segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Desenvolvimento Infantil


Por Pe. John D. Fullerton
Traduzido por Andrea Patrícia


Este mês vamos retornar à consideração da formação do caráter na responsabilidade, tão importante no desenvolvimento infantil.

Como animais racionais, aprendemos muito por tentativa e erro, especialmente quando somos jovens. Os pais devem entender que, a fim de promover a responsabilidade eles devem permitir que esse processo de tentativa e erro tome o seu curso não resolvendo os problemas que seus filhos são perfeitamente capazes de resolver sozinhos. Isto irá requerer um controle adequado, nem muito mais nem muito pouco. O trabalho dos pais não é impedir seus filhos de cometer erros, mas garantir que os erros sejam contidos e que eles transmitam lições importantes que irão ajudar seus filhos a aprender a assumir o controle responsável de suas vidas.

Muitos dos pais de hoje, levam seus filhos e a si mesmos inteiramente a sério demais. Isso resulta em pais que são um paradoxo da reação exagerada e defensiva. Por um lado, ficam chateados quando os filhos fazem algo insensato, em seguida, por outro lado, negam que seus filhos sejam capazes de tal tolice. Eles temem que essa tolice possa refletir alguma falha maior neles. Não devemos esquecer que as crianças nascem com o pecado original e, embora limpas pelo batismo, permanecem os efeitos enfraquecedores entre os quais encontramos a tolice. Esta tolice, juntamente com o fato de que eles têm livre-arbítrio, torna seu comportamento imprevisível e incompreensível. Os pais, portanto, precisam primeiro assumir a responsabilidade de não negar que seus filhos sejam capazes de tolices. Se a criança é habitualmente tola, então os pais devem olhar para si mesmos, mas a tolice ocasional pode ser esperada de cada criança e diz pouco sobre os pais. Claro, os pais têm a responsabilidade de corrigir esta tolice quando aparece, fazendo algo para tornar seus filhos um pouco menos tolos. Mas eles não vão fazer isso se eles tolamente se recusam a colocar a culpa onde ela pertence: sobre seus filhos. Um tolo já é suficiente nesta relação.

Há uma grande diferença entre uma criança que comete erros e quem escolhe se comportar mal, mesmo quando ela sabe fazer melhor. As crianças que valorizam a aprovação de seus pais são penitentes quando eles percebem que um erro é cometido, e tentam corrigi-lo, ou seja, expiar. Às vezes o drama pode ser necessário para mostrar o quão sério é o erro ou para criar uma impressão permanente na memória da criança. Mas se a pedra angular foi colocada adequadamente, esses momentos não serão dominantes. Na maioria dos casos, será suficiente para o pai simplesmente apontar a tolice, deixando claro que performances repetidas não serão favorecidas, a fim de corrigir a criança.

A maneira mais eficaz de permitir esse processo de tentativa e erro e de enobrecer as crianças com responsabilidade é a de atribuir uma rotina diária de tarefas em casa. Aos quatro anos, as crianças já deveriam estar tomando o seu próprio peso como contribuintes completos para a família, fazendo tarefas de rotina. Tarefas ajudam as crianças a se ver como membros valiosos da família porque participam do trabalho familiar, que também os liga com os valores que definem e enriquecem a família. Elas também ganharão um sentimento de realização e boa auto-estima e aprenderão o princípio da reciprocidade, dar e receber, que é muito importante na vida social. Sua participação também irá ajudar a dar-lhes uma sensação de segurança e auto-suficiência ao passo em que elas aprendem muitas habilidades domésticas importantes.

Elas devem começar com tarefas simples, pelo menos aos três anos de idade, e avançar à medida que envelhecem para as mais difíceis. Elas podem começar com coisas como pegar seus brinquedos, manter seu quarto limpo, ou ajudar a limpar a mesa. À medida que crescem, as tarefas podem se estender a todas as áreas da casa. Elas podem fazer suas próprias camas, ajudar com a varredura ou aspiração da casa, tirar o lixo, arrumar e limpar toda a mesa ou lavar e secar os pratos. Há também muitas tarefas ao ar livre, tais como varrer calçadas, catar folhas, ajudar no plantio do jardim, capinando e regando, e, claro, escolher e saborear os frutos do seu trabalho. Há também o cuidado com os animais, sejam animais de estimação ou de gado, através do qual eles aprendem lições valiosas sobre a vida e até mesmo a morte.

É muito importante que os pais expliquem aos seus filhos o que é necessário e que deve ser feito em suas várias tarefas. Muitos dos problemas que os pais têm com mau comportamento são o resultado de uma orientação inadequada quanto ao que é esperado. Quando as crianças sabem o que é esperado, porque os pais comunicaram isso a eles de forma clara, calma e com autoridade, eles estarão muito menos propensos a desobedecer. O mau comportamento ocorre muitas vezes porque os pais não comunicaram as suas expectativas.

Também é importante que os pais compreendam que, quando forem pedir aos seus filhos para fazer algo não devem discutir com eles. A luta pelo poder é um dos ciclos mais perversos de uma relação pai-filho. Muitos pais são tentados a ficar monitorando seus filhos, depois de pedir que eles façam alguma coisa, dando-lhes assim a oportunidade de entrar em uma luta pelo poder, que muitas crianças vão entrar uma vez que são, na maioria das vezes, incapazes de compreender o ponto de vista de um adulto. A solução é simplesmente dar instruções aos filhos de forma clara, calma e com autoridade, e sair em seguida. Se após um período de tempo razoável, a criança não cumpriu, devem impor uma penalidade que seja inesquecível, mesmo que a criança decida, então, fazê-lo.

Infelizmente, há muitas crianças neste país que não contribuem com suas famílias regularmente. Na maioria dos casos, é resultado de formação inadequada pelos pais que tentam racionalizar. Eles dizem que é muito aborrecimento tentar fazer com que as crianças façam algo da forma certa e depois ter de fazê-lo eles mesmos. Ou eles dizem que a infância deve ser relaxada e despreocupada, e não cheia de responsabilidades. Ou eles não esperam o auto-sacrifício de seus filhos. "Tarefas iriam interferir com as atividades pós-escolares do meu filho".

Através de tais desculpas, as crianças são ensinadas a serem egoístas e a pensar que elas podem conseguir algo sem dar nada em troca. Permanecendo sob essa ilusão, elas nunca passarão a ser membros da família ou de qualquer outro grupo social. Quando elas entrarem na escola elas vão ver a educação como algo que alguém dá a você ao invés de algo que você tem que trabalhar e vão esperar que isso e tudo mais seja entregue a elas em uma bandeja de prata. Será um despertar rude quando enfrentarem o mundo real.