Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
O BOM COMBATE
NA
ALMA GENEROSA
Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas
DO GETSÊMANI AO
CALVÁRIO
Alma
ditosa, o que desejas? Ouço que Me dizes: Amar-te, Senhor, como vós Me amais! Sim,
alma Minha, este teu desejo Me é muito agradável. Perguntas-me
se é difícil Me amar? Não, alma venturosa, não é difícil, pois amar-Me depende
somente de tua boa vontade. Escuta
como os anjos cantam na terra paz aos homens de boa vontade! Vejo, Minha filha,
que está ansiosa para que te ensine a Me amar. Como isto Me agrada. Ouve bem,
retira-te à solidão de Meu Coração, porque o teu é muito pequenino, para
encerrar a Minha imensidade.
Vou-te
encerrar no Meu Coração amargurado no Getsêmani e aí dar-te-ei uma lição de
amor.
Em
verdade te digo, se estiveres bem atenta, saíras daqui forte, sabendo-Me amar
um pouco mais.
Muitas
almas Me perguntam: Como vos amar? Como se ama, Senhor?
Escuta,
Minha dileta, como se ama. Ama-se como Eu amo e como Eu amei no Sacrifício.
Entra, alma que Me ouves, no Meu Coração amargurado, e diz-Me o que estás sentindo.
Oh!
Se tua união comigo ainda não é perfeita e não te deixa experimentar uma gota
do meu cálice amargo, ao menos escuta Meu Coração te falar. O Meu amor é tanto
e tão forte, que Me fez abraçar todas as ignominias, todos os desprezos, os
mais vis e nojentos. Ó Minha dileta, vê que cálice amaríssimo, que cálice
nojento tenho de beber! Vê quanta imundície neste cálice, vê a asquerosidade
desta matéria horripilante, que sai da boca dos impudicos, dos blasfemos, dos
escandalosos, dos suicidas, dos sectários, dos perseguidores de Minha Igreja,
dos profanadores de Minha casa e de Minhas santas leis, enfim de todos os
pecadores, vê que cálice tenho de beber! Oh! Como Meu Coração e Minha alma
gemem sob este peso e à vista deste cálice. Ó alma que desejas uma lição de
amor, aqui tens esta lição. Por amor bebi este cálice até a ultima gota! O amor
tirou-lhe seu amargor? Ah! não, mas o amor foi o cálice que serviu para reunir
todas essas imundícies e bebei-as até o fim! Oh! admirável lição de amor! O
amor não diminuiu a dor, mas é o cálice de ouro, que faz adoçar as penas diante
de Mim!
Vê,
alma, como se ama no Sacrifício apresentado pelo amor!
Triste
até a morte! Sim, uma tristeza mortal invadiu Minha alma e Meu Coração ardente
de Sacrifício, transbordante de amor! Como se pôde explicar isto? Triste, um
Deus que desejava dar a vida com tanto ardor?
Perguntas,
ó alma que Me ouves: Porque fiquei nesta tristeza mortal?
Vais
receber uma outra lição de amor. Fiquei nesta tristeza mortal por causa de Meu
grande amor para com as almas.
Ah!
quando vi muitas se perderam, quase desfaleci de dor! Ver um filho perder-se
para sempre, oh! que dor!
Foi
tão grande a Minha dor, que transbordou nas lágrimas de sangue e no suor
abundantíssimo, que brotou de meu corpo!
Que
lição de amor, alma que desejas aprender a Me amar! Oh! o amor, quando é
verdadeiro para comigo, faz com que meus servos sintam imensa pena, quando vêem
a alma se perder.
Oh!
alma, que desejas aprender a Me amar, tens estes; sentimentos de teu Jesus e de
Meus verdadeiros servos?
Ou
és indiferente quando se trata de negócio tão importante — a salvação das almas?
Quem
sabe dizes que Me amas e que desejas Me amar; entretanto pouco te importas,
quando se trata da salvação das almas!
Não
é assim que Eu procedi. Não Me vês aqui prostrado por terra vergado sob o peso
da esmagadora cruz?!
