domingo, 7 de julho de 2013

ORDEM

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

ORDEM
25 de Julho de 1940

Vamos começar hoje o estudo do sexto Sacramento — a Ordem.

Definamo-lo: é um Sacramento da Nova Lei, pelo qual se dá um poder espiritual e se confere a graça para consagrar a Eucaristia e exercer, segundo o rito, outros múnus eclesiásticos.

Vê-se logo que por este Sacramento não só se confere a graça, mas também um poder verdadei­ramente ativo; — que tal graça e poder se con­ferem especialmente para consagrar a Eucaristia; — que secundariamente tal graça e poder concernem à administração dos outros Sacramentos e ao desempenho de vários múnus sagrados.

A ordem sacra é um verdadeiro Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo. — É o que nos ensina o Concílio de Trento.[1]

Tanto no Antigo Testamento como em o Novo, sempre existiu um sacerdócio visível, que não competia a todos, mas somente aos que eram designados e consagrados para esse fim.

Figura do sublime sacerdócio que Jesus havia de instituir, o sacerdócio do Antigo Testamento constituía uma honra insigne para quem o exercia. Eram varões privilegiados, aos quais Deus mani­festava a sua vontade e comunicava poderes especiais.

Em o Novo Testamento, os apóstolos, primeiros sacerdotes da Nova Aliança, são expressamente chamados pelo divino Mestre. “Vinde comigo, eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4, 19; Me 1, 16-20). — “Não fostes vós que me escolhestes; mas sim eu que vos escolhi” (Jo 15, 16). Eis a vocação, a predileção, a designação para uma especial e divina missão: pescadores de homens, chamados nominalmente para tal, chamados de um modo que Jesus empregou exclusivamente para a instituição do seu bem-amado sacerdócio!

E na Ceia última, na hora sagrada das grandes revelações, das maiores demonstrações de amor, Jesus diz de modo claro e insofismável aos privilegiados convivas do Cenáculo: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24). — Referia-se à consagração do pão e do Cálice com vinho. Referia-se à divina Eucaristia que Ele confiava aos Seus sacerdotes — para que, até à consumação dos séculos, eles fizessem o que o mesmo Cristo estava fazendo! Confiava-lhes, portanto, a confecção e a guarda do Sacramento do seu Corpo, Sangue, alma e divindade!Depois, quando a doutrina já estava confirmada e selada pelo estupendo milagre da ressurreição, Jesus lhes comunica outros poderes: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem vós perdoardes os pecados, tais pecados serão perdoados; aqueles a quem vós os retiverdes, tais pecados serão retidos” (Jo 20, 22-23). Que maravilhosos poderes!

Pela história dos primórdios do Cristianismo, vemos que os apóstolos consagravam ao serviço novos sacerdotes, impondo-lhes as mãos e transmitindo poderes (At 6, 6; 13, 3; 14, 23; 1 Tim 4, 14; 2 Tim 1, 6, etc.). Era que o Sacerdócio devia ser perpétuo, perpetuando a Igreja para sempre. E Jesus prometera assistir esta mesma Igreja até à consumação dos séculos.

Um exame cuidadosa da história da cristandade projeta luz esplêndida sobre o sacerdócio, desde o Cenáculo de Jerusalém, até aos nossos dias!

Nota:
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[1] Sessão XXIII, cap. III.