terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O BOM COMBATE NA ALMA GENEROSA - Parte XXXV

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

O BOM COMBATE 
NA
ALMA GENEROSA

Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas


DO GETSÊMANI AO CALVÁRIO

Alma ditosa, o que desejas? Ouço que Me dizes: Amar-te, Senhor, como vós Me amais! Sim, alma Minha, este teu desejo Me é muito agradável. Perguntas-me se é difícil Me amar? Não, alma ventu­rosa, não é difícil, pois amar-Me depende somente de tua boa vontade. Escuta como os anjos cantam na terra paz aos homens de boa vontade! Vejo, Minha filha, que está ansiosa para que te ensine a Me amar. Como isto Me agrada. Ouve bem, retira-te à solidão de Meu Coração, porque o teu é muito pequenino, para encerrar a Minha imensidade.


Vou-te encerrar no Meu Coração amargurado no Getsêmani e aí dar-te-ei uma lição de amor.
Em verdade te digo, se estiveres bem atenta, saíras daqui forte, sabendo-Me amar um pouco mais.

Muitas almas Me perguntam: Como vos amar? Como se ama, Senhor?

Escuta, Minha dileta, como se ama. Ama-se como Eu amo e como Eu amei no Sacrifício. Entra, alma que Me ouves, no Meu Coração amargurado, e diz-Me o que estás sentindo.

Oh! Se tua união comigo ainda não é perfeita e não te deixa experimentar uma gota do meu cálice amargo, ao menos escuta Meu Coração te falar. O Meu amor é tanto e tão forte, que Me fez abraçar todas as ignominias, todos os desprezos, os mais vis e nojentos. Ó Minha dileta, vê que cálice amaríssimo, que cálice nojento tenho de beber! Vê quanta imundície neste cálice, vê a asquerosidade desta matéria horripilante, que sai da boca dos impudicos, dos blasfemos, dos escandalosos, dos suicidas, dos sectários, dos perseguidores de Minha Igreja, dos profanadores de Minha casa e de Minhas santas leis, enfim de todos os pecadores, vê que cálice tenho de beber! Oh! Como Meu Co­ração e Minha alma gemem sob este peso e à vista deste cálice. Ó alma que desejas uma lição de amor, aqui tens esta lição. Por amor bebi este cálice até a ultima gota! O amor tirou-lhe seu amargor? Ah! não, mas o amor foi o cálice que serviu para reunir todas essas imundícies e bebei-as até o fim! Oh! admirável lição de amor! O amor não diminuiu a dor, mas é o cálice de ouro, que faz adoçar as penas diante de Mim!

Vê, alma, como se ama no Sacrifício apresentado pelo amor!

Triste até a morte! Sim, uma tristeza mortal invadiu Minha alma e Meu Coração ardente de Sacrifício, transbor­dante de amor! Como se pôde explicar isto? Triste, um Deus que desejava dar a vida com tanto ardor?

Perguntas, ó alma que Me ouves: Porque fiquei nesta tristeza mortal?

Vais receber uma outra lição de amor. Fiquei nesta tristeza mortal por causa de Meu grande amor para com as almas.

Ah! quando vi muitas se perderam, quase desfaleci de dor! Ver um filho perder-se para sempre, oh! que dor!

Foi tão grande a Minha dor, que transbordou nas lágri­mas de sangue e no suor abundantíssimo, que brotou de meu corpo!

Que lição de amor, alma que desejas aprender a Me amar! Oh! o amor, quando é verdadeiro para comigo, faz com que meus servos sintam imensa pena, quando vêem a alma se perder.

Oh! alma, que desejas aprender a Me amar, tens estes; sentimentos de teu Jesus e de Meus verdadeiros servos?
Ou és indiferente quando se trata de negócio tão impor­tante — a salvação das almas?

Quem sabe dizes que Me amas e que desejas Me amar; entretanto pouco te importas, quando se trata da salvação das almas!

