domingo, 1 de dezembro de 2013

Da crueldade do demônio segundo frei Luís de Granada

Por um indigno escravo de Nosso Senhor


Em tempos de império do Anticristo, nós, cristãos sobreviventes, nos acostumamos a assistir à imagem oficial de Satã nos meios de comunicação de massa, o libertador, o Lúcifer maçônico que traz a verdade e o prazer à humanidade, pela desconstrução de tudo o que vem da civilização cristã, soturna e moribunda.

É a apoteose do baixíssimo, simultânea ao eterno retorno das promessas mentirosas do Éden.

O sucesso é enorme. Basta andar na rua para ver uma multidão de adolescentes com camisetas e adereços explicitamente satânicos. Nas telas, séries em que o Mal é representado por jovens românticos e idealistas. Vampiros são a encarnação da nova (i)moral.

Mas só a nós, cristãos, foi contado o final da história, e só a nós cabe passá-la adiante.

Com a palavra novamente o grande frei Luís de Granada:

"Para lembrar algo da crueldade deste executor (o diabo), considere-se o que aconteceu a um homem sobre quem lhe foi dado poder, que foi o Santo Jó. Pois tudo o que foi possível fazer contra uma criatura racional ele o fez, sem respeito a nenhum tipo de brandura ou piedade. Queimou-lhe as ovelhas, roubou-lhe todos os outros gados maiores, matou-lhe todos os filhos, cobriu-o dos pés à cabeça de câncer e de vermes, sem deixar-lhe outro refrigério senão um chiqueiro em que se sentasse e um caco de telha com que raspasse a matéria que de suas chagas corria; e além disso tudo, deixou-lhe a mulher e os amigos (a quem com maior crueldade perdoou do que se matasse) para que com suas palavras fossem para ele outros vermes mais cruéis, que chegassem a roer-lhe as entranhas. Isso fez com o Santo Jó. Mas o que fez com o Salvador do mundo, naquela dolorosa noite em que foi entregue ao poder das trevas? É algo que não se pode explicar em poucas palavras.

Pois se esse inimigo e todos os seus consortes são tão ferozes, tão inumanos, tão carniceiros, tão sanguinários, tão inimigos da linhagem humana e tão poderosos para ferir, quando tu, miserável, te vires em suas mãos para que façam em ti todas as crueldades que quiserem (segundo disposição da divina Justiça) e isso não por uma noite e um dia, mas por todos os séculos dos séculos, achas que estarás em bons lençóis entre aquelas mãos? Ah, que dia tão escuro será aquele, quando te vires em poder de tais lobos!

Dos mesmos demônios fala em termos ainda mais horríveis São João em seu Apocalipse, dizendo: "Vi uma estrela que caiu do céu na terra, à qual foram dadas as chaves do poço do abismo. E abrindo a porta desse poço, dele saiu uma grande fumarada, como as que costumam sair dos altos fornos de fogo; e da fumaça desse poço saltaram em terra umas lagostas, às quais foi dado o poder de ferir como ferem os escorpiões, e lhes foi mandado que não causassem dano no seio da terra, nem nas árvores, nem em nada verde, mas só naqueles que não tivessem o sinal de Deus na testa. Nesse tempo andarão os homens buscando a morte e não a encontrarão; e a figura dessas lagostas era como de cavalos armados para a batalha; e sobre as cabeças tinham coroas de ouro e as caras eram como caras de homens e os cabelos como cabelos de mulheres e os dentes como dentes de leões e tinham armaduras de ferro e o estrondo que faziam com suas asas era como o de muitos carros e cavalos quando arremetem na batalha. E tinham as caudas como de escorpiões e nelas traziam os aguilhões para ferir." Até aqui são as palavras de São João. Peço-te, pois, que me digas: que pretendia o Espírito Santo (que é o autor desse texto) quando, debaixo destas tão horríveis e inauditas figuras, nos quis dar a entender a grandeza dos açoites da divina Justiça? Que pretendia, senão avisar-nos pelo horror e o espanto dessas coisas qual será a ira de Deus, quais os instrumentos da Sua justiça, quais os castigos dos maus, quais as forças de nossos adversários, para que com o horror de tão grandes coisas tremêssemos ante a idéia de ofender a Deus? Pois que estrela é aquela que caiu do céu, a quem foram dadas as chaves do abismo, senão aquele anjo tão resplandecente que dali caiu, a quem foi dado o principado das trevas? E quem são aquelas lagostas tão ferozes e tão armadas, senão as fúrias e as armas dos outros seus colaboradores e ministros, que são os demônios? Quem as plantas verdes, a quem eles não podem prejudicar, senão os justos que florescem com o humor da divina graça e dão frutos de vida eterna? Quem os que não têm sobre si o sinal de Deus, senão os que carecem de seu espírito, que é o sinal de seus servos e das ovelhas da sua manada? Pois contra esses miseráveis se arma aquele exército da divina Justiça, para que nesta vida e na outra (em cada qual à sua maneira) sejam atormentados pelos mesmos demônios a quem serviram, assim como os egípcios foram atormentados pelas moscas e pelos mosquitos a quem adoravam. Pois como será ver naquele lugar esses monstros e máscaras tão horríveis? Como será ver ali aquele dragão faminto e aquela cobra enroscada e aquele grande Behemot, de que se escreve em Jó que aperta a cauda como cedro, bebe os rios e pasce os montes?"

Fica pois claro que vivemos "el mayor de todos los engaños del mundo".

Kyrie eleison, Christe eleison, Kyrie eleison.