* Confesso que a realidade atual é bem mais complexa. Deixar os filhos em creches é complicadíssimo, sejam elas do governo ou particulares. A proposta pedagógica é completamente nociva aos pequenos, a educação mesclada (meninos e meninas) sem nenhum respaldo de moral é um talho na alma dos pequenos, sem reparo. Não sei qual seria a solução, sinceramente, não sei. Que os pais tivessem total liberdade para educarem seus filhos sem terem que prestar contas ao Estado, ou que tivessem que prestar conta apenas de matérias exatas sem terem que seguir nenhum cronograma de ensino desse Estado ateu... que surgissem mais escolas como a do Mosteiro, orientado por Irmãs tradicionais... ou mesmo creches que seguem a linha desse Mosteiro em casos de EXTREMA necessidade da mãe ter que trabalhar fora... tudo muito difícil! Que Nossa Senhora e São João Bosco nos guie e cuide de nossas crianças.
Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula
Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
IV-
A grande obra da mãe
Uma
mulher da Ionia, mostrando um dia, com orgulho, os ricos tecidos que tinha
bordado, viu que uma lacedemónia lhe mostrava seus quatro filhos todos bem
educados, dizendo-lhe:— «Eis no que uma mulher sensata se ocupa; é aqui que ela
põe toda a sua glória.» Haverá, por ventura, arte mais nobre que a da educação,
diz S. Crisóstomo? Os pintores e os escultores apenas fazem estátuas inanimadas;
mas o que educa bem uma criança, produz uma obra prima, que encantará os olhos
de Deus e os dos homens.
A
mulher, que assim o compreende, não consentirá em se desencarregar sobre
outros, do cuidado de educar os seus filhos. A primeira educação deve ser efetivamente
obra sua; ninguém pode substituir uma mãe, tratando-se de um filho de tenra
idade. «Aos lábios duma mãe, que cobrem de carícias estas fontes tão puras, é
que compete ensinar as primeiras lições de piedade, diz Mgr. Dupanloup; à mãe é
que compete despertar no filho os primeiros clarões da inteligência, e o
primeiro amor do bem, colocar nos seus lábios as primeiras palavras da fé e da
virtude, e ensiná-los a olhar pela primeira vez para o Céu. É à mãe, numa
palavra, que compete dotar o seu filho de uma alma cristã, como já o tinha dotado
de um corpo humano».
*A
própria mulher pobre, que é obrigada a deixar a família, para ir ganhar o pão
cotidiano com um penoso trabalho, não se poderia desculpar, se deixasse de se
ocupar dos seus filhinhos. Se habita nas cidades, conduza-os às creches, aos
recolhimentos próprios, mas nunca os perca de vista! Quando os vir reunidos em
volta do lar doméstico, trate de lhes incutir o amor e o respeito pelas coisas
do Senhor, e reprima os seus defeitos nascentes. Se não houver meio de confiar
a estabelecimentos caridosos o cuidado de guardar seus filhos, por não os
haver no local em que habita, mais adiante lhe diremos o que deva fazer; mas
nada a pode dispensar de tomar cuidado na educação de seus filhos.
«Quanto
aos ricos, que não têem outros deveres a cumprir, senão o que se chama deveres
do mundo, a esses — escreve Mgr. Dupanloup — não hesito eu em dizer-lhes que
devem primeiro que tudo consagrar-se, sacrificar-se, se tanto for necessário,
ao cumprimento desses imperiosos deveres da sua missão paterna e materna ... Este
pai, esta mãe são talvez muito novos ainda; têem vinte ou vinte cinco anos: não
importa; são ricos, brilhantes, procurados, o mundo requesta-os: não importa
também. Já não são livres para responder à voz do mundo, ou pelo menos não podem
dar-lhe o tempo e os cuidados que reclamam os seus filhos... Mas se o mundo e a
dissipação os levam, se este pai e esta mãe abdicam a sua santa missão... que
perturbação nessas pobres almas, e que vácuo nessa casa! O mundo e o tumulto
dos divertimentos e das festas ... a multidão que os atrai, a agitação dos
bailes e dos teatros substituem mal, para um pai ou uma mãe, os seus filhos
ausentes».
