domingo, 7 de julho de 2013

EXTREMA UNÇÃO

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.


A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

EXTREMA UNÇÃO
23 de Julho de 1940

Estudemos o Sacramento da Extrema Unção. A Igreja o define: Sacramento da Nova Lei, pelo qual, em virtude da unção do óleo e das orações do Sacerdote, confere e ao enfermo em estado grave, o conforto da alma e mesmo a saúde do corpo, se isto for para salvação da alma.

Trata-se de um legítimo Sacramento da Nova Lei. Assim o define o Concílio Tridentino.[1]

Prova-se pela Sagrada Escritura. Lemos, de fato, na epístola de São Tiago apóstolo, no capítulo V, versículos 14 e 15: “Há entre vós algum enfermo? Chamem-se os Presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo. E o Senhor o aliviará. E se estiver em pecados, esses pecados lhe serão perdoados”.

A expressão enfermo, no texto, observa Tanquerey, quer dizer doente em estado grave, quando há já perigo de vida. A oração a que se refere o apóstolo é a do Presbítero e não a do enfermo como querem alguns intérpretes acatólicos.

Nas palavras de São Tiago vemos os requisitos do Sacramento: sinal sensível, a unção do óleo e a oração; graça que se confere — o enfermo será aliviado; instituição divina, pois só de Deus pode vir o poder de perdoar pecados.

Quanto ao uso tradicional da Extrema Unção, a epístola citada é claríssima. O conselho, ou, se quiserdes, a ordem do apóstolo é tão serena, tão natural que demonstra tratar-se de coisa reconhecida e aceita como certa e necessária, para alívio dos que já estão às portas da morte.

Em São Marcos, capítulo VI, versículo 13, há uma observação interessante que o Concílio de Trento chama — insinuação do quinto Sacramento. Refere-se o Evangelista ao fato de mandar Jesus os doze apóstolos, dois a dois, como que ensaiando-os na grande missão de evangelizar. E diz: “eles se puseram a caminho, pregaram a penitência, expulsaram muitos demônios e curaram numerosos enfermos, ungindo-os com óleo”.
Tanto na Igreja latina como na grega, a história menciona a prática da Extrema Unção desde os tempos primitivos.

E é natural que se encontre no seio da Igreja um conforto especial na hora derradeira. Nós que, chegados ao mundo, fomos regenerados pela água batismal que nos ministrou o sacerdote; que, du­rante os dias que vivemos, achamos sempre à nossa disposição o remédio para as feridas que o pecado nos faz na alma e o alimento precioso da Eucaristia — devemos encontrar um bálsamo sagrado que nos suavize e dulcifique a aspereza e o amargor de uma partida quase sempre dolorosa!

Quem, como sacerdote, tem-se aproximado do agonizante tantas vezes, pode falar-vos do valor de sacramentos recebidos na hora da partida para a grande viagem! A última confissão, a última Comunhão, a Extrema Unção! Inúmeros são os casos em que o ambiente de dor, de quase desespero, se transforma num prelúdio de bem-aventurança, em que as próprias lágrimas são menos amargas, porque impregnadas de resignação cristã!

E, Senhores, ponde de lado os vossos preconceitos. Esquecei por um instante, ao menos, o vosso materialismo, a vossa indiferença... curvai-vos diante da verdade: — não há Religião melhor para nos recolher o último suspiro, do que a Religião Católica!

Nota:
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[1] Sessão XIV, c. I. A Igreja — 14