Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
IV- Do
estado
A
criança cresceu, sob a doce influência dos cuidados maternos. Tornada forte e
vigorosa, será daqui em diante capaz de se prover do necessário; é então um
dever para os pais procurar criar-lhe uma posição, ou mandar-lhe ensinar um
ofício que lhe forneça meios de se alimentar, e de viver duma forma que seja
apropriada à sua condição e ao seu nascimento. Não ensina a ave os seus
filhinhos a quebrar o invólucro do grão, de que eles se alimentam?
A águia não
convida os seus filhos a voar com as suas próprias asas? Seria cruel abandonar
pobres crianças sem lhe fornecer um meio de existência, sem pôr nas suas mãos a
ferramenta, de que terão necessidade para ganhar o pão. Como se hão de
desculpar os que, vivendo numa honesta mediania, mandam seus filhos para a casa
dum mestre, onde vão encontrar uma sujeição que não convém à sua condição,
trabalhos acima das suas forças, e os maiores perigos para a sua inocência? São
menos culpados os pais, que, recusando largar a mais pequena porção dos seus
bens, dilatam indefinidamente o casamento dos filhos? Não preveem a desordem em
que podem precipitar-se os filhos, a que, fazem sofrer tão cruel recusa. Seria
imprudente sem dúvida, que uma mãe abandonasse todos os seus bens. Nunca cedas
a outrem o que possuis, diz o Espírito Santo, porque mais tarde vens a
arrepender-te. Mais vale veres os filhos aos teus pés a pedirem-te o que
precisam, do que esperares tu deles o necessário. Quantas mulheres, na velhice
estão reduzidas à mais horrível miséria, por terem dado tudo a seus filhos! Mas
para que não hão de ceder aos filhos, que estão em idade de se estabelecer, uma
parte, do que a morte os constrangerá em breve a abandonar?
Seria
indigno duma mãe cristã recusar o dote a um filho que Deus chama à vida
religiosa...
Mas
é preciso dizê-lo. Num século em que todos têm sede de comodidades, num século
em que todos querem elevar os seus a uma posição elevada, devemos menos
prevenir as mães contra a negligência de que acabamos de falar, do que contra
uma posição mais elevada ou mais brilhante que a de seus pais. Há mãe que faz
mil esforços para fazer a felicidade daqueles que ama, e faz a sua desgraça,
atraindo o seu desprezo.
Um
personagem dizia um dia ao porteiro: «Quando cá voltar esse sujeito que acaba
de sair, dize-lhe que não estou em casa.» O Telho voltou uma, duas, três vezes,
e a resposta era sempre a mesma. No fim o pobre homem desatou a chorar, e exclamou:
E muito duro ser expulso de casa de sou próprio filho o porteiro consternado,
pôs-se a chorar com ele; e este velho era efetivamente o pai do personagem em questão
[1].
Ai
dos pais, que, para procurarem a seus filhos uma posição vantajosa, recorrem à
injustiça, ou a meios que a religião e os costumes reprovam, como se Deus
pudesse abençoar uma fortuna formada sobre as ruínas da consciência!
[1] O Abade Mullois