terça-feira, 13 de agosto de 2013

“FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO”

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI. Com esse post encerro a transcrição desse livro.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

“FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO”

5 de Outubro de 1945

Em consequência do que vimos ontem na intro­dução do estudo do nosso corolário, este se enuncia assim: “Quem, culpavelmente, permane­cer fora da Igreja, até ao fim da vida, não poderá salvar-se”, o que corresponde ao axioma que serve de título a esta palestra.

Prova-se:

1.º — Jesus Cristo instituiu a Igreja para conservar e defender Sua doutrina; na Igre­ja instituiu prepostos com a missão de ensinar e governar, na esfera espiritual, a toda criatura. Por outro lado determinou que, sob pena de condena­ção, todos obedeçam a esses prepostos. No Capítulo 16, de São Marcos, encontramos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado” (Me 16, 15-16). No capítulo 28, fim do Evangelho de São Mateus, mais este esclarecimento: “Ensinai a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 20: “... e ensinando-os a obser­var” etc). — Esta doutrina é reforçada nos capí­tulos 10 e 18 do mesmo evangelista (Mt 10, 18, 17-18). E no capítulo 10 de São Lucas, ainda esta passagem: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza; mas quem me des­preza, despreza aquele que me enviou” (Lc 10,16).

Logo, quem por culpa própria cerra os ouvi­dos aos chefes da Igreja, em matéria de fé e costu­mes, comete falta grave, pondo em risco a salvação da própria alma. Como já demonstrei, citando co­piosas provas, os primeiros chefes da Igreja, — Pedro e os apóstolos, vivem através dos séculos, na pessoa do Sumo Pontífice e dos Bispos.

2.º — Prova-se com o testemunho dos antigos Santos Padres. Orígenes em sua Homília 3.ª, no comentário sobre Josué: “Ninguém se iluda per­manecendo fora de casa, isto é: fora da Igreja não há salvação”. Como já disse, foi Orígenes quem pela primeira vez formulou este axioma.

S. Cipriano em seu livro De unitate Ecclesiae, n.° 6, diz: “Todo aquele que, separando-se da Igre­ja, une-se a uma fundação adulterada, separa-se das promessas da Igreja; nem chegará a conse­guir os prêmios do Cristo. Não pode ter Deus por pai, quem não tem a Igreja por mãe”.

E Santo Agostinho declara, no Tratado do Batismo, livro 4.°, capítulo 17: “Não há salvação fora da Igreja. Quem o nega? Por isso tudo quanto se vai buscar fora da Igreja, não tem valor para a salvação.” — Conclui-se, portanto: o axioma é verdadeiro. Está provado o corolário.

Um suplemento a esta importante doutrina. — Todo aquele que, sem culpa alguma, permanece fora da Igreja, pode salvar-se desde que, pela fé e pela caridade e a contrição, pertença à alma, já que não pertence ao corpo da Igreja.

O Santo Padre Pio IX dizia em sua Encíclica de 10 de Agosto de 1863: “Os que laboram em ig­norância invencível da verdadeira religião não são culpados aos olhos de Deus”. E Tanquerey — “Tratado do Dogma”[1] desenvolvendo o assunto em apreço, conclui: “Expõem falsamente a dou­trina católica os que afirmam que os não católicos, ainda mesmo que estejam na boa fé, nenhuma esperança podem ter de salvação”. Fica, entretanto, de pé tudo quanto foi anteriormente dito. E, de modo particular, repito: Quem está fora da Igreja e tem dúvidas a respeito da sua religião estude, medite, consulte... Pois se tem meios de livrar-se da ignorância religiosa, em consciên­cia não se pode prevalecer da desculpa de igno­rância invencível. Então já é culpado diante de Deus.

Nota:
___________

[1] Obra citada, 4.» edição, “De Ecclesia Christi”, n.» 163.