Nota do blogue: Facilmente escutamos que o grande problema de se contrair o matrimônio nos dias atuais é a falta de condições financeiras, como que se para casar fosse necessário ser rico ou casar-se com alguém rico (ou que tenha família rica), ou que para se casar é preciso encontrar uma pessoa "infalível", ora, se formos levar esses pensamentos a "ferro e fogo", acabou-se o Sacramento do Matrimônio e consequentemente os demais, pois em um espaço de décadas, quem restará? A conclusão desse pensamento está muito longe de ser católica. Uma coisa é ser prudente, outra, covarde! Uma coisa é saber que o casamento traz responsabilidades, outra é exagerá-las ao ponto de tornar o casamento impossível. Sim, vivemos em uma época de crise, crise especialmente dentro da Igreja, mas isso não nos dá o direito de "pregar" que a situação atual não é favorável ao casamento e a formar famílias católicas. Se nas gerações passadas se perdeu os valores do sacrifício familiar, a pobreza que santifica, a doutrina... resgatemo-los! Segue ÓTIMO texto!
Letícia de Paula
As colunas de tua casa
um plano para a felicidade da família
pelo
Vigário José Sommer, 1938
1.ª Coluna: a Fé
2.ª Coluna: Confiança em Deus
3.ª Coluna: Oração em família
4.ª Coluna: A Cruz na parede
1.ª Coluna: a Fé
2.ª Coluna: Confiança em Deus
3.ª Coluna: Oração em família
4.ª Coluna: A Cruz na parede
Que se arqueia sobre todas as
colunas, que as une todas umas às outras, é a caridade, o amor.
Que significam as colunas sem a
abobada? Seriam apenas um torso.
Assim a família sem o amor mútuo.
Sem ela o matrimônio e a casa seriam facilmente um inferno na terra. Daí a
exortação do Apóstolo: “Maridos, amai vossas mulheres como Cristo amou sua
Igreja e se entregou por ela”. Que poderia fora disso conservá-los unidos: a
paixão e a embriaguez dos sentidos? Como a teia de aranha em meio da
tempestade, se despedaça esse laço, quando vem a enfermidade ou uma dura
provação.
O verdadeiro amar baseia-se na
estima mútua. É o primeiro requisito do amor! — A palavrinha “eu” escreve-a
pequenina, a palavrinha “Tu”, ao contrário, grande e de preferência tão bela
como as letras iniciais douradas e adornadas dos antigos livros conventuais.
Tal amor duradouro e sólido só é possível quando não se prende a exterioridades
apenas, mais penetra até a alma e lá nas profundezas ocultas contempla a imagem
da eterna beleza de Deus. Tal beleza não diminui, antes pode e deve com a idade
aumentar e só é verdadeiro o amor quando cada um quer consegui-la para o outro.
Então é verdadeiro e santo e digno de um Sacramento especial. Então fulgura em
breve a cúpula de ouro do edifício do templo da família, sob os raios da luz
solar.
O verdadeiro amor sabe respeitar-se
a si mesmo. Jamais, para agradar aos outros, sacrifica princípios sagrados ou
consente na violação de santos deveres. Pois acima de tudo no mundo está para
ele a vontade de Deus: “Deveis obedecer mais a Deus do que aos homens” é o
cuidado de sua própria e única alma. — Assim a soube avaliar o Papa Bento XII.
Quando o Rei de França Philippe formulou em Avignon uma injusta pretensão,
respondeu-lhe o Sumo Pontífice com as belas palavras: “Se eu tivesse duas
almas, de bom grado sacrificaria uma para consentir no que Vossa Majestade
deseja. Como, porém, só tenho uma e quero salvá-la, queira Vossa Majestade
restringir suas súplicas, de modo a que nada apresentem que possa ofender a
Deus e prejudicar minh'alma”. Era o respeito de si mesmo
Falta de respeito de si mesmo revela
tolerar alguém pretensões indignas ou tornar-se infiel a sua fé católica, a
seus mandamentos, por amor de outrem. Será realmente tão rara acaso essa falta
de respeito de si mesmo? —Prouvesse a Deus!
Então não haverá tantas queixas,
especialmente em casamentos mistos, de apostasia e educação acatólica dos
filhos! Então viveriam mais santamente muitos casais e seriam — mais felizes!
O verdadeiro amor vive do
sacrifício. Como da cálida corrente do golf-stream, dele mana sempre de novo
ardor, força e alimento. O espírito de sacrifício é a forja em que o amor se
fortalece, a chama na qual se torna firme e duradouro. Quem não tem coragem e
força para um sacrifício, devia desistir da fundação de uma família, pois,
continuará sempre a ser um egoísta, um inútil, um solitário.
