Nota do blogue: Verificar especial completo AQUI. Com este post finalizo a transcrição desse catecismo, espero que essa leitura possa edificar a muitos, em especial as crianças. Em breve, com a graça de Deus, teremos esse catecismo publicado, rezemos.
Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula
Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã,
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
IV.
— TEMPO DO CULTO
32. - TEMPOS DESTINADOS AO CULTO
DIVINO. — Todo tempo é de Deus e, em qualquer tempo, o homem tem o dever de
honrá-lO. A Igreja, mãe dos cristãos, estabeleceu, entretanto, prazos determinados,
em que se preste a Deus o culto em forma oficial, em nome de toda a sociedade
cristã. Pelo que, diariamente,
pessoas a isso deputadas recitam o ofício divino; toda semana, aos Domingos, a celebração do sacrifício divino reúne
os fiéis no templo sagrado em torno do sacerdote; no correr do ano, recordam-se os grandes mistérios da redenção e
daqueles que, pela vida virtuosa, são propostos como exemplos e amparo ao povo
cristão.
33. - ANO LITÚRGICO E SUAS ÉPOCAS. —
O ano cristão ou litúrgico é determinado por duas grandes festas, que lembram o princípio
e o cumprimento da Redenção, a saber — o Natal e a Páscoa da Ressurreição do
Senhor. E, como a essas duas festas a Igreja lhes propõe um tempo de
preparação, o ano litúrgico principia justamente com a preparação à
festividade do Natal, isto é, com o Advento.
O ano litúrgico divide-se em seis
grandes épocas; Advento, Tempo de Natal, Septuagésima, Quaresma, Tempo pascal, Tempo de Pentecostes.
Por essas épocas estão distribuídas
as festas, que recordam os mistérios principais da Redenção. Algumas dessas
festas recaem todos os anos no mesmo dia, e dizem-se fixas; outras recaem em dias diferentes, e dizem-se móveis.
São festas móveis as que dependem da
festa da Páscoa, que se não celebra cada ano no mesmo dia, mas na Dominga
seguinte ao décimo-quarto dia da lua de Março, data que pode variar entre 22 de
Março e 25 de Abril.
1.º — ADVENTO. — Advento (adventus [vinda]) é o tempo que precede
a solenidade do Santo Natal e compreende quatro semanas, cuja última não é
completa. É tempo de oração e penitência, e simboliza a longa preparação da
humanidade à espera do Salvador prometido.
Nesse prazo, a Igreja nos dispõe a
celebrar dignamente a memória da primeira vinda
do Redentor a este mundo, com o Seu nascimento espiritual, e nos
propõe a considerar também a segunda vinda do Filho de Deus no fim do mundo,
para julgar a todos os homens. Outrora jejuava-se durante o Advento.
Atualmente o jejum não é mais
obrigatório aos fiéis em todo o Advento; ficaram só as quatro têmporas (quarta, sexta e sábado depois da 3.ª dominga) em
cujos dias é prescrito o jejum e, na vigília
de Natal, a abstinência. (No Brasil, por indulto, é só dia de jejum a 3.ª
sexta-feira do Advento e dia de abstinência a véspera do Santo Natal).
2.º — TEMPO DE NATAL. — Do Natal à
Septuagésima corre o tempo natalício, que recorda os mistérios do nascimento do
Salvador. Compreende as festas de Natal, da Circuncisão, da Epifania, ou manifestação
de Jesus aos Gentios na pessoa dos Magos, e algumas semanas que seguem a essa
festa. Nessa quadra a Santa Igreja nos faz celebrar o santo Nome de Jesus e
nos põe diante os exemplos da Sagrada Família de Nazaré. O Santo Natal entre as
demais festas possui de particular duas coisas:
a) que em a noite precedente são
celebrados os ofícios divinos segundo o uso antigo da igreja, nas vigílias;
b) que, nesse dia, todo sacerdote
celebra três missas; os fiéis, porém, são obrigados a ouvir uma só, embora
seja bom ouvir as três, para melhor se conformarem às intenções da Igreja.
3.º — PREPARAÇÃO À QUARESMA, são as
três semanas chamadas Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima, em que a Santa Igreja assume vestes de penitencia,
suprime os cantos de alegria e nos convida a trabalhar mais seriamente na
cultura da alma, pondo-nos sob os olhos as paginas da Escritura, que recordam
a origem da humanidade e a sua primeira historia.
4.º — QUARESMA é o tempo de penitência
por excelência, consagrado a esse fim desde os tempos apostólicos, em lembrança
do jejum de Nosso Senhor no deserto.
Compreende seis semanas, isto é,
quarenta e dois dias, e, como nas seis domingas não se jejua, para completar o
número de quarenta é imposto o jejum nos quatro dias que precedem à primeira
Dominga. Principia-se esse tempo com a imposição
das cinzas bentas, que nos recorda a morte, a que devemos estar continuamente
preparados. A penúltima semana diz-se da Paixão e a última, Semana Santa, pela santidade dos
mistérios que se realizam e nela são comemorados. A participação da sacra
liturgia nesses dias e das sacras funções, que a Igreja apresenta à piedade
dos fiéis, é meio utilíssimo para alimentar o espírito de piedade e
preparar-nos convenientemente à celebração das solenidades pascais, porque, se
quisermos resuscitar com Jesus Cristo, é necessário que primeiro Lhe participemos
dos sofrimentos.
