(Teresa, no papel de Joana d'Arc)
A Joana d'Arc
Quando o Deus das Nações te concedeu vitória,
E, expulsando o invasor, sagraste o rei, ó Joana,
teu nome se tornou famoso em toda a história,
diante de ti os heróis perderam brilho e fama.
Mas aquela era ainda a glória passageira;
ao teu nome faltava a auréola dos santos.
O Bem-Amado deu-te, amarga, a taça inteira,
e te tornaste a rejeitada dos humanos.
Numa escura masmorra, entre grilhões e horrores,
o cruel invasor cobriu-te de amarguras.
Nenhum amigo teu partilhou tuas dores,
nenhum se apresentou para enxugar teu pranto.
Vejo-te, neste horror, mais reluzente e bela,
do que no dia-luz do rei em sagração.
Donde te veio a luz, este fulgor de estrela,
que hoje te faz brilhar? De uma ignóbil traição!
Se um dia o Rei do amor, neste vale de prantos,
não tivesse buscado a traição e a morte,
para todos nós a dor já não teria encantos...
Mas hoje a amamos como um tesouro e uma sorte.
(Santa Teresa do Menino Jesus)