quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Escolha do(a) pretendente - Religião


"O teu Deus é o meu Deus" (Ruth, 1.16)

O casamento deve ser muito mais a união das almas que a os corpos. Ligação estreita e profunda, com toda a vida definitivamente empenhada, o matrimônio há de embeber raízes no mais intimo das almas. Do contrário, cedo perecem as melhores intenções, baldas de alimentos, mercê de superficialidades. A identificação será tanto maior, quanto mais perfeita a igualdade dos sentimentos. Ora, é o sentimento religioso o mais íntimo, elevado, envolvente e vital de todos os sentimentos humanos.

Se duas almas não afinam por ele, geralmente não é possível a harmonia. Se não são uníssonas nesta matéria, a felicidade  doméstica está, de antemão, comprometida. Em muitos casais aparecem depois as causas da desunião que infelicita o lar; neste, porém, que não se ligou pela mais poderosa força espiritual, os cônjuges já levam consigo a separação das almas.

O pretedente

O moço ou moça - é católico. Tem fé; cumpre os deveres religiosos; está convencido da necessidade do Cristianismo para a felicidade pessoal e doméstica, e não admite sequer a possibilidade de um educação sem religião. Por sua formação, seus hábitos e sentimentos, é a religião o ponto capital de sua vida. Feri-lo é ferir-lhe a própria alma, menosprezá-lo é ofender ao que mais ama; ser-lhe indiferente é querer que ele viva sem o coração; combatê-lo é chamar a campo um adversário que não cederá ante a própria morte.

Não há meio termo!

Ou a outra parte pensa igualmente, ou levam para a vida comum um germe terrível de desentendimentos.

É um herege: temos a luta aberta.
É um ímpio: temos a desinteligência.
É um indiferente: temos o desgosto - e já é uma desgraça no lar.

São divergências essenciais no modo de pensar, de agir, de sentir os problemas da vida.... Para um o matrimônio é um sacramento, coisa sagrada, que se recebe com os olhos fitos em Deus; para o outro, é um ato procurando por necessidade pessoal, para satisfação própria ou por motivo social.

... Casaram-se. A vida começou. O cônjuge católico faz as suas orações pela manhã e à noite, tem seus livros religiosos, imagens, objetos e práticas de piedade. São pessoas educadas e que se estimam. As atitudes são, pois, de respeito e tolerância para com tudo isto. Convenhamos, porém, que é pouco para quem deseja uma perfeita identidade na vida. No domingo, à Missa, que é obrigação grave, vai o católico por dever; o outro acompanha por complacência, como iria a uma visita desinteressante. Isto será assim, no começo. Depois as atitudes mudarão.


... Nasce o primeiro filho. Ao cônjuge católico cabe tratar de batizá-lo quanto antes - oito a dez dias.  O outro não quer. E não faltam pretextos ... Cresce a criança. Importa educá-la catolicamente. Formar-lhe o sentimento religioso, de que é rica a criança: contar-lhes as primeiras orações; mandá-la ao Catecismo; levá-la à Missa. Pobre criança, se for a mãe irreligiosa ou indiferente! E se for o pai o irreligioso, falta um grande fator educacional. Ainda que ele não intervenha positivamente para destruir a obra materna, sua atitude negativa é corrosiva da boa formação. Onde falta o concurso do pai, a educação é sempre defeituosa.

... Não há dúvidar: o pretendente tem de ser também católico. E não bastará que o seja de nome, mas de fato. Bons cristãos ambos, que se unam na solidez de seus princípios religiosos, nas práticas beatíficas do serviço de Deus, no modo de encarar a resolver os problemas da vida, que entendam as delicadezas de almas tementes ao Senhor, que cantem juntos os louvores do Altíssimo, que sintam no Coração amantíssimo de Jesus as dores ou consolações da vida conjugal.

Se ainda para estes a vida em comum pode ser difícil, que havemos de dizer dos outros?

O que, porém, mais importa aos que não querem jogar levianamente com o futuro é cercar de todas as garantias o lar que fundam, assentando-lhe tão firmes os alicerces quanto o puderem, para que resista ás tempestades com que não conta o amor apaixonado dos noivos, mas raro faltam na inexorável realidade da vida.

(Noivos e esposos - Padre Álvaro Negromonte)

PS: Grifos meus