quarta-feira, 1 de maio de 2013

Igreja Única

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946
Igreja Única
14 de Setembro de 1945

            Depois das teses e dos corolários pelos quais vimos que Jesus Cristo fundou uma Igreja e que esta Igreja se conserva em plena atividade até hoje e se conservará até à consumação dos séculos veremos agora a conclusão: só a Igreja Romana é verdadeira Igreja de Cristo.

            Sob o nome de Igreja Romana — designa-se não a diocese ou a província eclesiástica de Roma, mas a sociedade cristã que reconhece a autoridade do Pontífice Romano.
            Argumentemos, pois. — Verdadeira Igreja de Cristo será a que reunir as seguintes prerrogativas: hierarquia — isto é, que tenha Bispos, pastores regendo frações determinadas do rebanho universal — como o foram os apóstolos, dos quais os mesmos Bispos são sucessores. Estes, por sua vez, sujeitos ao Papa, como os apóstolos foram sujeitos a Pedro; e os mesmos Papas são sucessores de Pedro. — Deve ter a autoridade infalível ensinar e o poder supremo de governar. Há de se visível, indefectível, completa. Pois esta é a Igreja que Jesus Cristo fundou. — E só a Igreja Romana satisfaz todas estas condições. Logo, é a única verdadeira.
            Vejamos. É uma sociedade propriamente dita, pois os seus membros tendem para um mesmo fim, pelos mesmos meios e sob a orientação do mesmo Chefe. A reunião desses membros é permanente. As gerações passadas legaram a tradição da fé às gerações presentes... estas conservarão este depósito sagrado, transmitindo-o aos que hão de vir. O fim por todos colimado é a felicidade na outra vida. Para isso a Igreja ensina a seus fiéis a lei de Deus, traça-lhes normas para uma vida mais perfeita, secunda o preceito da oração dado pelo Cristo, continua pregando o Evangelho que, no princípio, foi anunciado pelos enviados do divino Mestre. — A vida da Igreja é fomentada pelos sacramentos, de modo especial a Eucaristia. Introduzido no redil bendito pelo Batismo, o homem, integrado na grande sociedade católica, começa a viver a sua vida e terá sempre o seu amparo, até ao último suspiro.
            A união de toda a Igreja com o Pontífice Romano é inteira, total, absoluta. Os Bispos são eleitos Pela Papa, que lhes designa a respectiva Diocese. Isto sempre se observou. É regra que jamais teve exceção. Nomeados pelo Pontífice Romano e prestando-lhe incondicional submissão e obediência, os bispos formam um todo homogêneo, mantendo, como colunas do Santuário de Deus, a verdadeira harmonia na estrutura espiritual estabelecida pelo Cristo. —- A hierarquia se mantém na Igreja garantindo sua força vital. — À frente de cada Diocese, um Bispo. A este ligam-se os párocos que pastoreiam o rebanho constituído por cada paróquia. Só na Igreja Romana se encontra esta perfeição da hierarquia.
            A nossa Igreja é visível. Esta qualidade é de evidência de luz meridiana.
            Quanto à sua indefectibilidade, atestam-na os historiadores de todos os tempos. Entre a sociedade que Jesus instituiu sobre a célebre pedra angular de que nos fala o Evangelho — e a Igreja atual, não houve jamais solução de continuidade. Papas e Bispos, começando em Pedro e nos apóstolos, vêm-se sucedendo ininterruptamente.
            A independência entre a Igreja e a sociedade civil é notável. Vemo-la desde o início do Cristianismo. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E no decorrer dos tempos inúmeras vezes tem surgido a célebre questão: Igreja e Estado. Onde estes dois poderes estão unidos, a Igreja vive; onde estão separados, a Igreja vive; onde o Estado persegue a Igreja, esta vive e sofre; e, passada a tormenta, ainda se mostra mais pujante e mais forte.
            Não há nenhuma sociedade religiosa que preencha todas estas condições como provam a história, a experiência e o mais sucinto exame da matéria. Logo — a única Igreja verdadeira é a Igreja católica, Apostólica Romana.