(Cristo Rei e Salvador, práticas sobre a pessoa de Nosso Senhor
e o Seu amantíssimo Coração
por Mariófilo, 1937)
O Coração de Jesus pede reparação.
Não podemos negar que a santa Igreja
cerca o tabernáculo de todo o carinho[1].
O que ela possui de mais rico em cerimônias, de mais belo em poesia e música,
coloca-o ao serviço do Santíssimo Sacramento. Com Santo Tomás de Aquino, diz
aos seus filhos:
Quanto podes, tanto o louva;
pois Ele excede o louvor,
nem tu bem louvá-lO podes.
Grande é o numero de fiéis que,
obedientes à santa Igreja, tocados pelo amor excessivo do amantíssimo Coração
de Jesus, cercam o tabernáculo com toda a atenção, fé e amor. É, entretanto,
verdade também que o amantíssimo Coração de Jesus é profunda e frequentemente
ofendido e magoado neste Seu Sacramento de amor. Não lembramos os infiéis, que
nem O conhecem; não lembramos os protestantes, que O negam; nem os maus católicos,
que abandonaram a sua religião; nem quero chamar a vossa atenção para o
afastamento da recepção deste Sacramento por parte de tanta gente ignorante. Fora
disto, quantas ofensas ao divino Coração da parte dos fiéis que lhe deviam
consagrar todo o amor. Estas irreverências na igreja, em particular por ocasião
de casamentos e batizados! Não somente da parte das pessoas que, raras vezes, e
só por ocasião de uma cerimônia extraordinária, entram na igreja; não;
infelizmente, de muitos que conhecem a sua religião, que frequentam sempre a
igreja; oh! como esquecem a santidade do lugar e a presença de Jesus!
Quantos há que entram na igreja como se
entra em um teatro ou no cinema! Mais triste ainda: moços e mocinhas há que
escolhem a igreja para os seus namoros; entram na igreja de braço dado, rindo e
conversando, prouvera a Deus não fossem conversas indignas; sem compostura, sem
modéstia, sem reverência ao lugar, magoam o Coração de Jesus, que, entretanto
arde em desejos de lhes lançar a benção.
Que dizer da assistência à santa Missa?
dessas tantas irreverências, distrações, vaidade e falta de atenção?
E as nossas comunhões? Não deviam ser o
maior consolo para Jesus? Mas, como Lhe dói esta frieza; esta falta de
preparação, a pressa de sair e a pressa de esquecê-lO.
Emocionantes são as queixas que o
Coração de Jesus dirigiu a santa Margarida Maria. "Eis - diz Ele - eis
aqui o Coração que tanto amou aos homens, que nada poupou até se esgotar e
consumir, para lhes testemunhar seu amor, e, em lugar de agradecimento, só
recebe ingratidões da maior parte deles pelas irreverências e sacrilégios,
pelas friezas e desprezos com que me tratam neste meu Sacramento de amor... e,
o que me é mais sensível, é ser Eu assim tratado por corações que me são
consagrados!"
Qual o Coração que ouve tão magoadas
queixas sem sentir grande compaixão por este Coração? Quem não deseja consolar
este Coração amantíssimo? Quem não se sente humilhado, lembrando as próprias
ingratidões que ofenderam o Seu amorosíssimo Coração?
Prestemos-lhe a reparação que Ele pede a
santa Margarida: "Por isto - continua Jesus, - por isto te peço que a
primeira sexta-feira depois da oitava do SS. Sacramento seja dedicada a uma
festa particular em honra do Meu Coração, para lhe darem reparação pelos
indignos tratamentos que tem recebido, fazendo-se para este fim atos de
desagravo e comunhões reparadoras".
Também o papa Leão XIII ensina que
"o fim do culto ao Sagrado Coração de Jesus consiste em reparar, por meio
de atos de adoração, amor e devoção, a ingratidão tão comum entre os homens, e,
pelo Santíssimo Coração de Jesus reconciliar o gênero humano com Deus".
Vamos, pois, atender ao pedido tão
insistente de Jesus, desagravando o Seu Coração ofendido pelas ingratidões dos
homens. Prestemos-lhe a devida reparação. Consolemo-lo com a nossa fidelidade.
Reparemos as irreverências pela nossa piedade e nosso respeito diante do tabernáculo.
Reparemos a falta de devoção de tantos fiéis em assistir à santa Missa, pela
nossa atenção, fé e devoção.
Visitando-O no Seu Sacramento e
adorando-O com fé e respeito, reparemos a indiferença de tantos cristãos, que
não O visitam, que O esquecem e abandonam. Reparemos as irreverências nas
igrejas pelas conversas e maneiras menos respeitosas, mormente da parte da
mocidade, edificando o próximo com o nosso modo respeitoso e devoto. Reparemos
as comunhões recebidas sem preparação, maquinalmente, com frieza e sentimentos
profanos, fazendo a nossa comunhão com todo o fervor possível. Reparemos,
enfim, todas as ofensas que o Seu Coração recebe dos fieis ingratos, consolando-o
pelo nosso amor, gratidão, adoração e fidelidade. Seja o nosso sentir o que
cantamos:
Seja
amado e louvado
De
Jesus o Coração;
Adoremos e lhe demos
Glória, amor, reparação.
Adoremos e lhe demos
Glória, amor, reparação.
[1] Nota
do blogue: Tristemente é possível constatar nos tempos atuais e já de algumas
décadas (piorando a cada dia) que o Santíssimo Sacramento já não é mais tratado
com o carinho e zelo que os Seus “guardiões” (aqui menciono guardiões referindo-me ao clero)
deveriam tratá-lO. É posto de lado nas igrejas, retirado do altar [altar
trocado por uma mesa]; segurado por mãos indignas (ministros e em especial
ministras da Eucaristia [que não têm mãos consagradas para isso]); recebido não
de joelhos, como se Ele não fosse o Rei dos reis... e se realmente Cristo Eucarístico
está presente nessas igrejas é de temer e tremer o grande silêncio da IRA de
Deus. Que Deus se apiede de nós e que seja feita justiça!