Não é assim que Eu procedi. Não Me vês aqui prostrado por terra vergado sob o peso da esmagadora cruz?!

Oh! alma que tanto desejas Me amar, aprende aqui como se ama, não te iludas, é na dor que se ama, pois, na dor te provei Meu amor, ah! repito, não te iludas, porque não há amor sem dor.

Desejas mais lições de amor? Ouço que Me dizes que sim.

Escuta então com atenção. Muitas almas Me dizem: Senhor, eu Vos amo, desejo dar minha vida para Vos provar meu amor, mas não é isso que mostram quando chega a hora da realidade, a hora da prova!

Dizem-Me: Meu Jesus, tudo, menos esta dor, menos esta provação! O que dizes, alma que Me ouves, destas que assim procedem? As que assim procedem estão muito anê­micas no amor, porque quando chega a hora sagrada de M’o testemunharem, não têm forças, nem confiança. Sim, confiança, porque a alma, ainda que se sinta fraca, se tiver confiança em Mim, resistirá, porque sabe que não são suas forças naturais, que lhe darão as energias necessárias para resistir, mas sim, a Minha graça, que tudo pode.

Alma, que Me ouves, Eu também no Getsêmani, quase desfaleci de dor e de pena, porém, confiei no Pai e o Pai Me enviou um Anjo, que confortou Minha natureza enfraquecida pela força da dor.

Como, dirás tu, não tinhas dentro escondida na tua natureza a Divindade?! Sim, Minha Divindade estava escon­dida dentro de Minha natureza humana, mas, se pedi auxílio ao Pai, foi para te ensinar a pedir e para mostrar aos homens, que, sendo Deus, não deixei de sofrer na Minha natureza humana. A natureza divina não sofreu, porque esta não pode sofrer, eis o motivo porque tomei a natureza humana, para poder sofrer e assim dar-vos as mais belas lições do Amor!

Alma, que Me ouves e que tanto desejas saber Mo amar, aqui no Getsêmani tens admiráveis lições de amor! Veja como Eu desfaleci de pena, e por terra banhado em sangue, desejei os Meus amigos ao meu lado. Eis porque, depois que pude levantar, fui à sua procura e lhes disse: Nem ao menos pudestes velar uma hora comigo?! Achando-os dormindo, Meu Coração se entristeceu, porque, amando-os, desejava que se compadecessem de Mim!

Filha Minha, quem sabe muitas vezes também te entris­teces, quando te sentes fraca e vergada sob o peso de uma cruz; procuras então os teus verdadeiros amigos, para que te ajudem!

Será que isto Me entristece? Ah! não, com isso pro­curas força para melhor sofrer, o que é salutar e não condeno, porque sou Eu que suscito tantos cireneus para as almas, que continuam a Minha Sagrada Paixão, por isso, quando tiveres necessidade de um cireneu, não te entris­teças, lembra-te aqui de Minhas lições neste Horto de dor e angústias!

Eu também fui à procura de Meus amados amigos e exclamei: Pai, se é possível afastai de mim este cálice, mas que a Vossa vontade se cumpra e não a Minha.

E qual era a Minha vontade?

A Minha vontade é a do Pai, e a do Pai é a Minha, porém como Minha natureza e Minha alma repeliam a dor, o Pai enviou-Me o anjo mensageiro de Sua vontade a dizer- Me: Bebe até a última gota do cálice, porque esta é a von­tade de Vosso Pai, esta é a Vossa vontade também de morrer crucificado, ainda que Vossa natureza pareça desfalecer. A vontade do Pai, que é a Vossa, vos levará a abraçar a igno­minia e a dor!

Oh! alma que Me ouves, o anjo assim Me falou; não à Minha divindade, mas, sim, à Minha alma, que se achava em agonia, falou à Minha natureza humana, que se achava vergada sob o peso dos pecados da humanidade!

Vê que lição admirável para ti; sendo Deus pedi auxí­lio; sendo Deus, um anjo veio-Me dar conselho e força!

