Tipos de cruzes
O tipo mais comum era a crux simplex, composta de uma única estaca, em que as mãos eram amarradas acima da cabeça e os pés eram presos abaixo (affixio). A crux compacta era constituída de duas partes: base ou encaixe, também chamado stipes ou staticulum, e a barra horizontal, também chamada de patibulum ou antenna. Existiam três variações da crux compacta: crux commissa, crux immissa e crux decussata.
A crux commissa lembrava uma letra “T” maiúscula e era às vezes chamada de T ou cruz tau. A crux immissa, também conhecida como crux capitata é a cruz convencional usualmente exibida nas igrejas e às vezes chamada de cruz romana; sua base sustenta o patibulum. A crux immissa ou capitata é a qual a maioria dos artistas acredita ter sido usada para crucificar Jesus, provavelmente por causa do relato de Lucas sobre a inscrição que ficava “acima d’Ele”, exigindo, portanto, uma extensão acima de Sua cabeça. As Escrituras relatam que o Titulus Crucis ou título (plaqueta) foi afixado na cruz para detalhar a natureza do Seu crime: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (Marcos 15,26 e João 19,19).
(A crucificação de Jesus - Dr. Frederick T. Zugibe - pág. 56)
(clicar na foto para ampliar - As partes marcadas são referentes ao caminho feito por Jesus até o Calvário, onde há o círculo é o ponto final desse caminho, onde Jesus foi crucificado)
Era certa de meio-dia, e a viagem de Antônia ao Gólgota (Calvário) foi realizada em uma das ruas principais, cuja extensão era de aproximadamente 8 quilômetros. Era uma estrada irregular e sem pavimento, cheia de crateras feitas pelas carroças e burros de carga. Ao se aproximar dos muros da cidade, a estrada tornava-se uma íngreme ladeira. O clima na época era quente e seco, e Jesus foi conduzido pela rua principal carregando a barra horizontal da cruz, que pesava entre 22 e 27 quilos.
A maioria dos estudiosos apóia a teoria de que somente a barra horizontal ou patibulum, que pesava entre 22 e 27 quilos, era levada pelo crucarius ao local da crucificação. Relatos na literatura indicam que os romanos tinham centenas, às vezes milhares de estacas já prontas do lado de fora dos muros da cidade. O fato de que a cruz no total pesava de 80 a 90 quilos e que o açoitamento causava extrema fraqueza na vítima também dá mais força à teoria.
Os efeitos físicos de se carregar a Cruz
Quando Jesus chegou ao local da crucificação, estava quase desfalecido, por causa da severa exaustão causada pelo sofrimento físico e mental que Lhe foi infligido no Jardim do Getsêmani, pelo brutal açoitamento no pretório e pela enervante, lancinante dor causada pela coroa de espinhos. A exaustão foi acompanhada pela falta de ar, pelo fluído pleural que estava lentamente se acumulando em Seus pulmões e por um possível pneumotórax devido ao brutal açoitamento, além dos efeitos da jornada ao Calvário.
O sol do meio-dia estava forte e o suor pingava do rosto e do corpo de Jesus. O forte calor do sol e o peso da barra da cruz em Seus ombros irritados, considerando a condição em que Ele se encontrava, causando intensa fraqueza e tontura, fazendo que Ele tropeçasse, se desequilibrasse e caísse.
... As vestes de Jesus estavam praticamente grudadas em Seu corpo por causa do sangue coagulado nas feridas causadas pelo açoitamento. Segundo as normas romanas, a roupa era removida durante o açoitamento, mas por causa das disposições judaicas a vestimenta de Jesus foi mantida na jornada ao Calvário. As Escrituras nos contam que os soldados fizeram apostas para ficar com Suas vestes (Marcos 15,24), provavelmente porque a túnica constituía-se em uma única peça de tecido, o que a tornava muito valiosa para ser repartida em quatro partes. Os dados rolaram, e foi tarefa do vencedor remover a roupa de Jesus, já que agora pertencia a ele.
Fico imaginando como o soldado fez isso. Teria ele molhado o tecido para amolecer o sangue coagulado, como os médico e enfermeiras geralmente fazem ao remover uma atadura grudada em um ferimento? Se nos lembrarmos de que o nome do jogo era dor, então se torna claro qual foi o método usado. A roupa foi arrancada, causando surtos de dor pelo corpo de Jesus. Todo mundo se lembra de quando um parente ou amigo disse que a melhor maneira de se retirar uma bandagem é puxa-la de uma vez só. Mesmo que a dor seja momentânea, pense em quão aguda ela seria se de repente uma gigantesca gaze fosse removida da frente e das costas de seu corpo, incluindo os braços.
(A crucificação de Jesus - Dr. Frederick T. Zugibe -págs.63 a 67)
Área dos ombros
Uma imagem consistente com uma abrasão está presente na região do ombro direito, o qual parece estar mais baixo que o esquerdo. Existe também uma imagem na região da escápula esquerda consistente com uma abrasão. Essas abrasões são consistentes com os ferimentos causados pelo ato de carregar a barra horizontal da cruz.
(A crucificação de Jesus - Dr. Frederick T. Zugibe - pág. 247)
Sofrimento físico do Homem do Sudário
Ficaram no Santo Sudário evidentes sinais de esfoladuras, na altura das costas e dos joelhos, como conseqüência do transporte da cruz.
Respeitável tradição, que se materializou em três estações da Via-Sacra, afirma que Jesus caiu três vezes sob seu fardo, antes de chegar ao Calvário. Foi isso que teria levado os soldados a requisitar Simão de Cirene para carregar o patíbulo em lugar dele. Num caminho acidentado e escabroso, semeado de pedras, as quedas eram acompanhadas de esfoladuras, sobretudo na altura dos joelhos, Judica, nos mostra com muita exatidão as imagens das chagas nos joelhos, sobretudo escoriações de forma e tamanho diversos, com bordos retalhados, na região da rótula. Um pouco para cima e para fora, há mais duas dessas chagas arredondadas de 2 centímetros de diâmetro. O joelho esquerdo mostra também chagas contusas diversas, menos evidentes e menos numerosas.
Mas é principalmente na imagem dorsal que encontramos os vestígios do transporte da cruz. Há ali, sobre a espádua direita, na parte externa da região subescapulária, uma larga zona de escoriações, oblíqua para baixo e para dentro, com a forma de um retângulo de 10 cm por 9 cm. A região posterior parece formada por uma cúmulo de escoriações, sobrepostas a numerosas chagas da flagelação que estão como que esmagadas e alargadas e alargadas em relação às do lado.
Parece que um corpo pesado, rugoso, mal fixado, comprimiu esta espádua e que esmagou, reabriu e alargou, através da túnica, as chagas precedentes da flagelação. Mas abaixo, porém, à esquerda, se vê outra zona de esfoladuras apresentando os mesmos caracteres, na região escapular esquerda. É arredondada, com um diâmetro de 14 cm.
(A Paixão de Cristo segundo o cirurgião – Dr.Pierre Barbet – pág 103)
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