terça-feira, 6 de agosto de 2013

Catecismo do Padre Spirago - Parte 25

Nota do blogue: Acompanhe essa transcrição AQUI.

O Espírito Santo (1)
A revelação do Espírito Santo

Quando foi que se revelou o Espírito Santo?

O Espírito Santo revelou-se no batismo de Jesus e em Pentecostes.

No batismo de Jesus, o Espírito Santo tomou a forma de uma pomba, porque ele nos comunica a singeleza e bondade de coração, qualidades próprias da pomba. No Pentecostes, tomou a forma de línguas de fogo, porque ilumina a nossa inteligência. Apareceu ao sopro rijo do tufão, porque impele nossa vontade para o bem.

A operosidade do Espírito Santo

Como opera o Espírito Santo?

O Espírito Santo opera do seguinte modo: 1) Concede a todos os homens a graça atual; 2) concede a muitos a graça santificante; 3) juntamente com ela, em geral, os sete dons (raramente dons extraordinários) e 4) Ele conserva e dirige a Igreja Católica.

Graça é um benefício imerecido, p. ex., o indulto de um condenado é uma graça. O Espírito Santo confere graças sobrenaturais, que contribuem para o bem estar eterno, como a remissão dos pecados. O Espírito Santo termina a obra da redenção; distribui as graças que Jesus mereceu com sua morte na cruz. O Espírito Santo é comparável ao Sol que faz germinar o grão plantado.

a) A graça atual

Em que consiste a graça atual?

A graça atual consiste no Espírito Santo, em certos momentos, iluminar-nos o entendimento e robustecer-nos a vontade.

Assim fez o Espírito Santo no Pentecostes; iluminou o entendimento dos apóstolos (daí as línguas de fogo)e fortaleceu-lhes a vontade (daí o sopro). Sobre o filho pródigo, o Espírito Santo atuou na hora da necessidade; sobre Saulo, perseguidor dos cristãos, às portas de Damasco e sobre Sto. Inácio de Loiola, durante a leitura da vida dos Santos. Como se vê, a atuação do Espírito Santo às vezes tem sido visível e audível, pois Deus, exteriormente, dava sinal do que se passava na alma. Pode-se encontrar semelhança entre a atuação do Espírito e a do Sol: este ilumina e aquece.

Quando o Espírito Santo costuma atuar sobre nós?

O Espírito Santo costuma atuar sobre nós nas desgraças e na pregação do Evangelho.

Sobre o filho pródigo e Sto. Inácio de Loiola ele atuou na desgraça, sobre São Francisco de Bórgia na presença do cadáver da Imperatriz Isabel, sobre os judeus no Pentecostes durante a pregação dos apóstolos. Antes de atuar sobre a alma, Deus costuma amolecê-la com o sofrimento, assim como se amolece o lacre antes de imprimir o carimbo. O Espírito Santo atua sobre todos os homens. Por isso na vida de heterodoxos também ocorrem momentos de graça. Um meio muito eficiente de obter as graças do Espírito Santo é rezar ao Divino Espírito Santo:

“Vinde Espírito Divino,
Nossas almas renovai!
Sobre os peitos que criastes
Dons celestes derramai!”

O que devemos fazer quando o Espírito Santo atua sobre nós?

Quando o Espírito Santo atua sobre nós, devemos cooperar com sua graça.

O Espírito Santo é como um guia: pode-se segui-lo ou não. Portanto, pode-se também resistir ao Espírito Santo. Muita gente fez assim no Pentecostes, zombando dos Apóstolos e chamando-os de bêbados. Muitos ainda fazem assim quando, comovidos com algum caso de morte (ou fatos idênticos), em vez de rezarem e se confessarem, procuram distrair-se em algum divertimento profano. Deveriam, antes, proceder como Sto. Inácio de Loiola que, depois de sua conversão, se retirou à solidão e rezou a Deus com muito fervor.

b) A graça santificante

O que é a graça santificante?

A graça santificante é a beleza da alma e sua semelhança com Deus, prerrogativas estas que o Espírito Santo concede ao entrar na alma.

A alma que possui a graça santificante se parece com o ferro na brasa. O fogo penetra no ferro e o torna mais belo, reluzente, incandescente, igual ao próprio fogo (e ao ouro). Do mesmo modo a alma, quando nela entra o Espírito Santo, se torna bela e semelhante a Deus. Jesus compara essa beleza da alma à veste nupcial. A nova vestimenta do filho pródigo e a veste alva que se usa no batismo, simbolizam a graça santificante. – A palavra “santificante” indica que esta graça faz o homem santo e agradável a Deus.

