segunda-feira, 1 de julho de 2013

Conselhos sobre vocação (para meninos de 12 a 18 anos) - Parte 12

Nota do blogue: Acompanhe esse Especial AQUI.

CONSELHOS SOBRE A VOCAÇÃO

CAPÍTULO II 
ESTUDO DA VOCAÇÃO 

Padre J. Guibert
(Superior do Seminário do Instituto Católico de Paris)
edição de 1937


Escolha de uma vocação particular

62. — Suponhamos que vosso diretor vos diga: «Meu menino, creio ver claramente que Deus vos chama a Seu serviço; deveis renunciar ao mundo e entrar em religião.» Estará acabado o estudo da questão? Fica ainda uma parte secundária a decidir, que tem bastante importância: Que lugar ocuparei na religião? Para os moços, a questão é a seguinte: «Hei de entrar no sacerdócio ou consagrar minha vida à educação da juventude em um Instituto de Irmãos?» No sacerdócio pode-se escolher o clero secular, que administra as paróquias, ou o clero regular, que vive em comunidade e se consagra ao serviço da educação e das missões. Se quiserdes entrar numa congregação, será ainda preciso ver que sociedade religiosa deveis preferir.

Para as moças a questão se divide também. Que deverá preferir essa moça, as obras de caridade ou as obras de educação? As missões longínquas, os hospitais, os asilos de pobres, os doentes a domicílio, as escolas e os colégios solicitam, com efeito, o zelo de todos e reclamam numerosíssimas vocações. Depois de escolher entre a caridade e a educação, resta ainda determinar a sociedade religiosa na qual se deve entrar.

Todas estas questões se resolvem muito mais facilmente que a questão capital da vocação. Uma vez que alguém resolveu deixar o mundo, uma vez que a família consentiu ao sacrifício, a escolha do caminho particular que se deve seguir, pode fazer-se depressa.

63. — Com efeito, as diferentes comunidades não se distinguem senão por diferenças pouco importantes: por toda a parte a profissão religiosa impõe os mesmos votos, a regra estabelece os mesmos exercícios de piedade, os superiores exercem a mesma autoridade, os religiosos vivem longe do mundo e de seus prazeres insensatos. Todos os modos de vida religiosa se assemelham: discutir muito tempo aquele que tomaremos, seria desperdiçar os dias e expor-nos a perder a vocação. Tenhamos confiança que Deus estará conosco, seja qual for a comunidade que nos der asilo.

Contudo é justo que cada menino escolha a sociedade que prefere. No meio escolhido por livre vontade, sentir-se-á mais feliz e poderá ser mais virtuoso. Quantos aborrecimentos, quantos desânimos, quantas faltas haveria um dia para o religioso que pudesse dizer: « Se estou nesta sociedade onde sofro, é que alguém fez violência a meus atrativos.» Muito mais forte contra a tentação é o religioso que vive no lugar que amou e escolheu por espontânea vontade.

Mas esta escolha deve ser esclarecida. Para fazê-la com todo o conhecimento de causa, o adolescente deve considerar dois pontos: 1.° O modo de vida que se leva, as boas obras que se praticam na comunidade que tem suas simpatias; — 2.° se os atrativos e as aptidões que o distinguem terão plena satisfação nesta congregação.

Não se deve, portanto, ir de vistas fechadas para qualquer noviciado: antes de tudo, tomai conhecimento das provas que vos esperam, dos trabalhos que vos serão impostos. As surpresas são perigosas: são a causa mais ordinária das numerosas defecções que entristecem os superiores de comunidades. Para que serve esconder aos meninos as dificuldades reais da vida religiosa? Tanto mais que as próprias dificuldades e as austeridades são antes um estímulo para seu ardor juvenil.

Uma vez a par da vida e dos trabalhos de uma comunidade, o menino se considera a si mesmo para saber: 

1.° Se terá forças morais suficientes para suportar o peso dos deveres 2.° Se suas aptidões e gostos pessoais serão satisfeitos.

A maior parte dos meninos têm disposições para toda a espécie de trabalhos: mediante uma formação particular, podem adaptar-se a qualquer gênero de ocupações, obras de caridade ou de ensino. Todavia alguns meninos têm inclinações particulares muito pronunciadas, uns para o ensino, outros para a caridade: é uma indicação providencial que seria perigoso contrariar.

64. — Em geral, a Providência mesma se encarrega de mostrar ao menino o caminho que deve seguir. — Eis um menino que quer absolutamente ser religioso; em religião, aprenderá a desempenhar todos os empregos que seus superiores poderão confiar-lhe. Mas conhece apenas uma comunidade religiosa, a que o educou. Não será justo que entre nesta família que já ama e da qual ele é filho? — Tal outro menino possui maravilhosas disposições para os estudos: quer ser professor. Porque não havia de entrar na falange dos educadores que lhe formaram a alma? — Outro menino anela para dedicar-se às missões longínquas: uma vez adquirido este ponto, entre ele na sociedade que ele tem a felicidade de conhecer: para que serve hesitar muito tempo entre as várias sociedades de missionários?

Na realidade, é deste modo que se passam as coisas: os meninos sequiosos do devotamento religioso, entram na comunidade que os formou. Nada é mais justo: as sociedades religiosas vivem então dos frutos do campo onde trabalham.

Mesmo para esta escolha particular, o diretor espiritual deve ser consultado. Só ele pode preservar um menino contra a ilusão, contra um movimento passageiro, contra entusiasmos pueris. A respeito de vocação pode-se dar aos meninos, como regra áurea, o aviso seguinte: «Não dar nenhum passo, sobretudo não tomar nenhuma decisão sem o consentimento prévio do confessor.»