Oh!
alma que tanto desejas Me amar, aprende aqui como se ama, não te iludas, é na dor
que se ama, pois, na dor te provei Meu amor, ah! repito, não te iludas, porque
não há amor sem dor.
Desejas
mais lições de amor? Ouço que Me dizes que sim.
Escuta
então com atenção. Muitas almas Me dizem: Senhor, eu Vos amo, desejo dar minha
vida para Vos provar meu amor, mas não é isso que mostram quando chega a hora
da realidade, a hora da prova!
Dizem-Me:
Meu Jesus, tudo, menos esta dor, menos esta provação! O que dizes, alma que Me
ouves, destas que assim procedem? As que assim procedem estão muito anêmicas
no amor, porque quando chega a hora sagrada de M’o testemunharem, não têm
forças, nem confiança. Sim, confiança, porque a alma, ainda que se sinta fraca,
se tiver confiança em Mim, resistirá, porque sabe que não são suas forças naturais,
que lhe darão as energias necessárias para resistir, mas sim, a Minha graça,
que tudo pode.
Alma,
que Me ouves, Eu também no Getsêmani, quase desfaleci de dor e de pena, porém,
confiei no Pai e o Pai Me enviou um Anjo, que confortou Minha natureza enfraquecida
pela força da dor.
Como,
dirás tu, não tinhas dentro escondida na tua natureza a Divindade?! Sim, Minha
Divindade estava escondida dentro de Minha natureza humana, mas, se pedi auxílio
ao Pai, foi para te ensinar a pedir e para mostrar aos homens, que, sendo Deus,
não deixei de sofrer na Minha natureza humana. A natureza divina não sofreu,
porque esta não pode sofrer, eis o motivo porque tomei a natureza humana, para
poder sofrer e assim dar-vos as mais belas lições do Amor!
Alma,
que Me ouves e que tanto desejas saber Mo amar, aqui no Getsêmani tens admiráveis
lições de amor! Veja como Eu desfaleci de pena, e por terra banhado em sangue,
desejei os Meus amigos ao meu lado. Eis porque, depois que pude levantar, fui à
sua procura e lhes disse: Nem ao menos pudestes velar uma hora comigo?! Achando-os
dormindo, Meu Coração se entristeceu, porque, amando-os, desejava que se
compadecessem de Mim!
Filha
Minha, quem sabe muitas vezes também te entristeces, quando te sentes fraca e
vergada sob o peso de uma cruz; procuras então os teus verdadeiros amigos, para
que te ajudem!
Será
que isto Me entristece? Ah! não, com isso procuras força para melhor sofrer, o
que é salutar e não condeno, porque sou Eu que suscito tantos cireneus para as
almas, que continuam a Minha Sagrada Paixão, por isso, quando tiveres
necessidade de um cireneu, não te entristeças, lembra-te aqui de Minhas lições
neste Horto de dor e angústias!
Eu
também fui à procura de Meus amados amigos e exclamei: Pai, se é possível
afastai de mim este cálice, mas que a Vossa vontade se cumpra e não a Minha.
E
qual era a Minha vontade?
A
Minha vontade é a do Pai, e a do Pai é a Minha, porém como Minha natureza e Minha
alma repeliam a dor, o Pai enviou-Me o anjo mensageiro de Sua vontade a dizer-
Me: Bebe até a última gota do cálice, porque esta é a vontade de Vosso Pai,
esta é a Vossa vontade também de morrer crucificado, ainda que Vossa natureza
pareça desfalecer. A vontade do Pai, que é a Vossa, vos levará a abraçar a ignominia
e a dor!
Oh!
alma que Me ouves, o anjo assim Me falou; não à Minha divindade, mas, sim, à Minha
alma, que se achava em agonia, falou à Minha natureza humana, que se achava
vergada sob o peso dos pecados da humanidade!
Vê
que lição admirável para ti; sendo Deus pedi auxílio; sendo Deus, um anjo
veio-Me dar conselho e força!
