A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946
EFEITOS DA EUCARISTIA
27 de Junho de 1940
Vamos examinar hoje os
efeitos do Sacramento da Eucaristia.
O corpo e o sangue de Jesus
Cristo, como Ele mesmo expressamente o declarou, constituem alimento precioso,
indispensável a quem quiser “viver”. Pois só terá a vida em si quem receber
esse divino sacramento. — Trata-se, pois, de elemento indispensável à
vida sobrenatural.
Daí se conclui logicamente
que, para participar do banquete eucarístico, é preciso estar em estado de
graça. Pelo pecado mortal, a alma perde a vida sobrenatural: morre,
portanto. Ora, ninguém ministra alimento aos mortos. Um cristão cuja
alma está morta pelo pecado não pode comungar.
Diz o apóstolo São Paulo:
“Examine-se o homem, prove-se a si mesmo, e assim coma daquele pão. Aquele que
come e bebe indignamente, come e bebe a sua própria condenação” (1 Cor 11,
28-29). Não pode, pois, o homem, confiando no valor desse divino
Sacramento, aproximar-se dele em estado de pecado grave. — Purifique-se
primeiro e venha à mesa sagrada. E o meio comum para se purificar é o
Sacramento da penitência ou confissão, que oportunamente estudaremos.
A Eucaristia aumenta a graça
santificante — a primeira graça, fortalecendo a caridade para com
Jesus Cristo e para com o próximo. “Aquele que come a minha carne e bebe o meu
sangue, permanece em mim e eu nele”, disse Jesus. Se Ele permanece na alma, santifica-a; dá-lhe
energias novas para vencer na luta contra o mal, anima-a nas horas dolorosas,
consola-a nas amarguras, nas tristezas e nas lágrimas. Se as almas permanecem
em Jesus Cristo, sentem-se completamente saturadas do Seu divino amor, da
verdadeira caridade. “Todos nós que participamos do mesmo pão, tornamo-nos um
só corpo” (1 Cor 10, 17) — diz o apóstolo São Paulo. O pão, em sua
massa bem unida, compacta, é a imagem da fraternidade cristã.
O divino alimento difere do
alimento comum, em que este se assimila, transformando-se no organismo animal.
A Eucaristia, pelo contrário, transforma o homem em Jesus Cristo.
Quantas vezes ouvimos
observações severas contra pessoas que comungam e, — dizem os críticos — são
piores do que os outros que vivem afastados dos sacramentos! Em parte os
censores tem razão. Há muito católico que dá mau exemplo, que não cumpre seus deveres, que
é católico só de nome. Católico estilo colcha de retalhos, que faz da sua
crença uma deplorável mistura de várias crenças: um pouco de catolicismo,
um pouco de espiritismo, um pouco de protestantismo... Como os
católicos, confessam-se e comungam; como os espíritas, evocam os mortos e frequentam centros espíritas;
como os protestantes, não se submetem ao Papa, de quem falam mal até publicamente (1)... Nem
faltam os que andam envolvidos em macumbas e feitiçarias!... — Tais católicos
desmantelados nunca poderão sentir o valor do precioso alimento que
é a Eucaristia, nem experimentar os seus efeitos divinais!
(1) Nota do blogue: É necessário submeter-se ao Papa desde que esse não determine algo contrário a Fé.