Prática da humildade
Quem não for humilde não pode agradar a Deus, porque o Senhor não suporta os soberbos, resiste-lhes. Prometeu Ele escutar os que O invocam e Lhe pedem; se, contudo, for um soberbo que o faça, não o atende; e, pelo contrário, aos humildes liberaliza as suas graças. Consiste a prática desta virtude:
1º - Em nunca nos fiarmos nas nossas próprias forças, nem nos nossos propósitos, e desconfiarmos sempre e arrecearmo-nos de nós mesmos.
2º - Em nos não vangloriarmos das nossas coisas, como talentos, boas obras, família, parentes e outras semelhantes. Por isso convém que nunca falemos de nós mesmos, uma vez que não seja para referirmos os nossos defeitos: posto que seja melhor não falarmos de nós, nem dizendo bem nem mal; porque não poucas vezes o mal que se diz, desperta a vanglória e o vão desejo de sermos louvados, e tidos por humildes, e desta arte a própria humildade degenera em soberba.
3º - Em não nos impacientarmos contra nós mesmos depois de alguma falta. Porque isto procede muitas vezes do orgulho, e é ardil do demônio, para nos fazer perder a confiança e abandonar uma vida regular.
4º - Em não nos admirarmos das quedas dos outros, mas compadecendo-nos deles, pedirmos ao Senhor, que a todos nos tenha na Sua mão: pois que, procedendo de outra forma, poderia Deus castigar-nos, deixando-nos cair nos mesmos pecados, ou talvez em outros ainda maiores.
5º - Em ter-nos a nós pelos maiores pecadores, e isto ainda quando soubéssemos que outros tinham mais pecados do que nós, porque as nossas culpas, cometidas depois de tantas luzes e graças de Deus, tornam-se muito mais indesculpáveis perante o Senhor.
6º - Em nos alegrarmos de ser desprezados pelos nossos semelhantes, pois que havendo merecido o inferno, merecido temos o andar debaixo dos pés dos demônios.
7º - Em recebermos com paz e ânimo agradecido, qualquer advertência, sem desculpar-nos, senão quando o exija a necessidade de evitar algum escândalo.
(Retirado do livro: A Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910)
PS: Grifos meus.