Cônego Júlio Antônio dos Santos
O Crucifixo, meu livro de estudos - 1950
A
nobre virtude da esperança transforma-nos de três maneiras.
A
estupidez que fixa os nossos desejos nas coisas terrenas, substitui-a pela ambição
de obter mais do que o universo inteiro, isto é, Deus.
A
preguiça que temos em ganhar o Céu, substitui-a pelo ardor ao trabalho, ao
trabalho da salvação. Enfim, a nossa fraqueza que nos faz desesperar de
alcançar bons resultados nas nossas empresas, substitui-a pela esperança
reconfortante dos auxílios divinos. Pela esperança temos como que uma
alma na nossa alma, uma alma que nos estimula e ampara.
1.º A esperança conduz à prática de virtudes heróicas.
- Na prosperidade, obsta a apegarmos
o nosso coração aos bens deste mundo. "Oh! como a terra me aborrece, exclamava
santo Inácio, quando olho para o Céu".
-
Na adversidade, anima. A esperança da colheita anima o lavrador, o desejo da glória
estimula o soldado; mas a esperança cristã dá uma força sobre-humana; é como uma alavanca que levanta os maiores pesos.
"O
que espera em Deus, diz São Paulo, será paciente nos trabalhos, pois sabe que
as tribulações desta vida não são comparáveis com a futura glória que se
manifestará em nós". (Rom. VIII, 18).
2.
° A esperança conduz à vida eterna.
-
É pela esperança que nos salvamos, diz São Paulo.
Aquele
que tem esperança está seguro acerca da sua salvação como aquele que tem a semente
está seguro acerca da árvore que há de nascer, porque a felicidade está contida
na esperança, diz Santo Tomás de Aquino, como a árvore na semente. No Céu já
não haverá esperança porque aí se possuirão os bens que se desejavam e esperavam.