Ó
lição de humildade! Portanto porque te assustas? Porque tens necessidade dos
conselhos e da força dos Meus anjos, que são os Meus Ministros? Mas, eles são
os anjos que ponho à disposição das almas, que desejam ser perfeitas.
Podia
o próprio Pai falar comigo e levantar Minha natureza humana, mas Ele enviou um
anjo, para te dar hoje esta lição de humildade. Sim, se desejas andar com
segurança, consulta estes anjos que mereçam este nome, porque, por
infelicidade, não são todos, que merecem Minhas luzes! Quando desejares
consultar um destes anjos, vê e prescruta se ele tem vida interior, se se
entretém comigo, porque se isto não fizer será só pedra de escândalo.
Alma
que Me ouves, quantas lições de amor no Meu Coração! Grava-as bem no teu
coração e na tua alma; sê diligente e confiante, porque ainda que caias muitas
vezes, tens-Me a Mim como Pai, Amigo e Esposo para depressa te levantar e
continuares a tua jornada.
Desejas
mais lições? Ouço que Me dizes: Sim, ó meu Deus, desejo ser instruída para
saber-Vos amar. Como estes teus desejos Me agradam, vou-te conduzir à entrada
do Getsêmani, aonde fui ao encontro dos soldados.
Que
lição admirável para tua alma, que tanto deseja Me amar.
Sabendo
que a hora estava próxima, Eu mesmo fui ao encontro da soldadesca, dizendo-lhe:
A quem procurais? Aqui está quem procurais.
Depois
de lhes ter mostrado que era Deus, entreguei-Me a ela como um manso cordeiro,
porém não Me receberam como manso cordeiro, porque Me amarraram com tanta
crueldade, que Me enterraram a corda na carne. 0’ lição admirável de amor!
Alma
que Me ouves, há poucos instantes na visão do futuro, tinha presenciado os
algozes Me torturando, Me amarrando, Me flagelando, tudo isto Me deixou em
agonia; porém não deixei de ir ao encontro do martírio! Vê como se ama e no
meio do sacrifício e da humilhação! Antes dos soldados Me prenderem, o pobre
Judas Me osculou na face, e Eu não rejeitei seu ósculo, não o lancei por terra,
nem tão pouco mudei de fisionomia! Com a Minha calma habitual e própria de um
Deus feito homem, disse-lhe: Amigo a que vieste? É com um ósculo que Me trais?!
Amigo!...
Com que amor pronunciei esta palavra “Amigo”! Sim, sua alma criada para o céu,
custava-Me imenso vê-la presa pelas garras infernais! Oh! dor! Apesar de ser
Deus e de ter usado para com ele de tanta caridade e mansidão, Judas se perdeu!
O que é isto?
Alma
que Me ouves, o homem se salva somente se tem vontade de se salvar, e Judas não
quis se salvar! Eis porque Eu não pude fazer coisa alguma em favor daquele
coração empedernido, porque está decretado que só os homens de boa vontade
serão salvos. Eu respeito a liberdade dos homens, o que explica que Judas não
se salvou porque não quis, apesar de Eu lhe falar e ele tocar com seus lábios
na Minha sagrada Face! Quantos pecadores, ao contato com uma relíquia de um
santo, se convertem! É que são de boa vontade, Minha graça os comove e se
convertem. Quem não quer porém se salvar, morre nos seus desvarios e crimes,
apesar de meu desejo de a todos salvar.
Prossigamos
nas lições de amor. Como um manso cordeiro Me entreguei aos inimigos! Alma que
tanto desejas aprender a Me amar, vê como se ama, entregando-Me às mãos dos
algozes mansamente e por amor! Sim, foi o meu grande amor por ti, que Me levou à
entrega total de todo o meu ser à dor, e, como um cordeirinho, sem nenhuma
repulsa. Apesar de ser Deus e Soberano Senhor de todo o criado, entreguei-Me,
dizendo ao Pai: Eis aqui o Cordeiro expiatório, impetratório e satisfatório;
não Me poupeis, porque desejo povoar o vosso reino.
