESENÇA REAL PERMANENTE
21 de Junho de 1940


           O Concílio Tridentino anatematiza quem disser que no admirável Sacramento da Eucaristia, feita a consagração do pão e do vinho, estão o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo apenas enquanto as sagradas espécies são usadas naquela ocasião e enquanto são recebidas como divino alimento; anatematiza quem disser que Jesus Cristo não permanece nas hóstias e partí­culas consagradas que ficam no sacrário ou que sobram da Comunhão[1]. Jesus Cristo está presente nas sagradas espécies enquanto elas permanecem incorruptas. Corrompendo-se as espécies, cessa a presença real. (...)
Os enfermos que desejam receber em seu co­ração o médico divino, os que aguardam o viático, alimento precioso para a última viagem — agrade­cem ao bom Jesus a Sua permanência na Hóstia consagrada, único meio de satisfazerem as suas tão justas aspirações.
O Divino Mestre fica ainda nas espécies con­sagradas, para receber o nosso culto dia e noite. Para ser visitado, para ouvir os desabafos de tantas almas atribuladas, que só em Deus encon­tram refúgio e consolação.
O culto que se presta a Jesus Cristo no Santís­simo Sacramento — é o culto de adoração, ou latria. É de fé. Assim o definiu o Concílio de Trento.
São João Crisóstomo dizia: “Adora e comun­ga”. Santo Agostinho: “Ninguém coma desta car­ne, sem primeiro adorá-la. São Cirilo de Jeru­salém ensina: “Depois da Comunhão do Corpo de Cristo, aproxima-te também do Cálice do seu san­gue, não estendendo as mãos, mas prostrado, à maneira de adoração”. (...)

CONVENIÊNCIA DA EUCARISTIA
24 de Junho de 1940

            Prossigamos estudando a divina Eucaristia, orientados pelos filósofos cristãos, baseados na própria razão que, despida de preconceitos, há de levar a bom termo as investigações sinceras.

     A razão humana não pode, na verdade, de­monstrar por si só a realidade da presença de Jesus Cristo na Eucaristia; mas pode demonstrar que este dogma é inteiramente conveniente, quer da parte de Deus, quer da parte do homem. É conveniente da parte de Deus, um dogma que ilus­tra as Suas perfeições; mas a Eucaristia está preci­samente neste caso; pois ilustra admiravelmente a onipotência, a sabedoria e a bondade divinas. A onipotência de Deus, na pessoa de Jesus, já se tinha demonstrado sucessivamente na multiplica­ção dos pães e no fato assombroso do Cristo an­dando sobre as águas do mar de Tiberíades. No dia seguinte a estes milagres, o divino Mestre promete a instituição do Santíssimo Sacramento.Diz que é o pão vivo que desceu do céu, e que “seu corpo, sua carne, é verdadeiro alimento e seu sangue verdadeira bebida”. Instituindo, um ano mais tarde, a Eucaristia e determinando que os apóstolos façam o mesmo, através dos séculos e pelo mundo universo — repete o milagre da multiplicação desse mesmo pão vivo, no qual Ele está presente e vivo; repete o milagre da imponde­rabilidade do Seu corpo, a cuja pressão as águas não cederam. O nosso grande sacramento, pois, é uma proclamação ardente e perene da onipotência do Senhor.
A sabedoria. O Santíssimo Sacramento foi ins­tituído com a mesma finalidade do Mistério da Encarnação. Este promove a glória de Deus e a salvação das almas. De fato, o Verbo feito homem dá ao eterno Pai mais glória do que todo o uni­verso reunido; dá a Deus uma glória infinita. O Verbo feito homem veio resgatar a humanidade da escravidão do pecado, veio salvar as almas. A Eucaristia continua a Encarnação através dos séculos e a difunde pela terra inteira. Se não fosse a presença real de Jesus Cristo na hóstia consagrada, só teriam tido a felicidade de estar perto do divino Jesus os que viveram os anos fe­lizes de Sua permanência no mundo. Assim dá glória ao Pai e santifica as almas na Comunhão.
A Eucaristia é também a maior demonstra­ção da bondade de Deus, que não Se esqueceu dos Seus filhos durante a penosa travessia do vale das lágrimas.
Da parte do homem a presença real é conve­niente. Fomenta a preciosa virtude da fé, que maravilhosamente se exercita ao vermos as espé­cies de pão e de vinho. Depois da consagração cremos que é Jesus quem está presente, apesar do que, em contrário, possam dizer nossos senti­dos.
Cresce a esperança com a Eucaristia, pois nada poderá abater quem tem a certeza de pos­suir em seu coração a Jesus Cristo.
A caridade estua pelo Santíssimo Sacramen­to. Basta recordar as palavras do Senhor: “Quem me recebe, permanece em mim e eu nele!” — Eis a suprema caridade, o supremo amor.
Logo a Eucaristia é conveniente, da parte de Deus e da parte do homem.



[1]      Sessão XIII. Cânon 4.°.