sábado, 27 de abril de 2013

Doutrina Cristã - FINAL

Nota do blogue: Verificar especial completo AQUICom este post finalizo a transcrição desse catecismo, espero que essa leitura possa edificar a muitos, em especial as crianças. Em breve, com a graça de Deus, teremos esse catecismo publicado, rezemos. 

Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã, 
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

IV. — TEMPO DO CULTO

            32. - TEMPOS DESTINADOS AO CULTO DIVI­NO. — Todo tempo é de Deus e, em qualquer tempo, o homem tem o dever de honrá-lO. A Igreja, mãe dos cristãos, estabeleceu, entretanto, prazos determina­dos, em que se preste a Deus o culto em forma oficial, em nome de toda a sociedade cristã. Pelo que, dia­riamente, pessoas a isso deputadas recitam o ofício divino; toda semana, aos Domingos, a celebração do sacrifício divino reúne os fiéis no templo sagrado em torno do sacerdote; no correr do ano, recordam-se os grandes mistérios da redenção e daqueles que, pela vida virtuosa, são propostos como exemplos e am­paro ao povo cristão.

            33. - ANO LITÚRGICO E SUAS ÉPOCAS. — O ano cristão ou litúrgico é determinado por duas grandes festas, que lembram o princípio e o cumpri­mento da Redenção, a saber — o Natal e a Páscoa da Ressurreição do Senhor. E, como a essas duas fes­tas a Igreja lhes propõe um tempo de preparação, o ano litúrgico principia justamente com a prepara­ção à festividade do Natal, isto é, com o Advento.
            O ano litúrgico divide-se em seis grandes épo­cas; Advento, Tempo de Natal, Septuagésima, Quaresma, Tempo pascal, Tempo de Pentecostes.
            Por essas épocas estão distribuídas as festas, que recordam os mistérios principais da Redenção. Al­gumas dessas festas recaem todos os anos no mes­mo dia, e dizem-se fixas; outras recaem em dias diferentes, e dizem-se móveis.
            São festas móveis as que dependem da festa da Páscoa, que se não celebra cada ano no mesmo dia, mas na Dominga seguinte ao décimo-quarto dia da lua de Março, data que pode variar entre 22 de Março e 25 de Abril.
            1.º — ADVENTO. — Advento (adventus [vinda]) é o tempo que precede a solenidade do Santo Natal e compreende quatro semanas, cuja última não é comple­ta. É tempo de oração e penitência, e simboliza a longa preparação da humanidade à espera do Salva­dor prometido.
            Nesse prazo, a Igreja nos dispõe a celebrar digna­mente a memória da primeira vinda do Redentor a este mundo, com o Seu nascimento espiritual, e nos propõe a considerar também a segunda vinda do Fi­lho de Deus no fim do mundo, para julgar a todos os homens. Outrora jejuava-se durante o Advento.
            Atualmente o jejum não é mais obrigatório aos fiéis em todo o Advento; ficaram só as quatro têmpo­ras (quarta, sexta e sábado depois da 3.ª dominga) em cujos dias é prescrito o jejum e, na vigília de Natal, a abstinência. (No Brasil, por indulto, é só dia de jejum a 3.ª sexta-feira do Advento e dia de absti­nência a véspera do Santo Natal).
            2.º — TEMPO DE NATAL. — Do Natal à Septuagésima corre o tempo natalício, que recorda os mistérios do nascimento do Salvador. Compreende as festas de Natal, da Circuncisão, da Epifania, ou manifestação de Jesus aos Gentios na pessoa dos Magos, e algumas semanas que seguem a essa festa. Nessa qua­dra a Santa Igreja nos faz celebrar o santo Nome de Jesus e nos põe diante os exemplos da Sagrada Família de Nazaré. O Santo Natal entre as demais festas possui de particular duas coisas:
            a) que em a noite precedente são celebrados os ofícios divinos segundo o uso antigo da igreja, nas vigílias;
            b) que, nesse dia, todo sacerdote celebra três mis­sas; os fiéis, porém, são obrigados a ouvir uma só, embora seja bom ouvir as três, para melhor se con­formarem às intenções da Igreja.
            3.º — PREPARAÇÃO À QUARESMA, são as três semanas chamadas Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima, em que a Santa Igreja assume vestes de pe­nitencia, suprime os cantos de alegria e nos convida a trabalhar mais seriamente na cultura da alma, pon­do-nos sob os olhos as paginas da Escritura, que re­cordam a origem da humanidade e a sua primeira his­toria.
            4.º — QUARESMA é o tempo de penitência por excelência, consagrado a esse fim desde os tempos apostólicos, em lembrança do jejum de Nosso Senhor no deserto.
            Compreende seis semanas, isto é, quarenta e dois dias, e, como nas seis domingas não se jejua, para completar o número de quarenta é imposto o jejum nos quatro dias que precedem à primeira Dominga. Prin­cipia-se esse tempo com a imposição das cinzas bentas, que nos recorda a morte, a que devemos estar continuamente preparados. A penúltima semana diz-se da Paixão e a última, Semana Santa, pela santidade dos mistérios que se realizam e nela são comemorados. A participação da sacra liturgia nesses dias e das sa­cras funções, que a Igreja apresenta à piedade dos fiéis, é meio utilíssimo para alimentar o espírito de piedade e preparar-nos convenientemente à celebração das solenidades pascais, porque, se quisermos resuscitar com Jesus Cristo, é necessário que primei­ro Lhe participemos dos sofrimentos.
            5.º — TEMPO PASCAL. — São cinquenta e mais dias que decorrem da festa de Páscoa à Oitava de Pentecostes, nos quais se recorda a Ressurreição do Senhor, as Suas múltiplas aparições, a Ascensão ao Céu e o Pentecostes, ou a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
            Com maior frequência, no tempo pascal se re­pete a palavra Alleluia (louvai a Deus), brado de alegria e de triunfo. Entre Páscoa e a Ascensão fa­zem-se as procissões ditas de São Marcos e das Rogações, com a Ladainha de todos os Santos.
            A procissão de São Marcos (25 de Abril) denominada Ladainhas maiores, foi estabelecida por São Gregório Magno para obter a cessação da peste em Roma.
            As Rogações, chamadas Ladainhas menores, se realizam nos três dias precedentes à festa da Ascen­são, com o fim de se pedir ao Senhor abençoe os tra­balhos dos campos e aparte dos homens e animais as doenças contagiosas.
            6.º — TEMPO DE PENTECOSTES vai da Oi­tava de Pentecostes ao Sábado anterior à primeira Dominga do Advento e compreende um número de semanas mais ou menos variáveis, segundo a data da Páscoa. Esse tempo simboliza a vida da Família católica através dos longos séculos da história do Cristianismo. Inicia-se com a festa da SSma. Trin­dade, seguida da festa de Corpus Christi instituída no século XIV pelo Papa Urbano VIII, para se honrar a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, celebra-se a festa do Sagrado Coração de Jesus, penhor e símbolo do amor que Ele nos trouxe.

