quarta-feira, 3 de julho de 2013

A EUCARISTIA


Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)


        O crente, no afã de produzir objeções, confunde tudo e tudo mistura. Prova que ele mesmo não compreende o que está ensinando.
        Na 8.ª objeção fala no vinho da ceia: na 9.ª na missa romana e na 10.ª do poder dos padres de mudar o pão e o vinho no corpo e no sangue do Senhor.
        Não vê que tudo isso é uma só e mesma coisa! É como quem perguntasse: Que é uma casa? Uma morada? Uma habitação? Um prédio? ... uma vivenda? Tudo isso é mais ou menos a mesma coisa! Uma tal mixórdia mostra que tais crente vão copiando um dos outros estas objeções, sem lhes compreenderem a significação.
        Pois bem, escute, amigo crente, eu vou pôr em ordem lógica as suas elucubrações e fazer brilhar nesta balbúrdia obscura uma luz tão clara, que, não tapando os olhos com os dois punhos, há de distinguir a verdade e será obrigado (se o seu orgulho o permitir) a exclamar: “O Padre tem razão”! e eu estou enganado!” ou melhor: “Eu não sabia, porém agora sei, compreendo, prostro-me de joelhos, e adoro o que estava blasfemando”.
        Para não deixar subsistir a mínima dúvida ou obscuridade, tenho de provar-lhe aqui quatro coisas importantíssimas, todas quatro negadas pelos protestantes.

1.      Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia.
2.      A missa foi instituída por Jesus Cristo.
3.      O padre tem o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo.
4.      Basta a comunhão de uma espécie.

Eis o resumo pleno e completo das três objeções 8, 9, 10 e mais qualquer coisa, que não soube objetar porque o ignorava. Podia limitar-me em citar simplesmente o texto pedido, porém, escrevendo, tanto para robustecer a fé dos católicos, quanto para refutar os erros protestantes, quero fazer uma exposição sucinta, clara e insofismável, do mais belo e mais sublime mistério da nossa santa religião: a sagrada, a divina Eucaristia.

I.        A presença real

        A palavra Eucaristia provém de duas palavras gregaseu-cháris: ação de graça, e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho.
        Os protestantes hodiernos, pelas suas contínuas mudanças, são milhares de divisões em seitas, não acreditam mais na presença de Jesus na hóstia sagrada.
        Lutero, menos tolo que seus netinhos, sempre acreditou na presença real de Cristo na Eucaristia, e encarregou-se de responder ele mesmo às  objeções de seus degenerados filhos.
        Em carta a seu amigo Argentino (De euch. Dist. I, art.) falando sobre o texto evangélico “Isto é o meu corpo”, ele diz: “Eu quereria que alguém fosse assaz hábil para persuadir-me de que na Eucaristia não se contém senão pão e vinho: esse me prestaria um grande serviço. Eu tenho trabalhado nessa questão a suar; porém confesso que estou encadeado, e não vejo nenhum meio de sair daí. O texto do Evangelho é claro demais” (Textus Evangelicus est nimis apertus).
        O mesmo Lutero diz ainda: “Que me apresentem a sua Bíblia, e mostrem-me onde se acham estas palavras: “Isto é o sinal do meu corpo!” Uns torturam o pronome isto; outros apegam-se ao verbo é; um terceiro dilacera a palavra corpo; outros, enfim, tratam como algoz o texto inteiro (alii totum textum excarnificant). (In Ap. Com. Dom. V, 17, p. 100).

II.      A negação desta verdade

        Escutai o vosso pai, ó protestantes, só esta desviação e mudança é uma prova clara de que estais fora da verdade.
        A verdade não muda: O vosso ensino mudou e muda; está, pois, errado.
        Escutai ainda Lutero refutar a vossa ousadia: “A despeito de todos os meus desejos. – diz ele, – e de todos os meus esforços, jamais pude impelir o meu espírito a essa negação atrevida” (Ep. Cor. amic.).
        Em outra parte ele diz: “A negação da presença real é uma evidente blasfêmia, uma negação da veracidade divina”. Ele chama aqueles que a negam: “Um bando de miseráveis endiabrados”.
        Mas então, ó protestantes, qual é a vossa religião? Não é a da Bíblia. Pois a Bíblia diz o contrário. Não é de Jesus Cristo, pois Cristo diz o contrário. Não é a da Igreja católica, ela também diz o contrário. Não é a de Lutero, pois o próprio Lutero diz o contrário.
        Donde vem a vossa religião?... donde? ... se não vem nem de Deus, nem dos homens? Donde vem? Respondei: só sendo do demônio!
        Pobres protestantes, a vós, também, Cristo poderia repetir as palavras que dirigiu aos fariseus (Jo 8, 43-45): Por que não podeis ouvir a minha palavra? Vós tendes por pai o demônio, e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque não há verdade nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas a mim, quando falo a verdade, não credes.
        Eis o que Cristo vos brada... Ele afirma que está presente e vós o negais.
        Lutero, vosso pai, apesar de seu desejo de negar este mistério, declara ser impossível fazê-lo, porque o evangelho é claro demais – e entretanto vós, protestantes, tendes a ousadia de fazer tal negação. Só o demônio: Vos ex patre diabolô estis (Jo 8,44).