Alma,
que tanto desejas aprender a Me amar, é assim que se ama. Fazes tu assim na
hora do Sacrifício ou mostras contrariedade, faltando a mansidão, virtude
predileta de Meu Coração, e que faz brilhar as obras de Meus verdadeiros
servos diante de Mim?
Se
desejas Me amar, faz o que Eu fiz; entrega-te nas mãos de teu Deus mansamente,
sem repulsas, nem contrariedade; vê em tudo que te acontece o teu Deus, e se
assim fizeres, és mestre no amor, porque só se pode amar nas obras, na dor, na
tribulação, enfim em tudo que seja trabalho ou oração, que custe. Vê como o
que te digo é uma realidade. O Amor desceu à terra e tornou uma natureza
humana, para, por meio dela, sofrer, padecer, chorar e morrer para mostrar-te
quanto te ama! Sim, a minha encarnação no seio de Maria é um surto de amor! Vê
como a dor e o Sacrifício são o transbordamento do amor operoso.
Entreguei-Me
aos algozes mansamente, porque a mansidão é reflexo de bondade e de verdadeira
caridade, de que está repleto o Meu Coração.
Vede
o apóstolo dizendo: Deus é todo caridade, eis porque Me entreguei delicadamente
à Mansidão Divina. A natureza a faz agradável a Deus, por isso se desejas perfumar
todo o teu ser, pratica esta virtude, porque és templo da Santíssima Trindade.
Sim, está escrito: A todo aquele que guardar minha palavra e a puser em prática
viremos a ele e nele faremos nossa morada, (S. João), portanto, como morada
nossa, deves te esmerar em perfumar todo o teu ser. Para serem morada de um
Deus, certas almas vivem a se lastimar, dizendo como amarei a meu Deus, pois
não o sei amar! As almas que assim exclamam, digo-lhes: Fazei o que Eu fiz e
sereis mestres no amor. Para Me amar não é preciso ter arroubos, nem tão pouco
Me ver com os olhos do corpo, nada disto é necessário; para Me amar é necessário
fazer somente o que Eu fiz, trabalhar, rezar, aceitar o sacrifício, a obediência,
a humildade e tudo por amor e com mansidão, dando tempo ao tempo e cada coisa
na sua hora determinada. É assim que se ama, é assim que Eu te amei e te amo.
Vê,
alma que Me ouves, que lições admiráveis de amor! Agora não podes dizer que não
sabes como me hás de amar.Vamos aos tribunais, onde uma sacrílega mão se levantou
contra Mim, esbofeteando o próprio Deus! Que dizes aqui, de um Deus que se
deixa assim humilhar, permitindo a um pobre infeliz que lhe ferisse a Sua
sagrada Face com uma tremenda bofetada? Que dizes da resposta de teu Jesus aos
algozes: Se fiz mal, dizei-Me em que, e se fiz bem, porque Me feris? Ó lição
admirável de teu Deus, lição de humildade. Se fiz mal, dizei-Me em quê? Podia
lhe dizer: Vede que estais ferindo o Filho de Deus, mas, não; com toda a
humildade perguntou-lhes: Se fiz mal, dizei-Me em quê? Quis provar-lhe que em Mim
não havia culpa, e isso com toda a humildade! Vê, alma que Me desejas amar, que
é na santa humildade que Me podes mostrar o teu amar. Quantas ocasiões tens de
praticar esta virtude! Quantas vezes fores interrogada pelos teus Superiores
como procederás? Deves proceder com toda humildade, mostrando a verdade, e
depois acrescentando se faz mal, dai-Me uma penitência; e isso ainda que
estejas inocente, porque o merecimento está em ser inocente e passar por
culpado! Vê quantas lições de amor! Alma que Me ouves, não seria melhor provar
diante dos juizes que era Deus, obrando um prodígio ou sepultando as falsas
testemunhas, que Me acusavam de ser um endemoninhado, um profanador da lei de
Moisés?! Não seria melhor naquela hora transfigurar-Me como no Monte, para que
seus olhos se abrissem? Ah! não; sendo o Rei da humildade, o fui até o fim; não
quis poupar-Me!
