Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
XI
- Do amor de Nosso Senhor Jesus Cristo
Com
o leite, fez Santa Mônica receber a Santo Agostinho o nome e o amor de Jesus
Cristo.
Também,
no meio dos erros da sua mocidade, S. Agostinho nunca pode esquecer essa radiosa
e comovente figura de Nosso Senhor. Lemos a este propósito o que ele próprio
escreveu no livro das suas Confissões: «O nome de Jesus Cristo, diz ele, ficou
sempre no fundo do meu coração; e sem este nome nenhum livro, por mais
interessante que fosse, podia satisfazer a minha alma.»
Em
tempos mais próximos de nós, Virgínia Bruni, essa admirável viúva, de quem por
várias vezes temos falado, conversava muitas vezes com os filhos acerca dos
benefícios de que nos enche Jesus Cristo. Quando lhes dava alguma coisa, nunca
deixava de observar que tudo provinha de Jesus Cristo. Depois do jantar, e
depois da ceia, levava-os à igreja, para dar graças ao Divino Mestre, a quem
lhes fazia pedir a benção e socorro para eles e para sua mãe. Quando cometiam
alguma falta, exigia que, primeiro que tudo, pedissem perdão a Jesus Cristo; e
quando os via humilhados e arrependidos: «Está bem, lhes dizia, Jesus Cristo é
tão bom que já vos perdoou; e eu também vos perdôo.» Estas admiráveis mães
tinham compreendido que o principal a colocar diante dos olhos das crianças é
Jesus Cristo, o centro do toda a religião e nossa única esperança.
No
nosso século principalmente, em que a pessoa adorável do Filho de Deus é o
objeto de tantas e tão horríveis blasfêmias, as mulheres cristãs não devem
desprezar nada para inspirar a seus filhos um grande respeito e um ardente amor
pelo divino Salvador.
Jesus
Cristo é o Libertador prometido a Adão, quando foi expulso do paraíso terrestre;
para Ele se voltavam os desejos dos patriarcas, dos profetas, dos justos da
antiga lei, e de todas as nações, que suspiravam pela Sua vinda. Jesus Cristo é
o Mediador entre o Céu, e a terra; só por Ele podemos ser salvos; é o Filho de
Deus, o Verbo eterno, o próprio Deus, revestido da nossa natureza, afim de
estar, de alguma forma, mais perto dos homens, e de poder mais facilmente
assenhorear-se dos seus corações. Como é o explendor da glória do Padre, sustenta
tudo com o Seu poder, sendo constituído o herdeiro do universo. Jesus Cristo ó
o juiz dos vivos e dos mortos, e a recompensa para que todos nós tendemos, é o
início e o fim, o princípio e o termo. Nele estão ocultos todos os tesouros da ciência,
da sabedoria, da beleza, da misericórdia. Habituada por santas reflexões a
procurar estes tesouros divinos, uma mãe cristã descobrirá inesgotáveis riquezas
a seus filhos, pintar-lhes-há o amor de Jesus para com os homens, falar-lhes-há
do presépio de Belém, e do Rei do Céu, que Se fez menino, pobre e sofredor,
para nossa salvação; far-lhes-há a comovente narração dos trinta e três anos de
humilhações, de sacrifícios e trabalhos do divino Mestre, e principalmente da Sua
dolorosa morte e paixão. A coroa de espinhos, os açoites, os escarros, as
bofetadas, os cravos, o fel e vinagre não serão laços capazes de prender todos
os corações ao jugo suave do amor de Jesus?
A
mãe, segundo a vontade de Deus, não se esquecerá também do quadro da
ressurreição gloriosa e da ascensão triunfante de Jesus, ao Céu, onde está
sentado à direita de Deus Padre, e vive sempre para intercedei por nós. Fará
observar que o meio de testemunhar a Jesus o nosso reconhecimento, por tudo
quanto fez e sofreu por nós, é imitar os exemplos que nos deixou. Ele veio à
terra para nos ensinar o caminho do Céu; seria, pois, tornar inútil a Sua
vinda, se não seguíssemos o caminho que nos traçou. «Jesus Cristo, diz Santo
Ireneu, fez-Se menino, para santificar os meninos; fez-Se pequeno para
santificar os pequenos, dando-lhes o exemplo da piedade, da santidade e da
submissão; fez-Se criança para servir de modelo às crianças.»
«É
preciso acostumar as crianças a considerar a vida de Jesus Cristo como nosso
exemplo, e a Sua palavra, como nossa lei, escrevia Fénelon. Escolhei entre os Seus
discursos e as Suas ações o mais proporcionado às crianças. Se a criança se
impacienta por sofrer algum incômodo, exortai-a a que se lembre de Jesus
Cristo na cruz; se não puder resolver-se a algum trabalho fatigante,
mostrai-lhe Jesus Cristo trabalhando até aos trinta anos num estabelecimento;
se quiser ser louvado e estimado, falai-lhe nos opróbrios por que o Senhor
passou; se não puder conciliar-se com as pessoas que o rodeiam, fazei-lhes
considerar Jesus Cristo falando com os pecadores e hipócritas; se testemunhar
algum ressentimento, mostrai-lhe Jesus, morrendo sobre a cruz, por aqueles
próprios que O faziam morrer; se se deixar arrebatar por uma alegria imodesta,
pintai-lhe a doçura e a modéstia de Jesus Cristo, tão grave e sério durante
toda a Sua vida. Fazei com que a criança medite muitas vezes, acerca do que
Jesus Cristo pensaria, e diria das nossas conversações, dos nossos
divertimentos, das nossas ocupações, ainda mesmo as mais sérias, se ainda
estivesse visível entre nós. Qual seria o nosso espanto o a nossa confusão,
continuareis vós, se Jesus aparecesse de repente no meio de nós, quando
estamos no mais profundo esquecimento da Sua lei? Não é isso o que acontecerá a
todos nós, quando morrermos? Numa palavra, esforçai-vos para que Jesus seja o
modelo e o fim de todas as ações de vossos filhos. Ó Jesus, tesouro das nossas
almas, atraí a Vós, com laços de amor, os corações de todas as mães cristãs,
afim de que elas vos façam conhecer, e amar!