III.    Os culpados do erro

        Tenho dó e compaixão dos pobres ignorantes, iludidos pelospastores satânicos, que enganam por interesse ou orgulho; porém sinto a indignação invadir-me contra aqueles que Lutero chama “um bando de miseráveis endiabrados”.
        Notai isso, pastores! O epíteto não é meu, é um mimo do vosso pai Lutero.
        Vós, pastores, ou sois ignorantes estupendos, ou soisperversos desavergonhados.
        No primeiro caso, precisais estudar para conhecer a verdade; no segundo caso, é preciso criar sinceridade não enganar os pobres cristãos, que fazeis apostatar, renegar a fé de seus pais, para adotar uma seita em que vós mesmos não acreditais, nem podeis acreditar.
        Um homem inteligente não pode acreditar no protestantismo, porque é uma balbúrdia, um labirinto sem saída, uma pura negação.
        Sois vós os culpados, ó pastores, vós que vos intitulais “ministros”, sem missão e sem autoridade. Vós que explicais a Bíblia, dizendo ao mesmo tempo que a Bíblia não precisa de explicação, porque é clara como a água cristalina. Sois vós os culpados!
        Ó fariseus, sois bem aqueles mestres mentirososque introduzem seitas de perdição, dos quais predisse S. Pedro (2 Ped 2,1) e que depois, reconhecendo o erro – pois é impossível que um homem de bom-senso não o reconheça – sustentais este erro por orgulho ou por sórdido interesse.
        Se S. Paulo ainda estivesse na terra, vos escreveria com mais veemência ainda do que escrevia aos Romanos (2, 19-23).
        Confiais, ó pastores, que sois guias dos cegos, e luz dos que estão nas trevas; instruidores dos néscios, mestres de crianças, que tendes a forma da ciência e da verdade na lei. Vós, pois, que ensinais aos outros, não vos ensinais a vos mesmos? Vós que pregais, que vos gloriais na lei, desonrais a Deus pela transgressão da lei.

IV.   Quem tem razão?

        A Igreja católica, apoiada sobre a palavra positiva de Cristo, diz: Jesus Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia.
        O protestante hodierno diz: “Cristo não está presente, porque eu digo que não está”; é a única razão da negação.
        Quem dos dois terá razão: Cristo-Deus – ou o protestante revoltoso?
        Vamos examinar o fato, não somente com um texto, mas com uma série de textos, que o crente (se ainda acredita na Bíblia) terá a bondade de verificar e de meditar, porque é uma página divina, que vou citar aqui, a qual se devia ler de joelho e em atitude de adoração.
        Eis, em S. João, os termos de que Jesus Cristo serviu, falando a primeira vez deste grande sacramento (6, 48-59): 48. Eu sou o pão da vida: vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. 50. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. 51. Eu sou o pão vivo, que desci do céu. 52. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne, para a vida do mundo.
        Que clareza nestas palavras!... Que quer dizer isso, ó crente:Eu sou o pão vivo – o pão que eu darei é a minha carne. É ou não é a carne de Cristo? É ou não é Cristo que será o pão que deve ser comido?... Deixe de cegueira e compreenda a palavra de Deus. Deus sabia falar e compreendia a significação das palavras!... Ou o amigo quer dar a Cristo uma lição de gramática ou sintaxe?

