Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
CUIDADOS CORPORAIS
I- Cuidados
que reclamam a vida e a saúde da criança
Não
ameis só com a boca e com as palavras, diz o Espírito Santo, mas amai com as
obras e com a verdade. Deus não ordena só à mãe cristã um amor de afeição e de
puro sentimento, para com os seus filhos, mas também uma dedicação eficaz e
generosa, que tanto tome cuidado do corpo, como da alma. Seria estéril e vã a
ternura da mãe, que não desse a seus filhos os cuidados corporais e espirituais
que trataremos de expor, no decurso desta obra.
Os
primeiros cuidados corporais que a mãe deve a seus filhos têm por objeto a vida
e a saúde destes tenros seres, cujo desenvolvimento físico Deus lhes manda
vigiar. A solicitude da mulher, pela saúde e pela vida de seu filho, deve
começar desde o instante em que começa a ser mãe. É para ela um dever rigoroso
evitar tudo o que poderia prejudicar o fruto que traz no seio, pela benção do
Céu. Durante o tempo de gravidez e sobretudo durante o segundo e terceiro mês,
segundo afirmam os médicos, a vida da criança é mais frágil, e seria da parte
duma mulher uma culpável imprudência levar carretos pesados, ou entregar-se a
graves excessos de intemperança, a trabalhos muito puníveis, a violentos
excessos de cólera, a longos e amargos pesares.
Quantas crianças nascem
disformes, por culpa de sua mãe, e quantas morrem antes de nascer, sendo ao
mesmo tempo privadas da vida do corpo e da alma. Desgraça irreparável que uma
mulher deve prever e prevenir, pela mais atenta vigilância. Se semelhante
desgraça acontecesse por sua culpa, seria para encher a sua vida de tristeza e
de remorso. «Também com que respeito religioso traz uma mulher cristã no seu
seio, como num santuário abençoado por Deus, a graça que dele recebeu. Com que
inefável solicitude ela pensa nesse fraco corpo, que faz parte do seu próprio!
Que santa gravidade, que reserva, que sossego de todas as paixões, a fim de que
a vida da criança se forme sem abalo, na profunda paz duma alma tranquila, e
para que assim esteja predisposta, tanto quanto possível, para costumes
pacíficos e virtuosos!»[1]
Depois
do nascimento da criança, de que nova solicitude não é preciso rodear,
especialmente durante os primeiros meses, esta existência tão frágil e delicada?
Que atenção para não deixar a criança sofrer frio ou fome, para preservá-la do
ar úmido ou viciado, nunca pondo o berço num sítio fresco ou imundo! Quem o
ignora? A humidade ou pouca limpeza do berço e do vestuário são a origem duma
multidão de doenças. Bastantes mães na aldeia podem acusar-se neste ponto.
Ninguém o ignora: uma mulher tornar-se-ia culpada, deitando na sua cama, em
riscos de sufocá-la, uma criança que tivesse menos de um ano.
E
não será também uma censurável negligência deixar por muito tempo as crianças
sós, expostas a deitaram fogo à casa, a darem quedas perigosas, a ficarem
debaixo dos pés de algum animal, ou confiando-as a outras crianças muito fracas
para as trazerem, e incapazes de as defenderem? Quantas imprudências deste gênero
se cometem todos os dias? É verdade que raras vezes são seguidas de acidentes
graves, mas se os anjos da guarda das crianças as preservam dos perigos a que
são expostas, as mães serão inocentes perante Deus? É necessário ainda não
embalar rudemente as criancinhas, nem consentir que se deitem com pessoas adultas
ou doentes.
Quando,
protegida pela ternura materna, a criança cresce e se fortifica, é preciso
cuidado em não a ocupar em trabalhos superiores às suas forças, especialmente
sendo assíduos e prolongados; seria arruinar a saúde duma criança submeter-lhe
o corpo a muito rudes trabalhos. Muitos jovens têm uma estatura estiolada, são
contrafeitos e gastos aos vinte anos, por causa de excessos de trabalho, a que
foi condenada a sua infância. É preciso olhar por isso, e decidir-se se devem
ou não admitir-se crianças de dez a quinze anos em oficinas ou fábricas, onde,
se diz, ganham a vida cedo, mas onde muitas vezes também, ganham bem cedo a
morte.
Haverá
pais cristãos, que levem a dureza a ponto de fazerem sofrer maus tratos a seus
filhos, que tão funestos são ao temperamento moral, como à saúde? Poderia uma
mãe recuar covardemente diante das despesas dum médico e dos remédios para um
seu filho doente? A pobreza impõe, é fato, a dura necessidade de ver sofrer
aqueles que se amam, sem poder procurar-lhes alívio; mas então uma mulher
cristã sente mais do que o filho os sofrimentos que não pode mitigar.
M.me
Acarie tratava os próprios filhos, quando estavam doentes, passava as noites
junto deles, e prestava-lhes todos os serviços de que careciam. Quando eles lhe
diziam que se deitasse, ela respondia que a sua consolação era aliviá-los. E a
caridade com que tratava os filhos, os animava a sofrer as doenças com
paciência; prestavam-se a tudo, para lhe pouparem fadigas, por sua própria
cura; enfim aprendiam dela a vencer-se, quando era preciso prestar aos outros
os mesmos serviços[2].
Notas:
[1] Mgr. Dupanloup.
[2]
Estes fatos são atestados pelo Abade Boucher. Sabe-se que M.me
Acarie, depois de ter edificado o mundo pelo espetáculo das suas virtudes,
entrou num mosteiro de Carmelitas. À Igreja declarou-a Bem-aventurada.