quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Caridade - Amor de Deus

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Queridos(as) de Deus, 

o blogue A grande guerra vem transcrevendo textos sobre o Catecismo, pois nunca foi tão importante conhecê-lo como nos tempos atuais. Não adianta querermos fazer apologética, entrarmos em discussões diversas se não temos a base que firme a nossa Fé, e essa base quem nos dá é o Catecismo bem sabido e entendido! Oxalá que Deus derrame em nossas almas as graças para bem compreendermos as belezas de nossa doutrina.

Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula
 Cônego Júlio Antônio dos Santos
O Crucifixo, meu livro de estudos - 1950


Caridade
1- Amor de Deus.
2- Amor da Igreja.
3- Amor do Próximo.
4- Amor da Família.
5- Amor da Pátria.

1 - Reunira-se aqui as melhores manifestações do amor de Jesus: Sua Cruz, Sua Hóstia, Seu Coração, assim como o livro dos santos Evangelhos.
2 - Jesus quer Ser conhecido, estudemo-lO no Evangelho; quer Ser imitado; sirvo-nos de modelo o Crucifixo; quer Ser amado; unamo-nos a Ele na Eucaristia: quer Ser oferecido; imolemo-lO no altar e nos sacrifícios da nossa vida.
Que é a caridade?
A caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus na nossa alma, pela qual o amamos sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus.
Assim como Deus nos dá a fé para crermos tudo o que nos revela, porque Ele é a própria verdade, e nos dá a esperança para confiarmos nas Suas promessas, também nos dá a caridade, para O amarmos sobre todas as coisas. Esta virtude é-nos infundida também no batismo.
A caridade tem objeto duplo: primeiro Deus, que amamos por Ele mesmo, acima de tudo o mais; depois o próximo, que amamos por Deus.
Nada foi mais vezes nem mais claramente definido por Jesus Cristo do que esta dupla lei da caridade que é, pode dizer-se, o resumo da religião.
“Amareis, diz Ele, o Senhor vosso Deus; é o primeiro e o maior dos mandamentos. E o segundo é semelhante ao primeiro: Amareis o vosso próximo como a vós mesmos”. (Mat., XXII, 37-39)

1. O Amor de Deus

Não compreendemos nada da religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, se a não concebermos como uma religião de amor.
Deus nos ama e nós O amamos porque Ele é nosso Pai e nós somos Seus filhos.

1.° Deus dá-Se a conhecer a Seus filhos, dá-lhes o Seu retrato: a Criação. - Precisamos ao menos, de um retrato de tão bom Pai. A criação e a conservação do mundo é obra das Suas divinas mãos e, ao mesmo tempo, a imagem dos Seus divinos atributos. Coeli enarrant, Gloriam Dei, o mundo é o reflexo da face adorável de Deus. E reconhecemos nele o retrato de tão bom Pai.
Mas isto é bastante? O retrato da pessoa amada pode bastar àquele que ama? Esta imagem, este retrato de Deus é belo, mas é mudo. Podemos dizer: Se é verdade que sois nosso Pai e que nos amais, falei a Vossos filhos.
2.° Deus fala a Seus filhos: a Revelação. - Depois da criação a revelação. Falou, no paraíso terreal, a nossos primeiros pais, falou a Moisés, na sarça ardente, e falou pela voz dos Profetas. Ele quis que a Sua palavra fosse escrita e por isso a sagrada Escritura contém as cartas de um pai a Seus filhos, cartas cheias de preceitos, de milagres e de promessas de uma herança eterna. Mas, as mais belas cartas de um pai não bastam para satisfazer o afeto de um filho afastado de seu pai. Orvalha com lágrimas essas páginas ditadas pelo amor paternal. Se é um pai cheio de bondade, vem e mostra-Se a Seus filhos.
3.° Deus manifesta-Se visivelmente a Seus filhos: a Encarnação, - É o terceiro dom do seu coração. “O Verbo divino se fez homem e habitou entre nós.” O Seu coração era cheio de ternura, os Seus lábios cheios de verdade, as Suas mãos cheias de benefícios; abençoou, curou e perdoou a muitos. Durante trinta anos passou fazendo bem.
4.° Deus morre pelos Seus filhos: a Redenção. - Não se pode dar maior prova de amor do que morrer por aquele que se ama; Deus deu a Sua vida por nós e é por isso que dizemos: “amou até ao fim!” Depois ressuscita e sobe ao Céu. Mas, um pai bondoso deve viver no meio de Seus filhos, nós somos a Sua grande e universal família. “Não vos deixarei órfãos eis que Eu estarei convosco até à consumação dos séculos”.
5.º Deus fica sempre com Seus filhos: a Eucaristia. Por isso instituiu a Eucaristia para ficar conosco tão real e perfeitamente como está nos Céus. E verdadeiramente Deus conosco e Deus em nós, pela comunhão.
Três coisas podem concorrer para que um dom seja muitíssimo estimável: a grandeza do mesmo dom, o afeto de quem o dá e a utilidade de quem o recebe. Ora a Eucaristia encerra maravilhosamente estas três coisas:

1 - Grandeza do dom da Eucaristia.
Consideremos em primeiro lugar a grandeza do dom: 1.° Criação e conservação. Deus Criador e Senhor tinha dado grandes coisas ao homem. Tinha-lhe dado a existência e todas as coisas necessárias à conservação. Todavia, estes bens, ainda que muito estimáveis, eram de um valor limitado. 2.° Encarnação. Deus Pai amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho único, dom infinito. Porém este dom foi dado imediatamente à humanidade de nosso Senhor Jesus Cristo. 3.º Eucaristia. Mas Ele mesmo devia dar-Se à humanidade inteira, a cada um dos fiéis, em particular. Dá-Se a cada um de nós na Eucaristia. E assim nos comunica quanto tem de riquezas e bens: - o Seu corpo, o Seu sangue, a Sua alma, a Sua divindade, os Seus merecimentos e as Suas virtudes. Posto que fosse infinitamente rico, diz Santo Agostinho, não tinha mais que dar; posto que fosse infinitamente sábio, não sabia que mais dar; posto que fosse infinitamente poderoso, não podia dar mais.
Em comparação de uma tão grande liberalidade de Deus para conosco quão enorme é a nossa avareza para com Ele. Lembremo-nos de que à medida dos benefícios se abusarmos deles, serão, os castigos. Tomemos, pois, a resolução de dar as contínuas graças ao Senhor, por todos os benefícios, sobretudo pelo benefício da Eucaristia e peçamos-Lhe que nos dê um novo espírito e um novo coração para conhecermos e amarmos, cada vez mais, tão grande benfeitor.

2 - Afetos no dom da Eucaristia 
Consideremos o afeto com que Jesus dá este precioso dom. Nisto é que consiste propriamente o benefício, porquanto o afeto com que Se dá é a alma da esmola, e o que se dá é como que o seu corpo.
Foi tão excessivo este amor de Jesus dando-nos a Eucaristia que São João exclama: In finem dilexit! Chegou ao último extremo do amor.
Assim como uma fornalha, pelas chamas que lança fora, dá a conhecer os ardores que em si contém; a divina caridade com que Jesus Cristo instituiu este augusto sacramento, se dá a conhecer pelo tempo, pelo modo e dificuldades que venceu para esta instituição.
1.° Tempo. - Precisamente na ocasião em que os homens tratavam de dar a Jesus uma morte crudelíssima, é que Ele lhes quis dar o manjar da vida; quando os homens queriam fazê-lO desaparecer do mundo é que Ele inventou um meio de ficar no mundo até à consumação dos séculos. In qua nocte tradebatur accepit panem (I Cor. Xl, 2-J).
2.° Modo. - O modo como a instituiu foi sob as espécies do pão e do vinho, à maneira de alimento para mais intimamente Se unir a nós; porque assim como não há maneira de separar da nossa substância o alimento que foi assimilado, assim também não há força que possa separar-nos do mesmo Jesus Cristo.
3.° Dificuldades. - O Seu amor manifesta-se sobretudo nas dificuldades que venceu para nos fazer tanto bem. Portanto, apesar de prever que, através dos séculos, estaria sujeito a muitas irreverências, desprezos e sacrilégios, quis expôr-Se a sofrer tudo para Se unir às nossas almas. Convém notar que esse desejo era tão ardente que o Evangelista não o pode exprimir senão no balbuciar de um pleonasmo - Desiderio desideravi. (Luc. XXII, 15).
Assim como Nosso Senhor não Se deixou vencer por dificuldade alguma para nos fazer bem, assim também nós, enquanto nos durar a vida, façamos por corresponder às obrigações do reconhecimento.
Tomemos, pois, a resolução de comungar com frequência, à custa mesmo de todos os sacrifícios. “Se eu tivesse de caminhar descalça, todos os dias, por cima de uma estrada de fogo para ir comungar, dizia santa Margarida Maria, custava-me menos isso do que ficar sem comunhão.”

          3 - Utilidade do dom da Eucaristia 
Nos outros sacramentos, Nosso Senhor comunica-nos a Sua graça por meio das criaturas, neste Sacramento dá no-la por Suas próprias mãos. Ilustra com a Sua divina presença o nosso entendimento, inflama o nosso coração e reprime as nossas paixões e os nossos sentidos e deixa, no nosso corpo, um germe de ressurreição para a vida eterna.
Neste Sacramento comunica-nos todos os bens, em Seu corpo, sangue, alma e divindade, e esse capital imenso de merecimentos adquiridos durante a Sua vida, Paixão e morte.
Renova em cada pessoa os efeitos que a Sua Paixão produziu no mundo. Devemos confundir-nos em O recebermos tão poucas vezes e tirarmos tão pouco fruto das nossas comunhões. Tomemos, pois, a resolução de comungar muitas vezes, com a devida preparação e ação de graças.