Decorridos
os primeiros anos, já no coração da criança, como numa terra virgem, têem sido
lançadas as primeiras sementes da virtude pela mão de sua mãe. Importa então
não a privar muito cedo da salutar influência da família. O filho do povo, que
não passa na escola senão apenas algumas horas por dia, pode ir cedo
freqüentá-las, porque sua mãe terá sempre muito tempo para se ocupar dele; mas
a criança que seus pais mandam para um colégio, para aí passar dez meses do
ano, não deve ser roubado muito cedo aos carinhos de sua mãe.— «Eu sou
partidário da instrução pública — diz Mgr. Dupanloup —, mas creio que há muito
cedo perigos a evitar, e nunca aprovarei que se mandem cedo crianças para o
colégio, sobretudo para o internato, privando-as da solicitude paterna e
materna.» Fala aqui, sem dúvida este ilustre prelado nas crianças que podem
aprender educação sob o teto paterno; porque se aí estivesse exposto a ouvir
zombarias contra a religião, ou contra os bons costumes, que sua mãe não pudesse
impedir, nesse caso seria necessário subtraí-lo cedo a essa contagiosa influência.
Mais
tarde, quando o temperamente moral da criança estiver fortificado pela ação
beneficente da familia, deverá muitas vezes deixar a pessoa a quem tudo a torna
tão querida; mas por mais seguras que sejam as mãos a quem ela confiar a direção
do seu filho ou da sua filha, a mãe não cessará de se ocupar deles ativamente.
A melhor educação, diz Mgr. Dupanloup, será sempre profundamente defeituosa,
se for feita sem a legítima e necessária influência dos pais ou parentes... É
preciso que os pais vejam frequentemente não só os filhos, como também os
professores; é preciso que dêem a estes todas as informações possíveis, sobre
o caráter, inteligência, inclinações, defeitos, enfim sobre todas as qualidades
das crianças; é preciso que se informem constantemente do seu comportamento de seu
bom ou mau espírito, dos seus esforços, dos seus bons ou maus sucessos, das
suas faltas. É preciso que tomem, com o superior duma casa, medidas eficazes
para animar o bem e corrigir o mal, apoiando esta ação com toda a sua
autoridade.
É necessário saber se as crianças rezam, se são piedosas, se têem
temor de Deus, se cumprem os seus deveres religiosos com unção e fervor. É
necessário ir em alguns dias de festa rezar e comungar com eles. É preciso que
o pai e a mãe escrevam frequentemente a seus filhos, pelo menos uma vez cada
semana, para os exortar ao trabalho, à piedade e à observação das regras. Numa
palavra, é preciso que as crianças sintam que os pais pensam nelas, e não são
estranhos a nenhum dos grandes exercícios da sua vida religiosa e literária...
Certamente que tudo isto está bem longe das vistas de duma multidão de pais,
que não metem os filhos no colégio, para se não separarem deles. Pois bem: que
me permitam declarar-lho aqui: a educação pública é, na minha opinião, só
própria para uma certa idade; mas todo o colégio, onde se coloca um filho para
os pais se verem livres dele, não pode dar obra que se veja. Toda a criança
cujos pais, para se verem livre dela a colocam num colégio, não tardará a
libertar-se ela própria dos seus pais» [1].
Quando
o pai de São Francisco de Sales o mandou para o colégio, não esquecendo, diz M.
Hamon, o que a religião lhe prescrevia em relação à alma de seu filho, propôs
para guarda da sua inocência um preceptor virtuoso e instruido, que tinha por
missão vigiar todos os seus atos, e cultivar este rico fundo do natureza e de
graça. Além disso, como ele sabia que coisa alguma no mundo podia substituir os
cuidados e a vigilância do pai, ele próprio ia todas as semanas à Rocha; e
então examinava detalhadamente o comportamento do filho, verificava os seus
progressos e bons sentimentos, é dava-lhe salutares conselhos. Algumas vezes
levava-o dias inteiros para o castelo
de Sales, afim do recompensar os seus progressos no estudo, e de poder aumentar
o seu ardor pela virtude, ao lado das exortações maternas [2].
[1] Mgr.
Dupanloup.
[2] Vida
de S. Francisco de Sales.