A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946
PRESBITERADO
29
de Julho de 1940
Prossigamos
no estudo do Sacramento da Ordem, do qual, por assim dizer, depende a vida da
Igreja na terra, em suas múltiplas manifestações.
Como
entender o vosso catolicismo sem sacerdotes, prezados ouvintes? A doutrina e a
prática dos sacramentos desapareceriam — a primeira porque se tornaria em
deplorável confusão e em divisões em um sem número de seitas; e os sacramentos
não teriam mais ministros; secaria a fonte donde tem jorrado a graça, desde a
hora solene do Calvário, até aos nossos dias e até ã consumação dos séculos.
Ser
católico e repelir o sacerdócio é absurdo tão flagrante que chega a tocar às
raias da insensatez.
Vamos
agora examinar a matéria e a forma do sexto Sacramento. Há na ordenação dos
presbíteros sinais sensíveis que indicam a comunicação do poder invisível e da
graça: a imposição das mãos e a oração do Bispo, e a entrega do cálice com
vinho e da patena com a hóstia, para a consagração.
A
Sagrada Escritura por várias vezes menciona essa imposição das mãos, como sinal
exterior do ingresso do fiel em uma milícia especialmente destinada a funções
sagradas.
Nos
Atos dos Apóstolos vemos que, por determinação do Espírito Santo, Paulo e
Barnabé receberam os poderes do apostolado pela imposição das mãos (At 13, 2-3
e lugares já citados).
São
Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: “Eu te exorto a que ressuscites a graça de
Deus que está em ti, pela imposição das minhas mãos” (2 Tim 1, 6). E na
epístola anterior se vê o cuidado que o apóstolo quer que haja na escolha dos
eleitos do Senhor, recomendando ao seu querido discípulo: “Não imponhas
precipitadamente sobre alguém as tuas mãos” (1 Tim 5, 22).
Este
cerimonial se observou invariavelmente desde as origens do Cristianismo. Hoje,
por ocasião da ordenação sacerdotal, logo de início o Bispo estende, em
silêncio, as mãos sobre a cabeça de cada um dos ordinandos, no que é imitado
pelos sacerdotes presentes. Em seguida o Bispo e os sacerdotes levantam a mão direita
sobre os ordinandos, enquanto o celebrante implora para estes a plenitude dos
dons celestiais, para o exato cumprimento dos deveres impostos pela dignidade
sacerdotal.
No
fim da Missa, nova imposição das mãos sobre cada neo-sacerdote, dizendo o Bispo
estas palavras: “recebe o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados,
ser-lhes-ão perdoados; a quem os retiveres, ser-lhes-ão retidos”.
São,
também, ungidas com óleo sagrado as mãos dos ordinandos, que, em dado momento,
tocam o cálice com vinho e a patena com a hóstia, como já vimos — dizendo o
Bispo: “Recebe o poder de oferecer o sacrifício a Deus e de celebrar a Missa
tanto pelos vivos, como pelos defuntos, em nome do Senhor, Amém”.