sábado, 21 de novembro de 2009

Os deveres do marido e da mulher (Pio XII) - II Parte de VI


II Parte

Então o marido, operário ou agricultor, quer exerça uma profissão liberal, ou seja homem de letras, ou da ciência, ou artista, empregado ou funcionário, é inevitável que sua ação seja exercitada, na maior parte do tempo, fora de casa, ou que apenas em casa se confine, no longo silêncio do estudo, que nada tem a ver com a vida de família. Para ele o lar tornar-se-á lugar onde, no fim do trabalho cotidiano, restaurará suas forças físicas e morais, com o repouso, na calma, na alegria íntima.

Para a mulher, pelo contrário, regularmente este lar permanecerá o refúgio e ninho de sua obra principal, daquela obra, que, aos poucos, fará daquele remanso, por pobre que seja, uma casa alegre e tranqüila pela convivência, que se embelezará não pela mobília e pelos objetos, como nos hotéis, sem estilo nem sinais pessoais, sem própria expressão, mas bela pelas recordações, que deixam sobre os móveis ou se prendem às paredes, pelos acontecimentos da vida vivida junta, os gostos, os pensamentos, as alegrias e as penas comuns, traços e sinais por vezes visíveis, entre outros quese imperceptíveis, mas dos quais o lar material, no decorrer do tempo, haurirá sua vida.

A alma, porém, de tudo será a mão, será a arte feminina, porque a esposa tornará atraente cada ângulo da casa, ao menos com a vigilância, com a ordem e limpeza, tendo cada coisa em seu lugar, preparada para o momento desejado; almoço para restaurar das canseiras, leito para o repouso.

À mulher, mais do que ao homem, Deus concedeu o dom, juntamente com o sendo da graça e de satisfação, de tornar lindos, agradáveis, os objetos mais simples, precisamente porque ela, formada igual ao homem, como sua companheira para com ele constituir a família, nasceu feita para difundir a gentileza e a doçura em torno do lar de seu marido, e fazer de tal modo que a vida a dois se componha bem e se demostre fecunda, florescendo no desenvolvimento real.

E quando à esposa o Senhor, em sua bondade, tiver concedido a dignidade de ser mãe, ao lado de um berço, o vagido do recém-nascido não diminuirá, nem destruirá a felicidade do lar; mas pelo contrário acrescerá e sublimará naquela auréola divina, onde esplendem os anjos celestes, e donde desce um raio de vida que vence a natureza, e regenerará em filhos de Deus, os filhos dos homens.

Eis a santidade do tálamo conjugal!
Eis a altitude da maternidade cristã.
Eis a salvação da mulher casada!

Já que a mulher, proclama o grande Apóstolo Paulo, salvar-se-á em sua missão de mãe, contanto que permaneça na fé, na caridade e na santidade com modéstia. Ora vós compreenderás como "a piedade é útil para tudo, tendo promessa de vida, quer da presente, quer da futura", e sendo, como explica Santo Ambrósio, o fundamento de todas as virtudes.

Um berço consagra a mãe de família; e mais berços a santificam e glorificam diante do marido e dos filhos, diante da Igreja e da pátria.

Estultas, ignaras de si e infelizes aquelas mães que lamentam, se uma nova criança se aperta em seu colo e pede alimento... Inimigo da felicidade do lar é o lamento por causa da benção de Deus, que o circunda e acresce. O heroismo da maternidade é apanágio e glória da esposa cristã: na desolação de sua casa, se ela está sem a alegria de um anjinho, sua solidão torna-se oração e invocação aos céus; a sua lágrima se ajunta com o pranto de Ana, que à porta do Templo suplicava ao Senhor o dom do seu Samuel.

(Discurso às mulheres da Ação Católica, 26 de outubro, 1941 - retirado do livro: Pio XII e os problemas do mundo moderno - continua ...)
PS: Grifos meus