sábado, 29 de junho de 2013

SACRAMENTOS EM GERAL

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

SACRAMENTOS EM GERAL
de Junho de 1940

Começo hoje a estudar convosco os Sacramentos, em geral, ocupando o Batismo os outros dias da semana. A Igreja é uma sociedade sobrenatural. Fundada por Jesus Cristo, é a realização daquelas interessantes parábolas que o divino Mestre suavemente traçou narrando-as a ouvintes, multidões maravilhadas da sua eloquência e da profundeza de Sua doutrina convincente. O reino do céu é semelhante a um reino, a uma casa de família, a um festim, a um redil, a uma pescaria abundante, depois da qual é feita a seleção dos peixes... (Mt 22, 1-14; 21, 33-41; Lc 15, 11-32; Jo 10, 11-16; Mt 13, 47-50, etc). Sempre a idéia de sociedade — onde há de haver um rei, um pai, um pastor, um pescador... E tudo em relação aos destinos eternos da criatura racional, que tem em Deus o seu fim último.


Deste mesmo caráter sobrenatural e social resultam os sacramentos. — Encaminham o indivíduo e a comunidade para o alto. — É interessante, ainda, observar como os sacramentos dão uma nota de espiritualidade e marcam, com sinais sensíveis, todos os acontecimentos da vida: o batismo lembra o nascimento; a crisma, o crescimento; a eucaristia, a nutrição; o matrimônio, a geração e a conservação da espécie; a ordem, o governo e a disciplina; a confissão, o tratamento das enfermidades; e finalmente a extrema-unção, o combate derradeiro.

“Sacramento é, pois, um sinal sensível, insti­tuído por Jesus Cristo em caráter permanente, para significar e conferir a graça”.

Há sempre no sacramento um sinal sensível: a água, o óleo, o pão e o vinho, etc. — É a matéria. — E também uma forma — isto é, as palavras do ministro.

Há os que julgam inúteis os sacramentos, os seus ritos, as palavras, os gestos, os movimentos do sacerdote, a aplicação da matéria, por meio da forma. Não há razão para esse escândalo, puramente farisaico. O homem não é simplesmente alma, nem simplesmente corpo. — É corpo e alma. E há de salvar sua alma com a participação do corpo, corpo que terá também, oportunamente, a sua glorificação ou o seu opróbrio. É justo, pois, que a comunicação da graça seja feita por sinais sensíveis que atingem a matéria.

A primeira graça que faz a criança participante dos méritos de Jesus Cristo, é-lhe comunicada pela água. O lavacro material é bem a figura da purificação invisível que se opera na alma. E o mesmo corpo que recebe a ablução, torna-se o templo de Deus, iluminado pela divina luz. E assim com os outros sacramentos.

O Batismo, a Confirmação e Ordem só podem ser recebidos uma vez na vida, pois imprimem na alma um caráter indelével. A pessoa que recebeu um destes Sacramentos, mesmo que se desgarrasse do redil do Cristo, voltando a se reconciliar com a Igreja, não os receberá novamente.

Os Sacramentos do Batismo e da Penitência conferem a graça santificante. Por isso se chamam Sacramentos de mortos, pois são recebidos pelos que estão espiritualmente mortos. Os outros cinco, sendo recebidos pelos que já estão vivendo espiritualmente, são Sacramentos de vivos. Se, porém, o cristão em pecado mortal, ao aproximar-se da Penitência, já tem a contrição perfeita, este Sacramento, em lugar de conferir a primeira graça, aumenta a graça santificante.

Ao católico não é indiferente aceitar ou repelir os sete Sacramentos da Igreja. Há de aceitá-los todos, recebendo e praticando aqueles que, segundo a orientação da Igreja, devem ser recebidos e praticados. O contrário é confusão, é desordem, é indisciplina. Numa palavra: é não ser católico!