V.     Uma página divina

                E não é só isso!... Cristo continua, cada vez mais positivo e mais claro: 54.Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 55. O que comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna. 56. Porque a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida. 57. O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele. 58. O que me come... viverá por mim. 59. Este é o pão que desceu do céu... O que come este pão, viverá eternamente.
        Quanta página divina! Oh! Diga-me, pobre crente, trata-se do corpo de Cristo feito pão para ser comido ou não? – Ou trata-se simplesmente de um pedaço de pão de padaria? ... Minha carne é comida – O que me come... Não é isso o próprio Jesus Cristo feito pão para ser comido? Como se pode interpretar isto de outro modo? Ou o amigo não acredita na Bíblia, na palavra de Cristo, ou deve confessar que Cristo se deu verdadeiramente como comida aos homens, na sagrada eucaristia.
        Então: Ou rasgue sua bíblia, ou faça-se católico! Não há logicamente outra saída. Protestante não pode ficar! Ou ateu o católico. Ou não acredite em nada, ou tem de acreditar no ensino católico!

VI.   Cristo e o protestante

        Cristo afirma, repete, reafirma, e explica que o pão que ele vai dar é o seu próprio corpo – que seu corpo é uma comida – que seu sangue é uma bebida – que é um pão celeste que dá a vida eterna. E tudo isso é positivo, repetido mais de 50 vezes, sem deixar subsistir a mais leve hesitação.
        E tu, ó protestante, tens a audácia de dizer: Cristo não está na Eucaristia! O corpo de Cristo não é comida. Tudo isso é uma imagem, é uma representação, é uma ceia, onde se come um pedaço de pão em lembrança de Cristo.
        Pobre, pobre protestante!... tu és um cego, ou um ímpio – ou tu és mais que o próprio Deus, ou tu és Satanás.
        Cristo diz: Este pão é o meu corpo. O protestante exclama: Não, Senhor, é um pedaço  de pão!
        Cristo ajunta: Minha carne é verdadeiramente comida. O protestante objeta: Não, Senhor, este pão não é tua carne!
        Cristo completa: O que me come...viverá por mim. O protestante insiste: Não, Senhor, não comemos a ti, é simplesmente um pedaço de pão!
        Cristo repete: O que come a minha carne, fica em mim. O protestante blasfema: Não, Senhor, não é a tua carne, porque eu não o quero; é uma ceia, uma simples lembrança!... Tu estás enganado, ó Cristo, não entendes a bíblia... De tudo o que tu afirmas, nada é verdade. Este pão do céu não existe... Este pão não é o teu corpo... Este vinho não é o teu sangue. Teu corpo não é comida. Teu sangue não é bebida.

VII. Pobre protestante

        E se Cristo, num gesto de infinita compaixão para o louco protestante, lhe perguntasse:
        Mas por que não o é? Eu, que sou Deus onipotente, eu digo que é, como podes tu dizer o contrário?...
        O protestante responderia: Não, este pão não é o teu corpo, teu corpo não é comida... porque eu não o quero!
        Pobre protestante! Reflete um instante, e compreenderás que estás em revolta contra Deus. Fazes da tua Bíblia um ídolo que adoras, e desprezas as verdades que a Bíblia ensina.
        Oh! como S. Paulo teve razão quando escreveu aos Romanos (1, 21-22): Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus...antes desvaneceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
        Ó homens de bom-senso, cujo coração não está ainda obcecado, dizei-os: Quem tem razão: Nós, católicos, que aceitamos a palavra de Deus em seu sentido óbvio, natural e positivo, ou o pobre protestante que a  deturpa, violenta ou rejeita?
        Quem diz a verdade: Jesus Cristo, que é Deus, ou o protestante, que é um revoltoso?
        Quem conhece melhor a bíblia: Cristo que afirma, ou o protestante que nega? Oh! deixa de graças, pobre crente, deixa de blasfemar contra Deus, sê maometano, sê budista, ou judeu, se quiseres, porém deixa de dizer-te discípulo de Cristo, renegando e insultando os ensino do mesmo Cristo.
        Um tal procedimento revolta o bom-senso, a lealdade, a consciência humana.
        Se Cristo voltasse à terra, com que veemência ele repetiria em frente das vossas casas de culto, dirigindo-se aos vossos falsos ministros: Ai de vós, fariseus hipócritas, que fechais aos homens o reino dos céus, porque nem vós entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam (Mt 23,13). Ai de vós... hipócritas, porque percorreis mar e terra para fazer um prosélito, e depois de o ter ganho, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós (Mt 23,15).
        Viva Cristo: ele só possui a verdade! Abaixo os blasfemadores e protestantes, que, com Judas, beijam Cristo na fronte para melhor atraiçoá-lo e vende-lo! Vai! O brasileiro é católico e não vende nem sua fé, nem sua alma!

