terça-feira, 9 de julho de 2013

O DIVÓRCIO E A FELICIDADE CONJUGAL

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

O DIVÓRCIO E A FELICIDADE CONJUGAL
23 de Agosto de 1940

O ilustrado Padre Leonel Franca, em seu livro:

“O Divórcio”, abordando o assunto que hoje me serve de tema, apresenta como fatores dessa apreciável felicidade: 1.° — a boa escolha recíproca dos que aspiram a percorrer juntos o caminho da vida. 2.° — a inteligência entre os esposos e o combate às tentações contra a fidelidade conjugal.

O divórcio dispensa o cuidado na escolha do futuro cônjuge. O Matrimônio se reduz a uma tentativa de felicidade, que pode ser arriscada sem grandes preocupações. Viram-se, gostaram-se... para que perder tempo em indagações? Se a união não der bom resultado, desata-se o nó, que é apenas uma laçada e facilmente se desmancha.

Já houve pensadores que lançaram a idéia dos casamentos para experiência, dos casamentos temporários — uma espécie de noviciado, em que os descontentes sempre encontram aberta a porta por onde entraram nesses Matrimônios verdadeiramente cinematográficos.

Não nos devemos admirar de que haja tantos partidários do divórcio, numa época em que predomina a irreflexão. O número de espíritos ponderados decresce de maneira assustadora. Forjam-se uniões de uma hora para outra e o critério mais em voga é o da satisfação das paixões explosivas, o mais depressa possível.

Dois seres se aproximam um do outro. Nasce, com a violência dos tufões, um amor descontrolado. Não se cogita se são aptos ou não para o Matrimônio; se estão ou não ligados pelo laço indissolúvel que os obriga até à morte. — Querem unir-se, unem-se mesmo... contra as leis divinas, as leis eclesiásticas, as leis civis, as normas sociais... — tudo é zero diante da violência de um amor cego!

Há cinco ou seis anos a “Revista Paulistana de Higiene Mental” publicava uma série de entrevistas, com pessoas notáveis no mundo das ciências e das letras — a respeito do divórcio.

Um médico muito conhecido na capital bandeirante era de opinião que se devia acabar com a indissolubilidade. “As aves não se casam, dizia ele, os animais também não se casam e vivem livremente a sua vida, cumprindo seu destino, segundo as leis da natureza. Não há motivo para submeter a criatura racional a um cativeiro estúpido, restos de preconceitos incompatíveis com o progresso”.

E rematava: “adotemos o divórcio, que é o primeiro passo para o amor livre...” — E é isso o que deseja muita gente... não o declarando por um restinho de escrúpulo muito compreensível.

A leviandade, a precipitação na escolha do futuro cônjuge são fatores de infelicidade. — Eis um dos frutos do divórcio.

Se com facilidade os esposos podem separar-se e realizar nova união — a menor desinteligência cresce e se transforma em obstáculo à continuidade da vida matrimonial. — Um simples arrufo gera a célebre incompatibilidade de gênios.

E as tentações? E as paixões que arremetem com fúria contra o lar, para dissolvê-lo? Essa vida intensa fora de casa, esses cassinos, esses modos levianos... caldo de cultura para todos os males contra a família — serão incentivos para o divórcio que, em vez de acalmar a sensualidade, excita-a mais e mais, arrasando o santuário que só pode conservar-se e progredir à sombra do amor e da paz.

O divórcio é um espantalho à felicidade conjugal — se apenas uma ameaça. Arrasa-a pela base, se realidade.