Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
XIII-
Da pureza
A
pureza é a virtude dos anjos; torna o homem semelhante aos espíritos imortais,
à Virgem Imaculada, a Jesus, ao próprio Deus. Quanto é bela essa virtude na
fronte e no coração duma jovem! Que encantos celestes ela aumenta à beleza duma
menina! Porque, é preciso dizê-lo: o vício que lhe é contrário, fato precoce
da moleza em que crescem as crianças, murcha rapidamente as suas almas. Muitas
crianças, desde a infância, bebem esse veneno, que corrompe o que há de mais
nobre no seu espírito e no seu coração, roubando-lhe a vida da graça e a
amizade de Deus. Ó mães preservai estas almas que vos são tão queridas, e que
tão caras são a Deus, dum vício degradante para o homem e para o cristão, e
fazei-lhes, logo desde a infância, amar a castidade.
É
claro que se não deve dizer a uma criança, ainda na candura da inocência, em
que consiste esta virtude, e porque faltas a pode ferir; mas deve-se desde o
princípio preveni-la contra estas faltas, e cercar de uma barreira salutar o
tesouro que possui, recomendando-lhe, e fazendo-lhe praticar a modéstia. Para o
conseguir, deve a mãe cristã dizer muitas vezes a seu filho que Deus vê tudo,
que seu olhar penetra as mais espessas trevas, os lugares mais ocultos, e o
mais íntimo do nosso coração. — «Portanto, acrescentará ela, nada se deve fazer
que ultraje a sua divina presença, nem nada se deve permitir, quando se esteja
só e escondido, de que se possa corar diante dos homens. Meu filho, nós temos
constantemente a nosso lado, para ser testemunha das nossas ações mais
secretas, um anjo a quem Deus confiou a nossa guarda; não devemos entristecê-lo
por ações que ofendam a Deus e expulsai todo o pensamento pouco modesto. O
vosso corpo pertence a Jesus Cristo, é o templo do Espírito Santo; tratai-o com
grande respeito. S. Luís Gonzaga tinha tanta modéstia, que não permitia nunca,
durante a sua doença, que os criados, que o serviam vissem sequer ao menos
descoberto a extremidade dos seus pés. Santo Estanislau desmaiava, quando ouvia
uma palavra contra o pudor. Se companheiros infelizes vos aconselharem para o
mal, fugi deles, desviai com horror os vossos ouvidos, e avisai sempre a vossa
mãe acerca do que vos parecer perigoso.
A
estas lições juntará uma mulher cristã a prática da mais exata modéstia,
lavando e deitando os seus filhos, dando-lhes os peitos e vestindo-os. Julgamo-nos
obrigados a entrar nestes pormenores, porque a negligência das mães e das amas,
pode, a este respeito, ter consequências deploráveis. Devem preparar tudo, de
forma que as crianças possam olhar para toda a parte, sem perigo. Que
felicidade para eles que glória e que consolação para sua mãe, se eles pudessem
chegar aos vinte anos, sem suspeitarem o mal!
«Virgínia
Bruni, escreve o P. Ventura, falava muitas vezes a seus filhos das vantagens da
pureza, fazendo-lha sentir tanto por palavras, como por exemplos.
Excessivamente modesta, mesmo com os filhos, tanto em ações como em palavras,
nada desprezava para os acostumar a um severo pudor; deitava-os quase vestidos,
e com as mãos cruzadas sobre o peito; recordava-lhes que estava o anjo da
guarda na sua presença, contente por vê-los em atitudes reservadas. Fazia-lhes
ver que um só ato imodesto teria afligido Jesus Cristo, e Sua Santíssima Mãe,
que gostam da modéstia principalmente nos meninos. Recitava com eles orações,
e, vendo-os adormecidos, abençoava-os, recomendava-os a Deus, e só então os
deixava sós no leito. Nenhum deles devia descobrir uma parte qualquer do corpo,
em presença de outro, nem mesmo duas irmãs entre si; nenhum deles devia, mesmo
a brincar que fosse, colocar as mãos sobre outro, e a mais inocente
familiaridade que as meninas tivessem com seus irmãos, ou entre si, era punida
com severidade.»
Quando
a criança teve a desgraça de adquirir o fatal conhecimento do mal, se a mãe o
surpreendesse a cometer alguma falta contra a pureza, deveria pintar-lhe o
vício vergonhoso, com as mais negras cores, e fazer-lhe sentir que esta paixão
infame coloca o homem abaixo dos animais e dos próprios demônios; que profana
os nossos corpos, e que, banindo Deus das nossas almas, atrai sobre nós eternos
castigos. Deveria também exortá-lo mais abertamente, para a guarda dos sentidos
e a modéstia dos olhos. — «É pelos olhos, que são como as janelas da alma, que
entra a morte, lhe diria ela; nunca os fixeis sobre uma pessoa do outro sexo.»
Este conselho é dado pelo próprio Espírito Santo; o aquele santo homem que se
chamou Job tinha feito um pacto com os olhos, afim de evitar todos os
pensamentos culpados.
Para
reparar a falta dum filho, e impedir que ele recaia novamente, é necessário que
a mãe o leve a um bom confessor, que antecipadamente prevenirá. Se o temor de
Deus e as exortações maternas forem impotentes para deterem na carreira do mal
uma criança que erra, falar-lhe-á a mulher cristã nos estragos que o vício
opera num corpo, e na desonra de que cobre os seus infelizes escravos. Numa
palavra, tentará tudo, para arrancar essa alma à senda da perdição, em que
rolam, de queda em queda, tantos infelizes mancebos.