Ó lição de humildade! Portanto porque te assustas? Porque tens necessidade dos conselhos e da força dos Meus anjos, que são os Meus Ministros? Mas, eles são os anjos que ponho à disposição das almas, que desejam ser perfeitas.

Podia o próprio Pai falar comigo e levantar Minha natureza humana, mas Ele enviou um anjo, para te dar hoje esta lição de humildade. Sim, se desejas andar com segurança, consulta estes anjos que mereçam este nome, porque, por infelicidade, não são todos, que merecem Mi­nhas luzes! Quando desejares consultar um destes anjos, vê e prescruta se ele tem vida interior, se se entretém comigo, porque se isto não fizer será só pedra de escândalo.

Alma que Me ouves, quantas lições de amor no Meu Coração! Grava-as bem no teu coração e na tua alma; sê diligente e confiante, porque ainda que caias muitas vezes, tens-Me a Mim como Pai, Amigo e Esposo para depressa te levantar e continuares a tua jornada.

Desejas mais lições? Ouço que Me dizes: Sim, ó meu Deus, desejo ser instruída para saber-Vos amar. Como estes teus desejos Me agradam, vou-te conduzir à entrada do Getsêmani, aonde fui ao encontro dos soldados.

Que lição admirável para tua alma, que tanto deseja Me amar.

Sabendo que a hora estava próxima, Eu mesmo fui ao encontro da soldadesca, dizendo-lhe: A quem procurais? Aqui está quem procurais.

Depois de lhes ter mostrado que era Deus, entreguei-Me a ela como um manso cordeiro, porém não Me receberam como manso cordeiro, porque Me amarraram com tanta crueldade, que Me enterraram a corda na carne. 0’ lição admirável de amor!

Alma que Me ouves, há poucos instantes na visão do futuro, tinha presenciado os algozes Me torturando, Me amarrando, Me flagelando, tudo isto Me deixou em agonia; porém não deixei de ir ao encontro do martírio! Vê como se ama e no meio do sacrifício e da humilhação! Antes dos soldados Me prenderem, o pobre Judas Me osculou na face, e Eu não rejeitei seu ósculo, não o lancei por terra, nem tão pouco mudei de fisionomia! Com a Minha calma ha­bitual e própria de um Deus feito homem, disse-lhe: Amigo a que vieste? É com um ósculo que Me trais?!

Amigo!... Com que amor pronunciei esta palavra “Amigo”! Sim, sua alma criada para o céu, custava-Me imenso vê-la presa pelas garras infernais! Oh! dor! Apesar de ser Deus e de ter usado para com ele de tanta caridade e mansidão, Judas se perdeu! O que é isto?

Alma que Me ouves, o homem se salva somente se tem vontade de se salvar, e Judas não quis se salvar! Eis porque Eu não pude fazer coisa alguma em favor daquele coração empedernido, porque está decretado que só os homens de boa vontade serão salvos. Eu respeito a liberdade dos ho­mens, o que explica que Judas não se salvou porque não quis, apesar de Eu lhe falar e ele tocar com seus lábios na Minha sagrada Face! Quantos pecadores, ao contato com uma relíquia de um santo, se convertem! É que são de boa vontade, Minha graça os comove e se convertem. Quem não quer porém se salvar, morre nos seus desvarios e cri­mes, apesar de meu desejo de a todos salvar.

Prossigamos nas lições de amor. Como um manso cor­deiro Me entreguei aos inimigos! Alma que tanto desejas aprender a Me amar, vê como se ama, entregando-Me às mãos dos algozes mansamente e por amor! Sim, foi o meu grande amor por ti, que Me levou à entrega total de todo o meu ser à dor, e, como um cordeirinho, sem nenhuma repulsa. Apesar de ser Deus e Soberano Senhor de todo o criado, entreguei-Me, dizendo ao Pai: Eis aqui o Cordeiro expiatório, impetratório e satisfatório; não Me poupeis, porque desejo povoar o vosso reino.

