quarta-feira, 14 de julho de 2010

A FORMAÇÃO DA VONTADE - Parte II

A FORMAÇÃO DA VONTADE
Parte II

As condições da formação da vontade


Quais são as condições gerais da formação da vontade?
Para as crianças, as condições gerais da formação da vontade são:

Umas de preparação geral:

- A higiene apropriada ao bom funcionamento dos nervos.
- A criação dos hábitos.

Outras preparatórias da decisão:

- A iluminação da inteligência.
- A docilidade para com a inteligência.

Outras preparatórias de execução:
- A utilização do poder moral do sentimento.
- A energia da ação.

Outras preparatórias da perseverança:

- A duração da decisão.
- A duração do esforço.

Capítulo I
A higiene apropriada

A higiene tem uma tarefa a desempenhar na formação da vontade?
Sem entrar em particularidades, diremos somente que o sistema nervoso e o sistema muscular ocupam um lugar importante entre as energias que a vontade põe em jogo para passar da aspiração à realização.

Logo, a vontade depende deles do mesmo modo e da mesma medida que o operário depende do seu instrumento de trabalho.

Como poderá a higiene desempenhar a sua tarefa?
O organismo será tanto mais condescendente quanto mais inteligentemente for tratado.”
(J.Guibert, ob. Cit., p.29)

A alimentação, a digestão, os exercícios corporais influem sobre a saúde geral, sobre a composição e circulação do sangue, e atuam, portanto, necessariamente, sobre o sistema nervoso.

A higiene deve cuidar da alimentação, eliminar as causas de perturbações, tornar os músculos flexíveis para fazer do organismo um servidor dócil à disposição da vontade, e não um tirano imperioso que contrarie todas as decisões.

Capítulo II
A criação dos bons hábitos

Que é hábito?
O hábito é “uma tendência adquirida pelo ser vivente para reproduzir certos atos, ou suportar certos estados, tanto mais facilmente quanto mais vezes tenham sido suportados”.
(F.Buisson. Educação da vontade, t. I,p. 18)

O hábito é uma segunda natureza.
O hábito, para merecer tal nome, deve ser constante.

A importância do hábito

Qual é a importância do hábito?
É imensa.

Para podermos fazer uma idéia, consideremos sucessivamente a sua influência no sentido do mal e a sua influência no sentido do bem.

Qual é a importância dos maus hábitos?
Os maus hábitos contraem-se mais facilmente e mais depressa que os bons, “porque o mal, considerado em si mesmo, é a inclinação da nossa natureza, e, pelo que ele tem de revolta contra Deus, é a tendência do nosso estado de queda moral”.
(Monfat, Os verdadeiros princípios da educação, p. 74).

Cada ato mau diminui a força do bem.

Quanto mais pecados, tanto mais golpes de machado na raiz; por isso, a árvore não se pode sustentar por muito tempo; inclina-se pelos seus hábitos viciosos; as menores tentações fazem-na vacilar. Os movimentos mais leves imprimem-lhe uma inclinação cada vez mais perigosa.”
(Bossuet, Sermão para o III domingo do Advento, 1º capítulo. São Paulo, II Timo, 11,26).

Os maus hábitos convertem-se em tiranias. A alma, por causa deles, sofre o jugo de maus senhores “que a mantêm cativa e a fazem agir à sua vontade”.

- Os bons hábitos são outras tantas “naturezas felizes” que facilitam a virtude; que constituem um entusiasmo quase irresistível para o bem; que impedem o desabrochar e desenvolvimento dos defeitos; que geram a felicidade.

- A criança a quem se fazem contrair bons hábitos segue, com facilidade e espontaneidade, o caminho da virtude; os seus pais pouquíssimas vezes têm que intervir; só muito raramente têm que repreender e punir. É para todos um alívio e a felicidade. Portanto, toda a educação se baseia nos bons hábitos que as crianças tenham sido obrigadas a contrair.

Os meios a empregar para se fazer contrair um hábito

Qual é a primeira regra a seguir para fazer contrai bons hábitos às crianças?
É a de começar cedo.

Há deste método duas vantagens:

– A primeira é que a criança muito nova depressa adquire hábitos, ao passo que, numa idade mais avançada, opõe resistências físicas e morais quase invencíveis.

– A segunda é que, quando se começa cedo, os bons hábitos superam os hábitos maus, o que é duma importância capital.

Qual é a segunda regra a seguir para fazer contrair bons hábitos às crianças?
É a de obrigar as crianças a praticarem as mesmas ações sempre da mesma maneira e à mesma hora, se for possível. A alteração lança a confusão nas idéias e produz a hesitação nos atos.

Qual é a terceira regra?
É a de fazer repetir muitas vezes os mesmos atos. Se a ação não se repetir, a modificação da alma não adquire essa fixidez que é a condição do hábito.

Qual é a quarta regra?
É a de obrigar a praticar as ações com atenção. (Há, simultâneamente, em muitos atos, um lado material que poderia sem inconvenientes conservar-se automático, e um lado intelectual, moral e sobrenatural que exige, para ter algum valor, uma parcela de atenção positiva.)

- Sem este cuidado, o hábito degenera em rotina e deixa de ser completamente bom.

- Demais, como se faz sempre de boa vontade aquilo que se faz bem, a fidelidade a esta quarta regra constituirá para a criança uma garantia de perseverança que mais facilitará a tarefa dos pais.

Quais são os hábitos que se podem obrigar a contrair com utilidade?
São: o bom caráter; a sinceridade; a ordem; a probidade; o espírito de sacrifício.

(Excertos do livro: Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: A iluminação sincera da inteligência)