domingo, 1 de novembro de 2009

"Linguagem infantil" - Suas conseqüências morais


Para ensinar à criança a mostrar-se íntegra e respeitosa para consigo mesma e para com o próximo, é preciso que a mãe se proíba qualquer expressão indelicada, em suas relações de intimidade com o bebê. Como poderá ele, comumente tratado de "molequinho", "amolantezinho", ou até, de algum nome de animal mais ou menos repugnante, aprender a respeitar-se a si mesmo?

Logo que chegar ao período de seu desenvolvimento que o leva a procurar reproduzir os termos e palavras dos adultos, ele empregará as mesmas expressões, tanto para designar-se a si próprio, como para qualificar os outros. Isto representa terreno perdido, relativamente à formação da delicadeza dos sentimentos. Embora outras expressões tais como: "meu Jesus" ou "meu Tesouro" não tenham caráter algum grosseiro, devem, igualmente, ser banidas da linguagem das mães. Tendem a diminuir, no espírito infantil, o sentimento dos valores religiosos.

Se o bebê é um "Jesus", não virá ele a considerar o verdadeiro Jesus como um simples companheiro? E se for qualificado de "tesouro", como não haverá de revoltar-se diante das severidades necessárias?

Os educadores terão de zelar para não deixarem escapar palavras e expressões que testemunhariam que eles perderam o controle. Quer as grosserias dos termos dirijam-se diretamente ao filho, quer a terceiros, trazem como conseqüência, provocar, na criança, o desejo de repeti-las. Sob o pretexto de adaptarem seu vocabulário ao infantil, os adultos têm o hábito de servirem-se de palavras deformadas e de expressões incorretas. O mal não é grande do ponto de vista moral. Porém, o mesmo não acontece sob o aspecto de formação do espírito.

A correção do pensamento exige a correção da linguagem. Eis porque, longe de imitar o modo de falar da criança, convém chamar-lhe a atenção cada vez que ela emprega palavras ou expressões imperfeitas. Acostumando-se a reprimir sua linguagem e a procurar a justa expressão de seu pensamento, ela aprenderá a respeitar a verdade.

(Pequeno tratado de pedagogia - Cônego Jean Viollet)

PS: grifos meus

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