Alma, que tanto desejas aprender a Me amar, é assim que se ama. Fazes tu assim na hora do Sacrifício ou mostras contrariedade, faltando a mansidão, virtude predileta de Meu Coração, e que faz brilhar as obras de Meus verda­deiros servos diante de Mim?

Se desejas Me amar, faz o que Eu fiz; entrega-te nas mãos de teu Deus mansamente, sem repulsas, nem contra­riedade; vê em tudo que te acontece o teu Deus, e se assim fizeres, és mestre no amor, porque só se pode amar nas obras, na dor, na tribulação, enfim em tudo que seja tra­balho ou oração, que custe. Vê como o que te digo é uma realidade. O Amor desceu à terra e tornou uma natureza humana, para, por meio dela, sofrer, padecer, chorar e morrer para mostrar-te quanto te ama! Sim, a minha encarnação no seio de Maria é um surto de amor! Vê como a dor e o Sacrifício são o transbordamento do amor operoso.

Entreguei-Me aos algozes mansamente, porque a man­sidão é reflexo de bondade e de verdadeira caridade, de que está repleto o Meu Coração.

Vede o apóstolo dizendo: Deus é todo caridade, eis porque Me entreguei delicadamente à Mansidão Divina. A natureza a faz agradável a Deus, por isso se desejas perfu­mar todo o teu ser, pratica esta virtude, porque és templo da Santíssima Trindade. Sim, está escrito: A todo aquele que guardar minha palavra e a puser em prática viremos a ele e nele faremos nossa morada, (S. João), portanto, como morada nossa, deves te esmerar em perfumar todo o teu ser. Para serem morada de um Deus, certas almas vivem a se lastimar, dizendo como amarei a meu Deus, pois não o sei amar! As almas que assim exclamam, digo-lhes: Fazei o que Eu fiz e sereis mestres no amor. Para Me amar não é preciso ter arroubos, nem tão pouco Me ver com os olhos do corpo, nada disto é necessário; para Me amar é neces­sário fazer somente o que Eu fiz, trabalhar, rezar, aceitar o sacrifício, a obediência, a humildade e tudo por amor e com mansidão, dando tempo ao tempo e cada coisa na sua hora determinada. É assim que se ama, é assim que Eu te amei e te amo.

Vê, alma que Me ouves, que lições admiráveis de amor! Agora não podes dizer que não sabes como me hás de amar.Vamos aos tribunais, onde uma sacrílega mão se levan­tou contra Mim, esbofeteando o próprio Deus! Que dizes aqui, de um Deus que se deixa assim humilhar, permitindo a um pobre infeliz que lhe ferisse a Sua sagrada Face com uma tremenda bofetada? Que dizes da resposta de teu Jesus aos algozes: Se fiz mal, dizei-Me em que, e se fiz bem, porque Me feris? Ó lição admirável de teu Deus, lição de humildade. Se fiz mal, dizei-Me em quê? Podia lhe dizer: Vede que estais ferindo o Filho de Deus, mas, não; com toda a humildade perguntou-lhes: Se fiz mal, dizei-Me em quê? Quis provar-lhe que em Mim não havia culpa, e isso com toda a humildade! Vê, alma que Me desejas amar, que é na santa humildade que Me podes mostrar o teu amar. Quantas ocasiões tens de praticar esta virtude! Quantas vezes fores interrogada pelos teus Superiores como proce­derás? Deves proceder com toda humildade, mostrando a verdade, e depois acrescentando se faz mal, dai-Me uma penitência; e isso ainda que estejas inocente, porque o merecimento está em ser inocente e passar por culpado! Vê quantas lições de amor! Alma que Me ouves, não seria melhor provar diante dos juizes que era Deus, obrando um prodígio ou sepultando as falsas testemunhas, que Me acusavam de ser um endemoninhado, um profanador da lei de Moisés?! Não seria melhor naquela hora transfigurar-Me como no Monte, para que seus olhos se abrissem? Ah! não; sendo o Rei da humildade, o fui até o fim; não quis poupar-Me!

