sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Mãe segundo a vontade de Deus - A ama da criança

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos, 
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927



II- A ama da criança

Quando Deus dá uma criança à mãe, diz-lhe: «Recebe esta criança, sustenta-a, e eu te darei a recompensa.» Uma mãe cristã nunca deveria, sem legítimas razões, permitir que o seu recém-nascido aceitasse o seio doutra pessoa. À natureza ordena-lhe que o sustente ela própria, e o amor materno deveria levá-la a não recuar diante desta tarefa. Um leite estranho, sendo menos em harmonia com a natureza da criança, é sempre menos salutar, e a criança não ama tanto a mãe que a não amamentou. Uma estranha recolheu as suas primeiras carícias, recolheu o seu primeiro sorriso, acalmou os gritos, e enxugou as lágrimas das suas primeiras dores. 

A rainha Branca, mãe do grande S. Luís, não quis nunca confiar a uma estranha o cuidado de dar o seio a seu filho. Num dia, em que ela estava doente, não permitiu que uma aia oferecesse o seio ao príncipe, dizendo que não queria partilhar com ninguém um encargo tão querido para o seu coração. - Posto que muito nova, duma saúde delicada e encarregada dos cuidados duma grande casa, M.me de Chantal sustentou com o seu leite, os seis filhos que teve em oito anos de casamento; e hoje ainda mulheres notáveis por seu nome e fortuna, seguem os exemplos destas santas e generosas mães.

Não se poderiam condenar, é certo, as mães, que, por boas razões, encarregam uma ama, de amamentar os seus filhos. Mas será a mesma coisa recuar diante deste dever por vaidade, ou pelo fraco temor das fadigas e da solicitude materna? E não seria um crime entregar este depósito sagrado, sem se informar com todo o cuidado da saúde, da vigilância, e principalmente do comportamento da ama, que deverá durante alguns anos guardá-lo para a mãe, e para Deus? Porque, se a mulher cristã está em certos casos, legitimamente dispensada da obrigação de amamentar o seu filho, não o está nunca da obrigação de escolher uma ama de boa saúde e sobretudo de bons costumes. Quem o ignora? A criança suga com o leite as doenças e os vícios da pessoa que a amamenta[1].

E alem disso quantas crianças morrem no berço, pela negligência das mulheres, a quem mães imprudentes as confiaram? Seria também comprometer a saúde duma criança privá-la muito cedo do leite de que carece, para lhe impor outros alimentos que a sua fraqueza não pode suportar. Vivendo num estado vizinho da pobreza, algumas mulheres se apressam de desmamar antes do tempo o seu próprio filho, para oferecerem o seio a uma criança estranha, e dessa forma criar alguns recursos. Mas será permitido comprometer as forças e talvez a vida duma criança, para procurar uma vantagem material, por maior que ela possa ser?

Nota:

[1] «Conheço, escreve o abade Bautain, uma pessoa que toda a vida foi atormentada por dartros cujo vírus lhe foi transmitido com o leite da ama. Nada a pôde libertar. E terá este fogo no seu corpo até à morte, e além disso todos os ardores físicos e morais que ele produz, isto é um temperamento irritável e uma atividade inquieta e febril.» O Dr. Descureis fala de crianças mortas por convulsões por terem tomado o seio das amas, quando estavam ébrias, e momentos depois de se terem entregado a um acesso de cólera.