Se
com os prodígios operados se convertessem, os que ali se achavam, os teria
feito, mas, perscrutando seus corações, compreendi que de nada valeria tudo o
que Eu fizesse; por isso não devia poupar-Me Sacrifício, e assim morri no
desprezo e na humilhação, passando diante dos juízes, como um hipócrita, como
um embusteiro, conforme diziam eles: Se fosse o que Ele diz que é, não
permitiria que O prendessem, não estaria na nossa presença! Pobres infelizes, cegos
pela paixão do orgulho e de tantos outros vícios, não puderam ver que quem
estava na sua frente era o Deus dos exércitos, o Rei dos Reis, que, não havendo
humilhação no céu, a veio procurar neste mundo para patentear aos homens seu
amor! Vê como se ama!
É
na folhagem verdejante que a violeta se esconde! Sim, na Minha sagrada
humanidade escondi Minha Divindade e Meu poder, para assim sofrer, como vítima
expiatória de todos os pecados da humanidade.
Herodes
desejava-Me ver, para que diante dele operasse um prodígio. Pobre Herodes, nem
ao menos teve um olhar meu, porque seu coração achava-se obsecado pelo orgulho
e impureza, dois terríveis pecados, que Me fazem fugir de quem os pratica!
Eu
só opero milagres com quem é na realidade humilde e puro. Podia operar o maior
dos milagres ante aquele infeliz, ele porém não se converteria, porque, como já
ficou dito, só os que desejam a salvação serão salvos.
Vê,
alma que Me ouves, a suavidade da santa humildade. Se na realidade fores
humilde, terás a ventura de ver meus prodígios nas tuas obras e na tua própria
alma, ouvindo-Me e sentindo-Me como teu verdadeiro Pai, Amigo e Esposo.
Portanto, pratica esta bela virtude com amor e serás mestra no amor.
Prossigamos
as nossas lições de amor, em que o Meu amor se saciou na dor! Vamos à
Flagelação, onde fui esfolado vivo pela força dos algozes! Pilatos, desejando-Me
livrar da morte, quis-Me apresentar ao povo, depois de flagelado, para ver se
de Mim se compadecia ele. Eis porque dá ordem aos soldados que Me flagelem
conforme a lei; mas para Mim não houve lei! Instigados pelas paixões,
flagelaram-Me até Me verem coberto com o Meu próprio Sangue!
Que
dizes desta barbaridade, alma que Me ouves?! Porque permiti tamanha crueldade?!
Porque desejava ser saciado de dor para mostrar-te como se ama! Sim, vê aqui
como se ama!
Prossigamos
nas nossas lições de amor.
Na
Minha sacratíssima cabeça puseram uma coroa de pontiagudos espinhos! Bebi nesta
hora na fonte da dor, para saciar o Meu amor. Se não tivesse usado de Minha
divindade para mais sofrer, não resistiria à dor que os espinhos Me causaram.
Sendo a cabeça uma parte tão delicada do corpo humano, os algozes se esmeraram
em fabricar um tormento especial! Sendo a cabeça, onde se aninham os maus
pensamentos nascidos do coração corrupto, ei-la sofri os mais horríveis
tormentos, porque além da dor causada pelos espinhos, sofri um tormento
especial por cada pecado cometido pelos sentidos, e isto por cada um de vós em
particular! Podes avaliar, alma que Me ouves, quais os Meus tormentos nesta
coroação de espinhos! Para Mim esta hora tremenda de dor foi um festim, porque Meu
amor pode ser saciado! Sim, o amor deseja se expandir e nesta hora bendita, Meu
amor pode se expandir, sendo saciado na dor!
Vê,
como se ama! Na dor te provei meu amor; é na dor que também Me podes provar o
teu. Não te digo que fabriques cruzes, mas ao menos recebe com alegria as que te
são dadas, lembrando-te que a dor e a aflição são mensageiras, que Me podes
enviar para dizer-Me que Me amas!
Almas
há que, quando se acham na dor, ficam tristes, porque, dizem, não posso rezar!