Se com os prodígios operados se convertessem, os que ali se achavam, os teria feito, mas, perscrutando seus cora­ções, compreendi que de nada valeria tudo o que Eu fizesse; por isso não devia poupar-Me Sacrifício, e assim morri no desprezo e na humilhação, passando diante dos juízes, como um hipócrita, como um embusteiro, conforme diziam eles: Se fosse o que Ele diz que é, não permitiria que O prendessem, não estaria na nossa presença! Pobres infelizes, cegos pela paixão do orgulho e de tantos outros vícios, não puderam ver que quem estava na sua frente era o Deus dos exércitos, o Rei dos Reis, que, não havendo humilhação no céu, a veio procurar neste mundo para pa­tentear aos homens seu amor! Vê como se ama!

É na folhagem verdejante que a violeta se esconde! Sim, na Minha sagrada humanidade escondi Minha Divin­dade e Meu poder, para assim sofrer, como vítima expia­tória de todos os pecados da humanidade.

Herodes desejava-Me ver, para que diante dele ope­rasse um prodígio. Pobre Herodes, nem ao menos teve um olhar meu, porque seu coração achava-se obsecado pelo orgulho e impureza, dois terríveis pecados, que Me fazem fugir de quem os pratica!

Eu só opero milagres com quem é na realidade humilde e puro. Podia operar o maior dos milagres ante aquele infeliz, ele porém não se converteria, porque, como já ficou dito, só os que desejam a salvação serão salvos.

Vê, alma que Me ouves, a suavidade da santa humil­dade. Se na realidade fores humilde, terás a ventura de ver meus prodígios nas tuas obras e na tua própria alma, ouvindo-Me e sentindo-Me como teu verdadeiro Pai, Amigo e Esposo. Portanto, pratica esta bela virtude com amor e serás mestra no amor.

Prossigamos as nossas lições de amor, em que o Meu amor se saciou na dor! Vamos à Flagelação, onde fui esfo­lado vivo pela força dos algozes! Pilatos, desejando-Me livrar da morte, quis-Me apresentar ao povo, depois de flagelado, para ver se de Mim se compadecia ele. Eis porque dá ordem aos soldados que Me flagelem conforme a lei; mas para Mim não houve lei! Instigados pelas paixões, flagelaram-Me até Me verem coberto com o Meu próprio Sangue!

Que dizes desta barbaridade, alma que Me ouves?! Porque permiti tamanha crueldade?! Porque desejava ser saciado de dor para mostrar-te como se ama! Sim, vê aqui como se ama!

Prossigamos nas nossas lições de amor.

Na Minha sacratíssima cabeça puseram uma coroa de pontiagudos espinhos! Bebi nesta hora na fonte da dor, para saciar o Meu amor. Se não tivesse usado de Minha divindade para mais sofrer, não resistiria à dor que os espinhos Me causaram. Sendo a cabeça uma parte tão deli­cada do corpo humano, os algozes se esmeraram em fabricar um tormento especial! Sendo a cabeça, onde se ani­nham os maus pensamentos nascidos do coração corrupto, ei-la sofri os mais horríveis tormentos, porque além da dor causada pelos espinhos, sofri um tormento especial por cada pecado cometido pelos sentidos, e isto por cada um de vós em particular! Podes avaliar, alma que Me ouves, quais os Meus tormentos nesta coroação de espinhos! Para Mim esta hora tremenda de dor foi um festim, porque Meu amor pode ser saciado! Sim, o amor deseja se expandir e nesta hora bendita, Meu amor pode se expandir, sendo saciado na dor!

Vê, como se ama! Na dor te provei meu amor; é na dor que também Me podes provar o teu. Não te digo que fabriques cruzes, mas ao menos recebe com alegria as que te são dadas, lembrando-te que a dor e a aflição são mensageiras, que Me podes enviar para dizer-Me que Me amas!

Almas há que, quando se acham na dor, ficam tristes, porque, dizem, não posso rezar!

