domingo, 25 de abril de 2010

Uma vela historiada

Uma vela historiada


Eis a história de uma vela, nas mãos de certa mãe. Branca e alva saiu de sua gaveta. Colocaram-na nas mãos da parturiente, quando lhe nasceu o sexto filho. Digo, uma menina. A mãe teceu uma coroa de flores com que ornou a vela. Determinou ardesse à hora do batismo da filhinha Lioba. E o mesmo acontecesse no dia de sua primeira comunhão.

Alegrou-se em vê-la acesa quando Lioba foi crismada. Teve a alma em alvoroço vendo-a moça e esbelta como a vela que levava, quando se apresentou de noiva no altar. Ia receber um sacramento com alma branca. Veste, véu, vela, alma. - tudo branco.

Depois a vela passou a posse de Lioba. Não teve ela a alegria de acendê-la no nascimento de um filho, porque Deus a provou com a esterilidade. Mas certo dia veio a doença abrindo-lhe chagas nos pés e nas mãos, no corpo todo. Ficou Lioba presa ao leito de doente longos anos, numa santa paciência de predestinada.

O esposo, cristão exemplar, contemplava aquela esposa consumindo-se como uma vela. Anos passados retirou esta, já bem gasta, para a colocar nas mãos da esposa agonizante. Viu então como as duas velas - a de cera e a de carne humana - se consumiam lentamente. Ambas iam apagando-se, por entre orações da cristã sofredora.

Que belo símbolo de fé representa essa vela! Não faço questão de uma cera em forma de vela, família (leitora). Falo questão de seu símbolo, já que representa a luz de uma fé perseverante.

Essa luz tem de ser acesa na alma dos filhos, para arder em todas as horas da vida. Sobretudo à hora dos sofrimentos. Estes não podem faltar numa família e nem devem ser mal recebidos, profanados, convertendo-se em mau exemplo deixado nos lares.

Tão abençoada luz precisa ser acesa na alma dos pais, como numa lareira se acende uma vela. Lastimável é portanto a ausência dessa luz na vida de pais e educadores cristãos. Como conseguirão enfrentar e ensinar coragem, à hora das cruzes?

Cristo mencionou um programa para todos sem exceção: tomar a cruz e ir atrás d'Ele. Logo, importa contar com a realidade, a presença de sofrimentos. Vendo-os santificados pelos pais, mais fácil será aos filhos recordar um passado edificante.

A cruz é também capital com juros para quem herda o nome e as virtudes dos pais. Por isso, família (leitora), vamos acertar nossa visão a respeito da realidade. Errado seria contar com improvisações amanhã. A virtude é treino, é conquista. Vive ensaiada ao longo de ano para a sua hora.

(Excertos do livro: Mundo entre berços, do Pe. Geraldo Pires de Souza)

PS: Grifos meus.