Pergunto
aqui a estas almas: Haverá melhor oração do que por Meu amor suportar a dor?
Esta oração é a mais meritória, é a mais agradável a Mim, porque foi na dor que
vos abri as portas da Jerusalém celeste. Não foi no monte Tabor que vos abri as
portas da Cidade Santa, mas, sim, quando expirava no alto da Cruz, no meio das
mais cruciantes angustias!
Vede,
almas que não conheceis o valor da dor, como ela é meritória e como nela se
pôde patentear melhor o amor! Oh! alma que Me ouves, desejas aprender a Me
amar? Deseja então como teu Jesus ser saciada no festim da dor, porque a dor
para o amar é um saboroso festim, que, apesar de ser festim, não deixa de ser
dor e de custar às vezes lágrimas amargas, porém sempre é festim, porque o amor
pôde patentear a quem ama que seu amor é real.
Prossigamos.
Vamos ao caminho do Calvário colher novas lições para poderes aprender mais um
pouco a ciência das ciências, que consiste em Me amar.
Pilatos
apresentou-Me ao povo e este gritou: Seja crucificado; e não se contentando em
Me ver esfolado, desejava Me ver morto, porque o pecado desejava matar-Me.
Infeliz pecado! Não sabia que morrendo Eu, ele seria esmagado! Pilatos, não
achando culpa em Mim lavou suas mãos e Me entregou ao ódio infernal, e como feras
indômitas se arremessaram contra Mim, desejando saciar seu ódio, tirando-Me a
vida! Pobres e infelizes, não sabiam eles que na Quinta-feira Santa tinha já
operado o maior dos milagres, ficando com os homens de boa vontade até o fim
dos séculos, no Sacramento da Eucaristia, enquanto um sacerdote Me chamar às
suas mãos, naquilo que há de mais simples, um pedaço de pão!
Ó
alma que Me ouves, vê que lição admirável de amor! A mais sublime prova de amor
— a instituição do divino Sacramento, onde Me dou às almas, como alimento,
podendo assim fartá-las de Meu santo e puro Amor! Que admirável prova de amor
aqui te dei! O amor tende para a união, por isso, ficando convosco até o fim
dos séculos, todos os homens de boa vontade podem ser íntimos comigo!
Porém
aquele povo não quis ver meus prodígios, cego pelo ódio de suas paixões, pensou
que, dando-Me à morte, não teria mais quem o censurasse! Eis porque se
alegraram, quando Me viram nas suas mãos!
Foi
uma zombaria! Diziam eles: Se fosse profeta, se fosse o Filho de Deus não se
deixaria assim flagelar, e agora foi condenado à morte, e dela não se livra, e
em tremendas gargalhadas zombavam de Mim! E Eu como um manso cordeiro, açoitando
tudo generosamente por teu amor! Que dizes aqui, alma que Me ouves, serias tu
capaz de te calar por ocasião como esta, achando-te inocente e tendo em tuas
mãos o poder de te livrares de tal humilhação?
Como
procederias? Procederias dizendo a verdade, justificando-te e livrando-te da
morte humilhante! Porém teu Deus assim não fez, calou-se, e neste silêncio adquiriu
para ti força para também te calares em horas semelhantes! Teu Jesus nesta
ocasião provou-te seu grande amor!
Vê
que lição admirável para Me provares teu amor, quando, como Eu, fores
injustamente caluniada e quando mofarem de teu modo de proceder.
É
assim que se ama e não há outro caminho para o verdadeiro amor.
Grava
bem na tua alma estas divinas lições, não as esqueçais mais.
Seja
crucificado e Ele mesmo carregue a Cruz, em que vai ser crucificado!
Assim
que a populaça isso gritou, apresentaram-Me um enorme madeiro, no qual devia
morrer!
À
vista de tão vil instrumento, alegrei-Me, porque nele havia de estender Meus
braços, convidando a todos para o Meu reino.