Que privilégio alcançamos pela graça santificante?

Pela graça santificante alcançamos os seguintes privilégios: nos tornamos amigos e filhos de Deus e herdeiros do Céu.

Acontece-nos, ao entrar o Espírito Santo em nossa alma, coisa semelhante à que aconteceu no batismo de Jesus Cristo, em que o Espírito Santo desceu sobre ele: Deus Pai nos adota como filhos muito geridos e é aberto a nós o acesso ao Céu.

Que transformação opera a graça santificante na alma?

A graça santificante opera na alma as seguintes transformações: 1) Une a Alma com Deus, 2) Purifica a alma de todos os pecados mortais e 3) desperta a alma para a vida.

1) Assim como o fogo está dentro do ferro incandescente, Deus está na alma do justo. Por isso S. Paulo muitas vezes chama os cristãos de “templos de Deus” O justo está unido a Deus como o ramo da videira à cepa. Desde então começa a produzir frutos para a vida eterna. (As boas obras do pecador são mortas, q. d. não têm recompensa na outra vida). 2) A alma em estado de graça perde os pecados, como o ferro em brasa perde a ferrugem. De pecador o homem passa a ser justo. Esta elevação do homem chama-se “justificação”. 3) A alma volta a possuir aquela vida que perdera em conseqüência do pecado original. Pela graça santificante, por assim dizer, “renasce” espiritualmente. Por isso chama-se ao Divino Espírito “Vivificador”.

Quando se alcança a graça santificante?

Se alcança a graça santificante: 1) recebendo o sacramento do batismo ou da confissão, 2) cooperando seriamente com a graça atual.

1) Os sacramentos do batismo e da confissão são chamados de sacramentos dos mortos, porque reavivam os que estavam espiritualmente mortos. 2) O batismo de Cornélio demonstra como recebe a graça santificante aquele que coopera seriamente com a graça atual. Esta é também a doutrina da Igreja sobre a contrição perfeita. – Podemos aumentar em nós a graça santificante praticando boas obras, fazendo bom uso dos sacramentos e dos meios sacramentais. Tal como o vigor do corpo, a santidade da alma também pode aumentar.

Perde-se a graça santificante pelo pecado mortal.

Acontece à alma que peca mortalmente o mesmo que acontece ao corpo quando a alma o abandona: perde a vida. Se a alma perder a vida (ficando, pois, sem a veste nupcial), não a deixarão entrar para o banquete nupcial do Céu, mas atirarão esta alma às trevas exteriores.

c) Os dons do Espírito Santo.

Que dons outorga o Espírito Santo?

O Espírito Santo outorga:

1) A todos que possuem a graça santificante, sete dons, a saber: o dom da sabedoria, do entendimento, da ciência, do conselho, da fortaleza, da piedade e do temor de Deus.

A luz solar também possui sete cores. O Espírito Santo só concede os sete dons particularmente na crisma. Estes dons aperfeiçoam ou a inteligência ou a vontade. Exemplos: O dom da sabedoria faz com que se reconheça bem a caducidade das coisas temporais, e se considere a Deus como sumo bem. Salomão o possuiu. Dizia ele: “Ó vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”. Teve-a também São Francisco de Assis, que exclamava: “Meu Deus e meu tudo!”. O dom do conselho, por sua vez, faz com que, em casos complicados, se reconheça rapidamente o que se há de fazer de acordo com a vontade de Deus. Vemos este dom em Jesus Cristo que soube prontamente responder à pergunta sobre se deveria ou não pagar o tributo a César. O dom da fortaleza tem a propriedade de robustecer a vontade. Ele faz com que suporte corajosamente tudo, para cumprir a vontade de Deus. Jó, o sofredor, teve este dom; tiveram-n, igualmente, todos os mártires.

2) Algumas vezes dons extraordinários, como o dom dos milagres, das profecias e das línguas.

Os apóstolos tiveram o dom dos milagres; os profetas o da profecia; os apóstolos tiveram o das línguas no dia de Pentecostes. Este último dom Deus o concedeu para reerguimento da verdadeira fé.

d) O Espírito Santo na Igreja.

Como opera o Espírito Santo na Igreja?

O Espírito Santo opera na Igreja do seguinte modo: 1) Protege-a da ruína e do erro, 2) Ajuda o chefe supremo e os demais chefes da Igreja, 3) Suscita, em tempos de perigo, homens de valor e 4) Faz com que, em todos os tempos, haja Santos.

O que a alma é no corpo, o Espírito Santo é na Igreja. Assim como no dia de Pentecostes Ele estava na casa dos santos Apóstolos, está ainda agora na Santa Igreja.