O verdadeiro amor sabe o que deve
aos outros, sobretudo às crianças. É inesgotável como o mar, mais jamais cego e
fraco. Os filhos são de Deus, — para Deus! A Ele pertencem suas almas. Por isso
Ele exige disciplina e estrita obediência. Estas são a prima e o fundamento de
toda a ciência da educação. Num tempo em que a autoridade para tantos nada mais
vale, em que se considera a desobediência como grandeza e virtude e se faz
passar a teimosia e obstinação por fortaleza de caráter, é duplamente
necessária uma demonstração a respeito; pois sem respeito à autoridade todo o
edifício do templo da felicidade da família rui estrondosamente.
O amor não se amua e não se carrega
de voluntária nudez, mas é sempre afável e bondoso. — Como brilham os olhos do
marido quando à tarde volta do penoso trabalho e vê a mesa elegantemente posta,
o aposento a brilhar de limpeza e arranjo e, sobretudo, o que lhe é mais caro,
o olhar jubiloso da esposa, que lhe diz: “Agora deixa lá fora todas as
preocupações, entra e alegraste, pois estás em casa”.
Mas também como se lhe oprime o
coração semelhante ao nevoeiro, que dias a fio abafa toda alegria e
jovialidade, quando o aguarda um silêncio amuado. Então, como dizem os
maometanos, a mulher se torna o desespero do justo. — Annette von Droste conta
de uma mulher da Westiphalia que durante 20 anos se conservou em silêncio, não
somente para com o marido, como para com todos, de modo que estavam convencidos
que ficara muda, até que, após a morte do marido, começou de novo a falar, com
grande admiração geral. Havia, porém, uma razão especial, ela era extremamente
colérica e o marido ainda mais. Assim não se podiam falar sem que se zangassem
e brigarem. Como todos os bons propósitos de conter-se de nada valessem,
recorrera a esse recurso extremo; mais sem rancor. Fazia um semblante
satisfeito e conseguia assim conservar uma paz perfeita. Foi neste caso uma
virtude heróica. Em outros casos seria a morte do amor e o túmulo das alegrias
conjugais.
Com toda a boa vontade poderiam hoje
ou amanhã sobrevir perturbações e provações para o amor. Onde haveria também um
sol eternamente risonho, um céu sem nuvens; um mar que o vento e as ondas
jamais encrespassem?
São Paulo, o grande Apóstolo das
nações, que conhecia sua gente, indicou para estes casos aos cônjuges um bom
remédio caseiro. Deviam usá-lo sempre, logo que os ânimos esquentassem e a
mostarda lhe subisse ao nariz. O remédio é o seguinte: “Não deixeis o sol
baixar sobre a vossa desavença!” É uma palavra de ouro e uma bebida mágica do
matrimônio. Em cada família que se fundasse, deviam os jovens cônjuges
prometer-se mutuamente fazê-lo e reservar um prêmio, no mais belo cofre para
quem primeiro pudesse dizer: “Meu marido, minha mulher, façamos as pazes.” Este
teria merecido o prêmio, ainda que não fosse senão um justo e verdadeiro ósculo
de paz. Com isto se alegrariam os Anjos no céu e em breve também na mais mísera
choupana de novo brilharia mais claro e mais ardente o sol da felicidade
doméstica, exatamente como lá fora, após urna tempestade, o verdadeiro sol
fulgura mais belo é mais dourado.
Mulheres que além da habilidade nos
arranjos caseiros, procuram alimentar ainda um terno sentimento, que querem ser
realmente a luz do sol de seu lar, sabem facilmente achar caminho para o coração
do esposo. Para elas mesmo os acontecimentos de cada dia e as pequenas coisas,
como a arte culinária, tornam-se meios hábeis e industriosas finezas para
granjear o amor do marido, se acaso faltar.
Mas mesmo a melhor e mais radiosa
mulher terá de desistir, se o marido não lhe pagar, com a mesma moeda.
Se nenhum olhar afável, nenhuma
palavra de reconhecimento recompensar o sacrifício da mãe de família, de onde
lhe virá a alegria, que faz do lar um remanso feliz? Quanto coração amante de
mulher resfria diante da falta de amabilidade do marido! Quanto homem só no
túmulo da esposa fiel sente o bem que Deus lhe doou, dando-lhe a companheira
que agora repousa na terra fria!
“Leve cada um a carga do outro!” A
recompensa deste sacrifício é a conservação do amor e a felicidade da vida
doméstica.