terça-feira, 13 de agosto de 2013

A SANTIDADE DA IGREJA (a)

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

24 de Setembro de 1945
A santidade da Igreja (a)

Continuemos o nosso breve estudo sobre as notas da Igreja que é: uma, santa, católica e apos­tólica. Examinemos a segunda — a Igreja santa.

Santidade, no sentido próprio e absoluto, é atributo só de Deus. Tu solus sanctus, diz a liturgia: só vós sois santo. As criaturas podem ser san­tas segundo sua aproximação e união com Deus. —Tratando-se de pessoas, dizem-se santos os que, conhecendo e amando o Senhor onipotente, estão em estado de graça, portanto em união com Deus.

Tratando-se de coisas, dizem-se santas as que têm alguma relação especial com Deus ou servem para Lhe dar culto, por exemplo o cálice da Missa, os ornamentos sacros, os templos, etc.

A Igreja se diz santa por muitos títulos: em razão do seu Autor, que é o Filho de Deus e, como tal, é santo por excelência; em razão do seu fim, que é a glória de Deus; em razão dos meios que emprega para conseguir tal fim, como — a graça, a fé, os sacramentos.

E passemos à tese que se enuncia assim: “A verdadeira Igreja deve ser santa nos seus meios e efeitos, na santidade eminente e sobrenatural.”
Prova-se:

1.° — Pela Escritura. No capítulo 17 de São João vemos as palavras de Jesus Cristo: “Por eles eu me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17, 19).

E a belíssima frase de São Paulo no capítulo 5.° de sua epístola aos fiéis de Éfeso: “Cristo amou a Igreja e por ela se entregou aos algozes, a fim de santificá-la, purificando-a no lavacro da água e na palavra da vida, para ter assim uma Igreja gloriosa, sem mancha, nem imperfeições ou coisa semelhante, uma Igreja santa e imaculada” (Ef 5, 25-27).

Ambos os textos indicam que Jesus quis que o Seu instituto fosse santo. Por isso os apóstolos chamavam aos membros das primeiras cristandades — gente santa ou santos.

2.º — Prova-se pela Tradição. Os Santos Pa­dres uniformemente ensinaram que a santidade é nota característica da Igreja. Consulte-se a res­peito o texto de Santo Irineu — “Aos hereges” — livro III, cap. 24 — número 1: “A Igreja é co­nhecida por sua autoridade; porque onde está ela. está o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, está a Igreja e toda a graça”.

3.º — A santidade de que tratamos deve ser eminente e sobrenatural, excedendo as forças humanas que o divino fundador pôs à sua disposição: o próprio sangue do Redentor que se aplica às almas principalmente pelos Sacramentos, e palavra que convence e leva as almas ao Cristo.

Ninguém se escandalize, todavia, por haver na Igreja elementos que não sejam santos. Os meios de santificação e aperfeiçoamento são ótimos adequados ao fim. Mas o homem é livre em usá-los ou desprezá-los.

No Evangelho, comparando Jesus o seu Reino, neste mundo, com um banquete nupcial, disse que a sala se encheu de convivas chamados de toda parte, havendo entre eles bons e maus (Mt 22,1-14).

Podemos, pois, concluir desde já: a Igreja é santa.