domingo, 7 de julho de 2013

MATÉRIA, FORMA E MINISTRO DA EXTREMA UNÇÃO

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

MATÉRIA, FORMA E MINISTRO DA EXTREMA UNÇÃO
24 de Julho de 1940

Completando o nosso estudo sobre o quinto Sacramento, a Extrema Unção, vejamos a sua matéria e forma e o seu Ministro.

A matéria remota é o óleo de oliveira. É o que se depreende da Escritura Sagrada, no texto de São Tiago Apóstolo. Confirma-o o Concilio de Florença. É matéria adequada, pois o óleo é símbolo da doçura e a Extrema Unção dulcifica os amargores da hora derradeira. — O óleo suaviza as dores do corpo, alimenta, ilumina, exatamente o que a Igreja oferece com este Santo Sacramento: alívio na dor, força para o último combate, luz que clareie o caminho da eternidade!

Esse óleo é sagrado pelo Bispo, na quinta-feira santa, e distribuído por todas as paróquias de cada diocese.
A matéria próxima é a unção feita com o mesmo óleo. Solícita e sábia, a Igreja prescreveu uma forma belíssima que diz com precisão a finalidade do quinto Sacramento. O Sacerdote, ungindo o enfermo, assim procede: Unge os olhos e simultaneamente diz: por esta santa unção e pela sua piíssima misericórdia, Deus te perdoe os pecados que cometeste pela vista. — E unge os ouvidos, as narinas, os lábios, as mãos e os pés dos enfermos. Antigamente se ungia o enfermo à altura dos rins, unção que a disciplina atual suprimiu; permitindo que, por qualquer causa razoável, se omita a unção dos pés.

Nessa tocante cerimônia se focalizam todas as misérias humanas: os pecados inúmeros, fre­quentes, cometidos pelo mau uso dos sentidos, pelas faculdades da palavra e da locomoção.

Três são os efeitos da Extrema Unção: conforto à alma, em artigo de morte; remissão da culpa e da pena devida pelo pecado; saúde do corpo, se tal convier à eterna salvação.

Quanto ao conforto, é claro que para isso foi instituído esse Sacramento e é o que nos diz São Tiago.

O perdão dos pecados veniais é certo, como dizem comumente os doutores da Igreja. Remissão dos pecados mortais é o que obtém o pecador que, sem tempo de se confessar, em pleno uso da sua razão, arrepende-se do mal que praticou.

A Extrema Unção perdoa também a pena devida ao pecado, na medida das disposições do moribundo. É o que declara expressamente o Concílio Tridentino.[1]

Muitas vezes este sacramento obtém para o enfermo a volta da saúde do corpo, dando-lhe tem­po de merecer mais, pela prática da virtude, e con­seguir melhor recompensa do Reino de Deus.

O Ministro da Extrema Unção é o Sacerdote. São Tiago diz claramente: chamem os presbíteros da Igreja. A palavra presbítero significa sempre o homem ornado com o caráter sacerdotal; e no caso em apreço, ainda há para reforçar a intenção do apóstolo, a palavra Ecclesiae — presbíteros da Igreja.

Aplicada ao moribundo, diz Tanquerey, a Extrema Unção é como a consumação do Sacramento da Penitência. Logo, só pode ser administrada pelo Sacerdote.

Há em certos meios católicos uma triste superstição: enfermo que recebe a Extrema Unção, morre logo... e por isso evitam a presença do sacerdote à cabeceira do enfermo. E quantas vezes, nas ânsias da hora derradeira, o enfermo desejaria o conforto dos Sacramentos... e seus parentes e amigos impedem a aproximação do representante de Jesus Cristo! Que isso jamais aconteça em vosso lar!

Nota:
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[1] Sessão XIV, cap. II. Cf. Tanquerey, ed. 24, vol. III, n.º 970.