Nota do blogue: Transcreverei nessa Quaresma o capítulo que aborda os PECADOS CAPITAIS do Compêndio A Vida Espiritual explicada e comentada (Adolph Tanquerey).
Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula
ÍNDICE
- Art. III O Orgulho e os vícios anexos
O orgulho em si mesmo
A ira
- Art. II. Dos pecados anexos à sensualidade
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818.
Esta luta, em substância, não é senão uma espécie de mortificação. Para completar
a purificação da alma e impedir que venha a recair no pecado, é indispensável
combater a origem do mal em nós, que é a tríplice concupiscência. Já a
descrevemos nos seus traços gerais (n. os 193-209); mas, como ela é a raiz dos sete
pecados capitais, importa conhecer e combater essas más tendências. De fato, são
antes tendências que pecados; chamam-se contudo pecados, porque nos levam ao
pecado, e capitais, porque são fonte ou cabeça dum sem-número de pecados. Eis
como essas tendências se prendem com a tríplice concupiscência: da soberba nascem
o orgulho, a inveja e a cólera; a concupiscência da carne produz a gula, a luxúria
e a preguiça; enfim, a concupiscência dos olhos identifica-se com a avareza ou amor
desordenado das riquezas.
819.
A luta contra os sete pecados capitais ocupou sempre um lugar importante na
espiritualidade cristã. Cassiano trata dele longamente nas suas Colações e Instituições; distingue oito em lugar de sete, porque separa o orgulho e a vanglória. São
Gregório Magno distingue claramente os sete pecados capitais que faz derivar
todos do orgulho.
Santo Tomás põe-nos também em conexão com o orgulho e mostra como se podem
classificar filosoficamente, tendo em conta os fins especiais a que o homem
aspira.
A
vontade pode tender para um objeto por um duplo movimento: a conquista dum bem
aparente ou a fuga dum mal aparente. Ora o bem aparente, procurando pela vontade,
pode ser:
1)
o louvor ou a honra, bens espirituais, desordenadamente procurados: é o fim especial
do vaidoso;
2)
os bens corporais, que têm por fim a conservação do indivíduo ou da espécie, agenciados
de modo excessivo; são os fins respectivos do guloso e do luxurioso;
3)
os bens exteriores; desordenamente amados, são o fim do avarento. - O mal
aparente, que se deseja evitar, pode ser:
1)
O esforço necessário para a aquisição do bem, esforço de que foge o preguiçoso;
2)
A diminuição da excelência pessoal, que temem e fogem o invejoso e o colérico, ainda
que de modo diverso. Assim se tira a distinção dos sete pecados capitais dos
sete fins especiais que norteiam a atividade do pecador.
Na
prática seguiremos, por ser a mais simples, a divisão que põe em conexão os
vícios capitais com a tríplice concupiscência.