quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ilusões do noivado


Noiva é como árvore onde se recolhem, à tarde, as aves do céu. Pousa nela um bando de ilusões em alegre turbulência. O casamento e como pedrada do "destino" nessa árvore: o bando foge, quebra-se como um colar no azul do céu. Vamos mostrar, à leitora as aves da ilusão.
Eis ali a ilusão da vaidade:

"Eu serei sempre adulada" - pensa muita noiva, vendo-se agora adorada pelo noivo, admirada pelas amiguinhas, louvada pelo mundo. Mas dia virá, quando a decantada amabilidade da moça de hoje já não despertará a mesma admiração no marido; aos poucos aparecerão os defeitos que lhe foram censurados antigamente. E continuará a incensação perante tais realidades?

Mais além mostra suas penas a ilusão da independência: - "Eu serei sempre obdecida, aprovada e sempre feliz" - sonha a iludida. Sim, agora é obedecida e aprovada. Através de suas pupilas o noivo garante que vê o mundo: acha belo o que sua noiva toca e perfeito quanto ela quer. Pobre moça! Um dia teus desejos esbarrarão com desejos de outro, tuas ordens serão contraditas, e alguém virá te dizer que tua autoridade terminou há muito tempo. O mais acertado, portanto, é disciplinar agora a vontade, sujeitá-la ao jugo que Deus colocou em casa.

Teceira ilusão: - "Eu estarei pronta para todos os sacrifícios" - garante a sonhadora. Entretanto o casamento não exige em geral um ato heróico, logo de uma vez. Exige, sim,  uma série de sacrifícios insignificantes, mas repetidos e exaustivos; impõe sacrifícios que não são louvados, nem vistos, porém secretos, desconhecidos, costumeiros. A moça teria acanhamento de contá-los às amigas: são tão comuns na vida de toda esposa ... Por isso o mais certo é converter o noivado em esforço constante de aperfeiçoamento. Perder suas horas em romantismo de sonhos é preparar-se realidades de lágrimas. Ninguém leva a mal um pouco de ilusão em noivos. Mas que sejam como as rosas com que se presenteiam: murchem depressa e tenham apenas o encanto das cores e do perfume.

(Escolha do futuro - Pe. Geraldo Pires de Souza- págs. 142 e 143)