A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946
EUCARISTIA
17 de Junho de 1940
Começando
o estudo do 3.° Sacramento, veremos hoje os seus nomes, e as figuras pelas quais, desde
muitos séculos, ele foi anunciado à humanidade.
Em razão da matéria chamam-no — Pão eucarístico, Pão da vida, Pão substancial,
angélico. — O próprio Cristo
Jesus apresentou-Se, quando prometeu a
Eucaristia, com esse nome — Pão vivo — o que causou grande estranheza
aos que O ouviam. Sobressai ainda aqui a dignidade e a virtude do terceiro
Sacramento.
Em razão do fim — chama-se Eucaristia — que quer dizer bom presente — pois nele se recebe,
como dom de infinitas graças,
o próprio autor da graça. Quer dizer também — ação de graças, porque Jesus o
instituiu agradecendo; e também porque temos na Eucaristia o meio mais
apropriado de oferecer a Deus as nossas ações
de graças.
Em razão da sua dignidade — vem o belo nome Santíssimo
Sacramento, — pois é de todos o mais nobre.
Em razão dos efeitos — diz-se Comunhão, porque
une com o vínculo estreitíssimo o fiel ao Cristo e os fiéis entre si. Cristo é
a Cabeça do corpo místico, do qual nós somos membros — e por isso mesmo
estaremos, os cristãos, uns com os outros, fraternalmente unidos.
Chama-se também Viático —
porque é o alimento para a última viagem, da terra para a verdadeira Pátria.
E ainda Sacramento de amor — pois é o maior incentivo e alimento do verdadeiro amor, da
caridade!
Finalmente, em razão do tempo e
do lugar em que foi instituído ou em que se celebra, chama- se Ceia do Senhor, Sacramento do altar.
Passemos a analisar as figuras do terceiro Sacramento.
Em lugar de destaque
aparece aquele precioso sacrifício, que Melquisedec ofereceu ao Senhor. Tomou
um pão e um vaso com vinho e, de olhos voltados para o céu, apresentou a oblata, mais do que nenhuma outra, agradável ao Onipotente.
Outra interessante figura: os pães de proposição que
aos sábados eram oferecidos, diante da Arca da Aliança. — E ainda o pão que
Elias miraculosamente recebia no deserto e que vigorosamente o alimentava.
—
Os efeitos da Eucaristia
foram figurados pela árvore
da vida, no Paraíso terrestre e pelo
maná que sustentava o povo de Deus, na travessiadas regiões inóspitas
e tormentosas, para a terra da promissão.
— O sacrifício eucarístico é representado por aquela cena emocionante, em que Isaac, sobre um
altar de lenha, vai ser imolado... e só não se consuma o sacrifício porque,
provada a obediência de Abraão, não era então necessário derramar-se o sangue
do inocente.
— Finalmente — o Cordeiro pascal que resumiu, de modo maravilhoso,
todas as figuras até então aparecidas. É hóstia que se recebe, é a iguaria
principal da ceia preceituada pela lei. No Egito, o sangue do Cordeiro marca as portas das casas
em que habitava a gente do Senhor. Nas comemorações judaicas o sangue do
Cordeiro lembrava o passado e profetizava o futuro. Em a Nova Aliança o Sangue
do Cordeiro unge, no altar, os eleitos de Deus. — Na última Ceia o Cordeiro
Pascal cedeu o lugar à divina Eucaristia. Terminava a era das figuras.
Iniciava-se a das realidades!