Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã,
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
I
- Dos Mandamentos em geral
Breves
notícias históricas
8.
- Deus, ao criar o homem, lhe imprimiu Sua lei no coração, afim de que o homem
conhecesse o que devia fazer para se salvar.
Aos
preceitos da lei natural, entre os quais tambem havia o geral - de se honrar a
Deus em qualquer tempo - ajuntou o preceito positivo - de se observar o sábado.
Era
a luz que guiava o homem em suas ações.
Pelo
pecado essa luz se entenebreceu e, por causa das paixões, foi sempre crescendo
tal escuridade, de forma que os homens se esqueceram quase inteiramente dessa
lei. Veio, então, Deus em socorro do homem, dando-lhe a lei escrita.
Três
meses depois, os Hebreus haviam saído do Egito guiados por Moisés e se
dirigiam, através do deserto, para a terra permitida. Chegados às faldas do
Monte Sinai, Deus ordenou a Moisés ascendesse ao monte, e, ali, entre relâmpagos
e trovões, lhe entregou a lei escrita em duas tábuas de pedra.
Ao
descer da montanha, encontrou Moisés o povo de Israel em adoração ao bezerro de
ouro. Num ímpeto de justo desdém, espedaçou as tábuas da lei. O Senhor de novo
lh'as entregou, e foram ciosamente guardadas na Arca da Aliança, até à destruição
do templo por Nabucodonosor.
Definição
9.
- Os mandamentos de Deus ou Decálogo são as leis morais que Deus, no Velho Testamento,
deu a Moisés no Monte Sinai e Jesus Cristo aperfeiçoou no Testamento Novo.
As
leis morais, isto é, os preceitos que regulam os costumes, ou melhor, a vida de
cada homem. Dadas por Deus a Moisés no Monte Sinai, entre o fuzilar de
relâmpago e o ribombo de trovões, para indicarem o poder de Deus e o espírito
de servidão da lei antiga; confirmados e aperfeiçoados por Jesus Cristo, que
pôs como base os dois preceitos da caridade, a saber: - o do amor de Deus sobre
todas as coisas e do amor ao próximo, como a nós mesmos, por amor de Deus, sem
distinção de amigos e inimigos, por sermos, todos, filhos do mesmo Pai, que
está nos céus.
Quem
os deve observar
10.
– Todos os homens devem observar os mandamentos:
1.º
- porque estes foram impostos por Deus, Criador e Senhor absoluto dos homens e
das coisas;
2.º-
porque são conformes à natureza e à sã razão.
Quem,
pois, deliberadamente transgredir um mandamento qualquer de Deus em coisa
grave, peca gravemente contra Deus e merece o inferno.
Os
mandamentos podem ser todos e sempre observados, até nas mais acerbas
tentações, com a graça que Deus não recusa jamais a quem do coração O invoca.
II.
DOS MANDAMENTOS EM PARTICULAR
Parte
positiva e negativa
11.
- Pode-se notar em cada mandamento uma parte positiva, que nos impõe alguma coisa
a fazer, - e uma parte negativa, que nos proíbe o que quer que seja a evitar.
Proêmio
12.
- As palavras "Sou o Senhor teu Deus" postas à frente dos mandamentos,
significam que Deus, por ser nosso Criador e Senhor, pode mandar o que quer e
nós, criaturas Suas, somos obrigados a obedecer-Lhe.