Festas da B. Virgem

            34. - Ao ciclo das solenidades que relembram os vários mistérios da Redenção, a Igreja insere as festas em honra da Virgem Santíssima, propondo à piedade dos fiéis os principais acontecimentos da vida de Maria, recordando fatos, títulos e devoções particulares. As duas festas principais e de preceito são a da Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e a da Assunção ao céu (15 de Agosto): celebram-se, além disso, as da Natividade, Purificação, Anunciação, etc.; relembram-se as dores suportadas pela Virgem em união a Seu Filho, por onde é invocada como Rainha dos mártires; celebra-se o Nome de Maria, a Sua divina Maternidade, o Coração de Maria, a Transladação da Casa de Loreto, a Aparição de Lourdes, etc.

Festas dos Santos

            35. - Ao culto da Mãe de Deus a piedade católica associa o dos Santos Anjos, celebrando as festas de São Miguel, São Gabriel, São Rafael e SS. Anjos da Guarda; e o culto dos Santos, como amigos de Deus, membros sagrados do corpo místico de Jesus Cristo, modelos nossos no caminho da virtude, advogados e padroeiros junto ao trono de Jesus.
            Celebram-se destarte, de preceito, as festas de São José (19 de Março), dos SS. Apóstolos Pedro e Paulo (29 de Junho), e de Todos os Santos (1 de No­vembro). No correr do ano, recordam-se os Santos Apóstolos, Mártires, Pontífices, Doutores, Confesso­res, Virgens e Viúvas, no dia aniversário de cada um, isto é, no dia da morte, em que, deixando a vida terrena, verdadeiramente nasceram para a vida celes­tial e eterna. Somente de São João Batista se festeja (a 24 de Junho) o Nascimento, porque ficou livre, antes de nascer, da mancha do pecado original.
            As festas do Senhor, da B. Virgem e dos Santos não se celebram todas sob o mesmo rito, mas rito di­verso, segundo a maior ou menor importância e se­gundo as relações com os diversos lugares, onde são celebradas, como por exemplo, os santos padroeiros de uma nação, de uma cidade etc., ou os santos titulares de uma igreja. As maiores solenidades têm vigília, a saber, um ofício especial que prepara a fes­ta; e algumas também oitava, isto é, nos sete dias que seguem à festa, se recita o ofício da mesma ou se lhe faz a comemoração.

Piedade para com os defuntos

            36. - Ao culto dos santos anda intimamente li­gada a piedade para com os defuntos, pelos quais nós nos interpomos como intercessores e advogados junto de Deus, tomando ao nosso encargo, conforme o divi­no beneplácito, a satisfação da pena a ele devida, e, no sacrifício eucarístico, oferecemos pelo repou­so da alma deles o preço do resgate comum.
            A Igreja instituiu no mês de Novembro, logo após a solenidade de todos os Santos, uma solene comemoração dos fiéis defuntos: naquele dia, que pu­dera muito bem chamar-se o grande dia da expiação e do sufragou universal, todos os sacerdotes, por dis­posição de Bento XV, têm faculdade de oferecer três vezes o sacrifício da Missa para sufragarem, com a repetida e insistente oferta da Vítima divina do Calvário, as pobres almas do Purgatório.
            Recomenda, ainda, a Igreja, a pia prática de fazerem especiais sufrágios durante o mês de Novembro, assim como a recitação do salmo De Profundis e do Requiem Aeternam, em sufrágio dos fiéis defuntos.