Oh!
alma que Me desejas amar, vê que lição admirável para ti, quando a cruz te
parecer dura, como foi a Minha; lembra-te que ela foi por Mim abraçada, e como
deves amar o que teu Esposo abraçou. Além disto, deves saber que a Cruz é a
mensageira de Minha misericórdia. Sim, foi na cruz que usei de tanta
misericórdia! Não Me vês na Cruz, perdoando a todos?
Meu
Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem. Hoje mesmo estarás comigo no
Paraíso, João, eis aí a tua Mãe, Mulher eis aí teu filho, vê, portanto, alma
que tanto desejas Me amar como a Cruz é a mensageira da misericórdia! Que
lições admiráveis aqui te deixo.
Alma
Minha, abraça, portanto, a cruz de cada dia, se desejas ser verdadeira amante
de teu Deus, que não se poupou para te ensinar como se ama.
Vamos
colher mais algumas lições para ti. Vamos ao caminho do Calvário. Carregando a
Cruz pesada de todos os pecados da humanidade, já sem forças, apresenta-se a Mim
o que tinha de mais caro neste vale de lágrimas, Minha bendita Mãe, envolta em
um véu de tristeza inexplicável, apenas transbordando em lágrimas, imagem de Sua
grande dor! Quando Meus olhos puderam fitar os Seus, quase desfaleci de pena,
vendo Minha tão terna Mãe em tanta dor, por ver-Me em tão lastimoso estado!
Maria não proferiu palavra! Seu silêncio falou-Me e a Mãe e o Filho se
entenderam.
Sim,
Maria leu no Meu Coração e Eu li no Seu! E no nosso doloroso silêncio quantos tesouros
armazenamos para hoje com eles vos enriquecer!
Alma
que Me ouves, será que Eu tenho um Coração insensível para proceder desta
forma!?
Não
poupei Minha própria Mãe para dar-te mais uma prova; usar desta forma com Minha
Mãe, cujo coração é mais terno, mais amoroso do que o de todas as Mães reunidas
do universo? Porque não tive compaixão, poupando-A desta grande dor? Ali! é
porque o amor por vós assim o exigia; queria deixar-vos uma Mãe e uma Mãe cheia
de merecimentos, eis porque a fiz participante de Meus tormentos e das Minhas
angústias!
Não
poupei Minha própria Mãe para dar-te mais uma prova; usar desta forma com Minha
Mãe, cujo coração é mais amar! É assim que se ama e não há outro caminho para o
real amor!
Sim,
a estrada real do amor é a dor; grava bem na tua alma estas admiráveis lições e
serás mestra no verdadeiro amor.
Vamos
colher mais algumas lições de amor. Subamos o Gólgota — Monte Sagrado onde
patenteei à humanidade Meu infinito amor!
Escuta
como o verdadeiro amor se mostra por diversas formas.
Perdoar
aos que nos ofendem é a mais admirável prova de amor, portanto alma que desejas
tanto Me amar, vê que sublime lição para ti, perdoando não aos teus amigos, porque
perdoar aos que nos ama é muito fácil, mas perdoar aos que nos odeiam, aos que,
como assim desejavam ver-Me morto, isto é que se chama verdadeiro amor,
portanto o perdão é a manifestação mais cabal e mais real do verdadeiro e sólido
amor!
Porque
Eu pedi perdão para os algozes? Porque os amava e porque os amava
desinteressadamente! Sim, amo o homem sem outro interesse, a não ser o de vê-lo
feliz. Eu não tenho necessidade de Minhas criaturas, mas Eu as amo, porque
foram criadas para gozar de nossa felicidade.
Vê,
alma que Me ouves, que admiráveis lições de amor. Sem interesse vos amo e ainda
assim sou desprezado, sou repelido! Oh! Ainda assim Eu vos amo, porque sois Meus
filhos, resgatados com o Meu Sangue!
Ah!
Por amor de vossas almas, amai-Me e sereis felizes, e tu alma que Me ouves,
tens agora lições admiráveis! E se fizeres o que aqui te ficou dito, serás
douta no amor e teu doce Jesus te abençoará eternamente pelas mãos da Rainha do
Amor, Maria, Minha terna Mãe.
Do
Reino do Verdadeiro Amor.
26-10-1931.