VIII.            Promessa da Eucaristia

        Para não deixar subsistir a mínima dúvida a respeito de sua presença real, na sagrada Eucaristia, Jesus Cristo permite que haja oposição da parte dos judeus e como escândalo da parte dos seus próprios apóstolos.
        As palavras que ele acaba de proferir: Minha carne é verdadeiramente comida. O que me come, vive por mim (Jo 6, 56-58) são tão positivas e tão claras que os judeus não são iludidos.
        Eles entendem que se trata verdadeiramente da carne de Cristo, que deve ser comida, e a prova é que se revoltam.
        Como, dizem eles, pode este dar-nos a sua carne a comer?(Jo 6,53).
        Jesus ouve, compreende, e sabe que os judeus vão afastar-se dele por não poderem suportar uma verdade tão nova e inverossímil.
        Retiram-se murmurando. é duro demais, quem pode ouvir uma tal linguagem! (Jo 6,61).
        Até no meio dos discípulos está se produzindo uma divisão:Desde então, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele (Jo 6,67).
        Que fará Jesus? Irá buscá-los? Se fosse simplesmente uma comparação, uma figura, um tropo, não devia  ele dissipar o equívoco?
        Entretanto nada disso. Vira-se do lado dos seus apóstolos, e num tom que não admite réplica, pergunta a queima-roupa: E vós também quereis abandonar-me? (Jo 6,68). É como se dissesse: É a tomar ou a deixar! A verdade é esta, e não muda.
        E foi nesta hora que S. Pedro lançou este sublime brado de fé:Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e conhecemos que tu és Cristo, o Filho de Deus! (Jo 6, 67-70).

IX.    Crer ou blasfemar

                Como tudo isso é sublime!... é divino! É a cena da promessa da Eucaristia, não é a instituição ainda... porém vê-se como Jesus preparava o espírito dos seus apóstolos para a cena inaudita da instituição deste divino sacramento.
                Ó pobre protestante, seja sincero e diga-me: Seria possível Cristo ser mais claro e mais positivo? E de outro lado, seria possível – seria o extremo do ridículo! Seria possível Cristo empregar palavras tão majestosas, para prometer-nos simplesmente um pedaço de pão, que devemos comer em sua lembrança?
                Não sentes, ó crente, que seria indigno de Deus!?... Fazer um tal discurso... expor-se a perder seus discípulos fiéis... escandalizar judeus e apóstolos... unicamente por causa de um pedaço de pão!
                Não!... É impossível! Jesus Cristo fala aqui de seu próprio corpo, que deve, na sagrada eucaristia, ser o alimento vivo das nossas almas.
                O erro é impossível... não há outra saída senão a revolta e a blasfêmia.
                É o que disseram os discípulos infiéis... é o que estais fazendo, pobres protestantes!
                Crer ou blasfemar! Não quereis crer na palavra divina... por isso blasfemais a mais sublime das invenções do amor de Deus! repetindo, em pleno século de luz, o brado revoltoso dos fariseus do Evangelho: Não é a carne de Cristo, é simplesmente um vulgar pedaço de pão.