Pergunto aqui a estas almas: Haverá melhor oração do que por Meu amor suportar a dor? Esta oração é a mais meritória, é a mais agradável a Mim, porque foi na dor que vos abri as portas da Jerusalém celeste. Não foi no monte Tabor que vos abri as portas da Cidade Santa, mas, sim, quando expirava no alto da Cruz, no meio das mais cru­ciantes angustias!

Vede, almas que não conheceis o valor da dor, como ela é meritória e como nela se pôde patentear melhor o amor! Oh! alma que Me ouves, desejas aprender a Me amar? Deseja então como teu Jesus ser saciada no festim da dor, porque a dor para o amar é um saboroso festim, que, ape­sar de ser festim, não deixa de ser dor e de custar às vezes lágrimas amargas, porém sempre é festim, porque o amor pôde patentear a quem ama que seu amor é real.

Prossigamos. Vamos ao caminho do Calvário colher novas lições para poderes aprender mais um pouco a ciência das ciências, que consiste em Me amar.

Pilatos apresentou-Me ao povo e este gritou: Seja cruci­ficado; e não se contentando em Me ver esfolado, desejava Me ver morto, porque o pecado desejava matar-Me. Infeliz pecado! Não sabia que morrendo Eu, ele seria esmagado! Pilatos, não achando culpa em Mim lavou suas mãos e Me entregou ao ódio infernal, e como feras indômitas se arremessaram contra Mim, desejando saciar seu ódio, tirando-Me a vida! Pobres e infelizes, não sabiam eles que na Quinta-feira Santa tinha já operado o maior dos mila­gres, ficando com os homens de boa vontade até o fim dos séculos, no Sacramento da Eucaristia, enquanto um sacer­dote Me chamar às suas mãos, naquilo que há de mais sim­ples, um pedaço de pão!

Ó alma que Me ouves, vê que lição admirável de amor! A mais sublime prova de amor — a instituição do divino Sacramento, onde Me dou às almas, como alimento, podendo assim fartá-las de Meu santo e puro Amor! Que admirável prova de amor aqui te dei! O amor tende para a união, por isso, ficando convosco até o fim dos séculos, todos os homens de boa vontade podem ser íntimos comigo!

Porém aquele povo não quis ver meus prodígios, cego pelo ódio de suas paixões, pensou que, dando-Me à morte, não teria mais quem o censurasse! Eis porque se alegraram, quando Me viram nas suas mãos!

Foi uma zombaria! Diziam eles: Se fosse profeta, se fosse o Filho de Deus não se deixaria assim flagelar, e agora foi condenado à morte, e dela não se livra, e em tremen­das gargalhadas zombavam de Mim! E Eu como um manso cordeiro, açoitando tudo generosamente por teu amor! Que dizes aqui, alma que Me ouves, serias tu capaz de te calar por ocasião como esta, achando-te inocente e tendo em tuas mãos o poder de te livrares de tal humilhação?

Como procederias? Procederias dizendo a verdade, justificando-te e livrando-te da morte humilhante! Porém teu Deus assim não fez, calou-se, e neste silêncio adquiriu para ti força para também te calares em horas semelhantes! Teu Jesus nesta ocasião provou-te seu grande amor!

Vê que lição admirável para Me provares teu amor, quando, como Eu, fores injustamente caluniada e quando mofarem de teu modo de proceder.

É assim que se ama e não há outro caminho para o verdadeiro amor.
Grava bem na tua alma estas divinas lições, não as esqueçais mais.
Seja crucificado e Ele mesmo carregue a Cruz, em que vai ser crucificado!

Assim que a populaça isso gritou, apresentaram-Me um enorme madeiro, no qual devia morrer!

À vista de tão vil instrumento, alegrei-Me, porque nele havia de estender Meus braços, convidando a todos para o Meu reino.