5.º — TEMPO PASCAL. — São cinquenta
e mais dias que decorrem da festa de Páscoa à Oitava de Pentecostes, nos quais
se recorda a Ressurreição do Senhor, as Suas múltiplas aparições, a Ascensão ao
Céu e o Pentecostes, ou a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
Com maior frequência, no tempo
pascal se repete a palavra Alleluia
(louvai a Deus), brado de alegria e de triunfo. Entre Páscoa e a Ascensão fazem-se
as procissões ditas de São Marcos e
das Rogações, com a Ladainha de todos
os Santos.
A procissão de São Marcos (25 de
Abril) denominada Ladainhas maiores,
foi estabelecida por São Gregório Magno para obter a cessação da peste em Roma.
As Rogações, chamadas Ladainhas
menores, se realizam nos três dias
precedentes à festa da Ascensão, com o fim de se pedir ao Senhor abençoe os
trabalhos dos campos e aparte dos homens e animais as doenças contagiosas.
6.º — TEMPO DE PENTECOSTES vai da Oitava
de Pentecostes ao Sábado anterior à primeira Dominga do Advento e compreende um
número de semanas mais ou menos variáveis, segundo a data da Páscoa. Esse tempo
simboliza a vida da Família católica através dos longos séculos da história do
Cristianismo. Inicia-se com a festa da SSma.
Trindade, seguida da festa de Corpus
Christi instituída no século XIV pelo Papa Urbano VIII, para se honrar a
presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Na primeira sexta-feira depois da
oitava de Corpus Christi, celebra-se
a festa do Sagrado Coração de Jesus,
penhor e símbolo do amor que Ele nos trouxe.
Festas
da B. Virgem
34. - Ao ciclo das solenidades que
relembram os vários mistérios da Redenção, a Igreja insere as festas em honra
da Virgem Santíssima, propondo à piedade dos fiéis os principais acontecimentos
da vida de Maria, recordando fatos, títulos e devoções particulares. As duas
festas principais e de preceito são a da Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e
a da Assunção ao céu (15 de Agosto): celebram-se, além disso, as da Natividade,
Purificação, Anunciação, etc.; relembram-se as dores suportadas pela Virgem em
união a Seu Filho, por onde é invocada como Rainha dos mártires; celebra-se o
Nome de Maria, a Sua divina Maternidade, o Coração de Maria, a Transladação da
Casa de Loreto, a Aparição de Lourdes, etc.
Festas
dos Santos
35. - Ao culto da Mãe de Deus a
piedade católica associa o dos Santos Anjos, celebrando as festas de São
Miguel, São Gabriel, São Rafael e SS. Anjos da Guarda; e o culto dos Santos,
como amigos de Deus, membros sagrados do corpo místico de Jesus Cristo, modelos
nossos no caminho da virtude, advogados e padroeiros junto ao trono de Jesus.
Celebram-se destarte, de preceito,
as festas de São José (19 de Março), dos SS. Apóstolos Pedro e Paulo (29 de
Junho), e de Todos os Santos (1 de Novembro). No correr do ano, recordam-se os
Santos Apóstolos, Mártires, Pontífices, Doutores, Confessores, Virgens e
Viúvas, no dia aniversário de cada um, isto é, no dia da morte, em que,
deixando a vida terrena, verdadeiramente nasceram para a vida celestial e
eterna. Somente de São João Batista se festeja (a 24 de Junho) o Nascimento,
porque ficou livre, antes de nascer, da mancha do pecado original.
As festas do Senhor, da B. Virgem e
dos Santos não se celebram todas sob o mesmo rito, mas rito diverso, segundo a
maior ou menor importância e segundo as relações com os diversos lugares, onde
são celebradas, como por exemplo, os santos padroeiros de uma nação, de uma
cidade etc., ou os santos titulares de uma igreja. As maiores solenidades têm vigília, a saber, um ofício especial que
prepara a festa; e algumas também oitava,
isto é, nos sete dias que seguem à festa, se recita o ofício da mesma ou se lhe
faz a comemoração.
Piedade
para com os defuntos
36. - Ao culto dos santos anda
intimamente ligada a piedade para com os defuntos, pelos quais nós nos
interpomos como intercessores e advogados junto de Deus, tomando ao nosso
encargo, conforme o divino beneplácito, a satisfação da pena a ele devida, e,
no sacrifício eucarístico, oferecemos pelo repouso da alma deles o preço do
resgate comum.
A Igreja instituiu no mês de
Novembro, logo após a solenidade de todos os Santos, uma solene comemoração dos
fiéis defuntos: naquele dia, que pudera muito bem chamar-se o grande dia da expiação e do sufragou
universal, todos os sacerdotes, por disposição de Bento XV, têm faculdade
de oferecer três vezes o sacrifício da Missa para sufragarem, com a repetida e
insistente oferta da Vítima divina do Calvário, as pobres almas do Purgatório.
Recomenda, ainda, a Igreja, a pia prática
de fazerem especiais sufrágios durante o mês de Novembro, assim como a
recitação do salmo De Profundis e do Requiem Aeternam, em sufrágio dos fiéis
defuntos.