X.      A instituição

        O espírito dos apóstolos estava admiravelmente preparado para receber o dom da Eucaristia.
        Por isso, na última ceia, não há mais nem discussão, nem contestação, nem admiração. Os apóstolos conhecem o coração do divino Mestre; conhecem o seu poder; sabem o que ele vai fazer. Calam-se e adoram.
        Leia as palavras da instituição, tudo é de uma simplicidade divina e de uma clareza mais divina ainda.
        O dia está escolhido; é a véspera da sua morte, em meio das ternuras lacerantes do adeus, neste momento onde, deixando aqueles que se amam, fala-se com mais coração e com mais firmeza, porque, estando para morrer, não se estará mais para explicar ou interpretar as próprias palavras. Neste momento, pois, num festim preparado com solenidade (Lc 22,12), impacientemente desejado (Lc 22,15), eis que se passa:
        Quando estavam ceando, Jesus tomou o pão, benzeu- e partiu-o, e deu-o a seus discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo, que é dado por vós. – Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19).
        E tomando o cálice, deu graças, e o deu a eles, dizendo: Bebei deste todos, porque isto é o meu sangue do novo testamento, que será derramado por muitos, para a remissão dos pecados (Mt 26, 27-28).
        Que simplicidade e que precisão nos termos!... que ausência de frases; sente-se em cada palavra uma autoridade divina!
        O original grego é mais forte ainda: Isto é o meu corpo, meu próprio corpo, o mesmo que é dado por vós. – Isto é o meu sangue, meu próprio sangue da nova aliança, o sangue derramado por vós em remissão dos pecados.
        E no texto siríaco, tão antigo como o grego, feito no tempo dos apóstolos, diz-se: O que se nos dá “é o próprio corpo de Jesus, seu próprio sangue”.
        Que simplicidade! Ainda uma vez. Leia isso, pobre crente, e veja se há jeito de dar a estes textos outro sentido senão o da presença real do corpo e do sangue de Cristo, no pão e no vinho eucarísticos!
        Se Jesus quisesse dar um simples sinal, ele o teria dito. Quando ele usa de parábolas, de tropos ou similitudes, ele o faz de modo que todos o compreendam.
        Aqui, sem nada explicar, nem antes, nem depois, Jesus diz:isto é o meu corpo.
        Ó Jesus! Que precisão!... e ao mesmo tempo: que autoridade! Quanto poder nestas palavras: Lázaro, sai do sepulcro! E Lázaro sai imediatamente. Mulher, estás curada! E ela fica curada. Isso é meu corpo! E esse é o corpo do Cristo.
        “Estas palavras, diz Melanchthon, um dos fundadores do protestantismo, têm o brilho do relâmpago, e o espírito nada lhes pode objetar. (De verit. Corpo. Christi in 1 Ep. ad. Cor.).
        Eis a verdade, meu caro crente, a verdade clara, positiva, irrefutável, a verdade fulgurante como o relâmpago, imponente como a majestade divina. Ainda uma vez – pois é a conclusão que se impõe: Ou crer ou blasfemar! Ou aceitar a verdade católica, ou tornar-se um miserável ímpio.
        Medita isso, e tem coragem de escutar a tua consciência e a voz de Deus, e de repetir com a Igreja católica: Cristo está verdadeiramente presente no santíssimo sacramento do altar!
        Creio, Senhor, aumentai a minha fé!

XI.    Uma conclusão necessária

        Que tal, amigo crente, não basta ainda textos da Sagrada Escritura, para provar as verdades que tens ousadia de atacar?
        Já citei uns vinte textos, que provam explicitamente que Jesus Cristo está verdadeiramente presente na sagrada Eucaristia. Podia duplicar estes 20 textos e citar muitos outros, podia até perfazer um total de 100 textos, porém, pedindo apenas um, e tendo já citado uns vinte, para que serviria a lista comprida e necessariamente fastidiosa de tantos textos que provam a mesma verdade? Tantos textos, caro amigo, provam clara e publicamente as seis seguintes verdades:
1° Ou que o amigo não conhece a Bíblia.
2° Ou que está de má fé, conhecendo tais textos, e não lhes dando crédito.
3° Ou que é escravo do respeito humano, e não tem coragem de voltar à Igreja católica, na qual nasceu.
4° Ou não sabe o que está pedindo; e, neste caso, não passa de um louco.
5° Ou está agindo sob a influência de qualquer analfabetoendinheirado; e, neste caso, é um vulgar vendido.
6° Ou, enfim, está na boa fé e procura conhecer a verdade; e, neste último caso, conhecendo a verdade exposta nestas linhas, deve abraça-la e voltar ao grêmio da Igreja verdadeira, que é a de S. Pedro, ou de Roma.
        O resultado há de provar a qual destas categorias pertence: e qual o epíteto que merece.
        Para completar a grande verdade exposta por S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas, eis mais uns textos do grande S. Paulo, cujos escritos os protestantes apreciam.
        Para não abusar da paciência de ninguém, citarei apenas este trecho da 1ª Epístola aos Coríntios (11, 23-30).
23. Eu recebi do Senhor... que, na noite em que foi traído, tomou o pão. 24. E tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei: isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. 25. Do mesmo modo, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Esta é a nova aliança no meu sangue, fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. 26. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. 27. Portanto, qualquer que come este pão ou beber o cálice indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. 28. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. 29. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para si mesmo sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. 30. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem(o sono da morte).