Oh! alma que Me desejas amar, vê que lição admirável para ti, quando a cruz te parecer dura, como foi a Minha; lembra-te que ela foi por Mim abraçada, e como deves amar o que teu Esposo abraçou. Além disto, deves saber que a Cruz é a mensageira de Minha misericórdia. Sim, foi na cruz que usei de tanta misericórdia! Não Me vês na Cruz, perdoando a todos?

Meu Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem. Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso, João, eis aí a tua Mãe, Mulher eis aí teu filho, vê, portanto, alma que tanto desejas Me amar como a Cruz é a mensageira da mise­ricórdia! Que lições admiráveis aqui te deixo.

Alma Minha, abraça, portanto, a cruz de cada dia, se desejas ser verdadeira amante de teu Deus, que não se poupou para te ensinar como se ama.

Vamos colher mais algumas lições para ti. Vamos ao caminho do Calvário. Carregando a Cruz pesada de todos os pecados da humanidade, já sem forças, apresenta-se a Mim o que tinha de mais caro neste vale de lágrimas, Minha bendita Mãe, envolta em um véu de tristeza inexplicável, apenas transbordando em lágrimas, imagem de Sua grande dor! Quando Meus olhos puderam fitar os Seus, quase desfaleci de pena, vendo Minha tão terna Mãe em tanta dor, por ver-Me em tão lastimoso estado! Maria não proferiu palavra! Seu silêncio falou-Me e a Mãe e o Filho se entenderam.

Sim, Maria leu no Meu Coração e Eu li no Seu! E no nosso doloroso silêncio quantos tesouros armazenamos para hoje com eles vos enriquecer!

Alma que Me ouves, será que Eu tenho um Coração insensível para proceder desta forma!?

Não poupei Minha própria Mãe para dar-te mais uma prova; usar desta forma com Minha Mãe, cujo coração é mais terno, mais amoroso do que o de todas as Mães reunidas do universo? Porque não tive compaixão, poupando-A desta grande dor? Ali! é porque o amor por vós assim o exigia; queria deixar-vos uma Mãe e uma Mãe cheia de merecimen­tos, eis porque a fiz participante de Meus tormentos e das Minhas angústias!

Não poupei Minha própria Mãe para dar-te mais uma prova; usar desta forma com Minha Mãe, cujo coração é mais amar! É assim que se ama e não há outro caminho para o real amor!
Sim, a estrada real do amor é a dor; grava bem na tua alma estas admiráveis lições e serás mestra no verdadeiro amor.

Vamos colher mais algumas lições de amor. Subamos o Gólgota — Monte Sagrado onde patenteei à humani­dade Meu infinito amor!

Escuta como o verdadeiro amor se mostra por diver­sas formas.

Perdoar aos que nos ofendem é a mais admirável prova de amor, portanto alma que desejas tanto Me amar, vê que sublime lição para ti, perdoando não aos teus amigos, por­que perdoar aos que nos ama é muito fácil, mas perdoar aos que nos odeiam, aos que, como assim desejavam ver-Me morto, isto é que se chama verdadeiro amor, portanto o perdão é a manifestação mais cabal e mais real do verda­deiro e sólido amor!

Porque Eu pedi perdão para os algozes? Porque os amava e porque os amava desinteressadamente! Sim, amo o homem sem outro interesse, a não ser o de vê-lo feliz. Eu não tenho necessidade de Minhas criaturas, mas Eu as amo, porque foram criadas para gozar de nossa felicidade.

Vê, alma que Me ouves, que admiráveis lições de amor. Sem interesse vos amo e ainda assim sou desprezado, sou repelido! Oh! Ainda assim Eu vos amo, porque sois Meus filhos, resgatados com o Meu Sangue!

Ah! Por amor de vossas almas, amai-Me e sereis felizes, e tu alma que Me ouves, tens agora lições admiráveis! E se fizeres o que aqui te ficou dito, serás douta no amor e teu doce Jesus te abençoará eternamente pelas mãos da Rainha do Amor, Maria, Minha terna Mãe.

Do Reino do Verdadeiro Amor.

26-10-1931.