XII.  Refutação do erro protestante

        Vamos lá agora, meu amigo crente, e diga-me, com sinceridade: Acredita na Sagrada Escritura, ou não acredita? Qual é o sentido óbvio dos textos citados?
        S. Paulo diz, com esta lógica que lhe é peculiar: Quem comer este pão... indignamente, será culpado do corpo do Senhor (1 Cor 11,27) – e ainda no mesmo sentido: O que come indignamente, come a sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor (1 Cor 11,29);
        Que quer dizer isso? Uma criança é capaz de responder.
        S. Paulo diz que, comungando indignamente, somos culpados do corpo de Jesus Cristo. Ora, como é que alguém pode ser culpado d corpo de Cristo, se este corpo não estiver no pão que come?
        Comer pão da padaria, sem devoção e com a alma manchada pelo pecado, pode ser um crime? É ridículo, caro amigo, tal asserção.
        Para comer o pão da padaria, é o bastante ter fome, nenhuma disposição da alma pode ser exigida.
        E como alguém pode comer a sua própria condenação, engolindo um pouco de pão? Tudo isso é o cúmulo do ridículo! E só um crente obcecado é capaz de sustentar um tal absurdo.
        Aliás S. Paulo é positivo; e como para refutar de antemão as ímpias asserções dos “crentes”, ele ajunta e explica: É culpado do corpo do Senhor e come sua própria condenação, quem não discerne o corpo do Cristo de um vulgar pedaço de pão (1 Cor 27,29) e come este pão indignamente sem purificar a sua alma e o seu coração.
        A gente só responde por aquilo que come. Se o crente tomar uma dose de mercúrio ou de estricnina, é culpado de ter tomado estes venenos; mas tomando simplesmente pão, não pode ser culpado de ter tomado veneno.
        Prova de que este pão celeste, de que fala S. Paulo, e de que tanto falou o próprio Jesus, é verdadeiramente o corpo de Cristo.
        Por isso, conclui o Apóstolo: Examine-se o homem para ver se está em graça com Deus, antes de comer deste pão.
        A dúvida é, pois, impossível! Ou é preciso rejeitar a Bíblia inteira ou declarar-se ateu; ou é preciso aceitar a verdade, cem vezes repetida, explicada e comentada pela mesma Bíblia.
        Porém ler a bíblia – dizer que se acredita na bíblia – proclamar-se crente da bíblia, e negar uma verdade cristalina, positiva e afirmada tantas vezes na bíblia, seria de uma inconseqüência de louco, ou então da obcecação de um ímpio.
        Escolhei, pobres protestantes... pobres vítimas do fanatismocego, ignorante e interessado de uns homens sem consciência, que se intitulam “pastores” e que são, no dizer de Cristo, lobos devoradores, vestido de pele de cordeiros para mais facilmente iludir, enganar e perder as almas.
        Queridos brasileiros, lembrai-vos que sois filhos de católicos e – que fostes batizados na Igreja católica, que é a única e verdadeira – lembrai-vos que recebestes a fé católica com o leite materno, e que talvez os vossos pais adormeceram para sempre, murmurando os doces nomes de Jesus e de Maria – e vós tereis a ousadia de desprezar e de negar a fé destes pais queridos, para aceitardes o espírito de revolta, de ódio e de satânica cegueira e de uns vendidos, de uns apóstatas, sem fé, sem crença, sem convicção, que ontem eram católicos e que hoje se intitulam pastores protestantes, porque são pagos pelos americanos para fazerem propaganda e para semearem a desunião em nosso querido Brasil?
        Aqui tendes mais uma prova insofismável da má fé e da ignorância supina destes pastores cegos. As verdades aqui expostas são irrefutáveis.
        Se tendes uma bíblia, pobres “crentes”, procurai verificar os textos citados, e dizei se, si ou não, Cristo está presente na Hóstia Sagrada.
        Convencidos, como haveis de ficar convencidos, deveis confessar que os vossos pastores andam errados, estão fora da verdade, e, em vez de ensinar-vos as verdades contidas na Bíblia, ensinam-vos as idéias grotescas e ímpias de suas próprias cabeças.
        Em vez de voz mostrarem o caminho do céu... levam-vos ao Inferno.
        Refleti, meus amigos. O protestantismo, que é falso neste pontos, o é nos outros, como continuarei a prová-lo.
        E convido, provoco mesmo, qualquer um destes pastores ignorantes e de má fé a refutar as teses aqui defendidas. Encarrego-me de desmascará-los imediatamente e demonstrar, a nu, ou seus chifres de demônio, ou então suas orelhas de lobo.
        Viva, pois, Cristo, o Salvador, o pai querido, verdadeiramente presente na Eucaristia, triunfador e vencedor de seus blasfemadores e de seus inimigos, os protestantes!