O meio da educação moral
(Terceira parte)
3º - A dignidade no porte.
Que importância se deve ligar às boas maneiras?
As boas maneiras são o complemento obrigado da educação; dão-lhe não sei que graça, que atrai e provoca a simpatia.
Em que devem os pais praticá-las?
Em tudo aquilo que possam exigir de seus filhos. Pensam e dizem que não é bonito cruzar as pernas, bocejar ruidosamente, encostar-se, assobiar, olhar fixamente as pessoas presentes, etc. Muito bem. Mas é preciso que eles próprios comecem por evitar essas incorreções, contra as quais é muito justo prevenir a criança.
4º - A fidelidade às práticas religiosas.
“Os vossos filhos farão aquilo que vós fizerdes; serão aquilo que vós fordes”
4º - A fidelidade às práticas religiosas.
“Os vossos filhos farão aquilo que vós fizerdes; serão aquilo que vós fordes”
(Mgr. Gibier, A desorganização da família, p. 442).
Qual é a importância do bom exemplo nas práticas religiosas?
Qual é a importância do bom exemplo nas práticas religiosas?
A importância é capital.
Se, com efeito, o terceiro mandamento é uma tolice, como dizia um desgraçado pai a seu filho, no dia seguinte ao da sua primeira Comunhão, o quarto mandamento e os outros tornarão bem depressa o mesmo caráter aos olhos da criança, lógica e dócil. Se a criança “abrindo os olhos e perscrutando a vida paterna, pode dizer: Meu pai não é cristão; porque o deverei ser eu? a sua apostasia é naturalmente certa”.
(Mgr. Gibier, Ibid, p.296)
Quais são os hábitos dos quais convém dar o exemplo?
1º - Far-se-á, ao menos à noite, a oração em família.
2º -Aos domingos, assistir à missa, e, sendo possível, aos exercícios da tarde na igreja, com um livrinho na não.
"Faço como o papá", dizia a criança P. Nempon, quando a queriam obrigar a ter um livro nas mãos, em vez dos braços cruzados.
3º - Dar-se-á às crianças o exemplo dum grande afeto à Igreja e duma profunda veneração pelos ministros de Jesus Cristo.
"Faço como o papá", dizia a criança P. Nempon, quando a queriam obrigar a ter um livro nas mãos, em vez dos braços cruzados.
3º - Dar-se-á às crianças o exemplo dum grande afeto à Igreja e duma profunda veneração pelos ministros de Jesus Cristo.
4º -Tomar-se-á a defesa da religião e da Igreja, quando são atacadas, e habituem-se as crianças à luta do bem contra o mal.
5º - O mais freqüentemente possível, os pais ajoelharão à Mesa Santa ao lado de seus filhos, que já tenham uso da razão.
Os pais que compreendem a importância do bom exemplo não deverão comungar frequentemente, e mesmo todos os dias?
Sim; e, para nos convencermos, basta recordar duas verdade indiscutíveis.
A primeira é que, em nossos dias, um jovem ou uma menina, sem a comunhão frequente ou cotidiana, não pode de modo algum ter uma virtude completa. A segunda é que as crianças não seguem geralmente os pais no caminho do bem, senão a uma certa distância muito respeitosa.
A primeira é que, em nossos dias, um jovem ou uma menina, sem a comunhão frequente ou cotidiana, não pode de modo algum ter uma virtude completa. A segunda é que as crianças não seguem geralmente os pais no caminho do bem, senão a uma certa distância muito respeitosa.
E, se os pais comungam, não assistirão jamais a este espetáculo, profundamente contristador e inquietante, de jovens e de donzelas que, todos os dias, iam ajoelhar-se diante da Mesa Sagrada, quando estavam no colégio ou durante os estudos e, uma vez de regresso ao lar, no tempo das férias ou terminados os estudos, abandonam a regularidade desse ato piedoso e caem na negligência, com risco de se perderem.
É preciso que os pais possam dizer dos seus hábitos cristãos aquilo que o bom rei Henrique dizia do seu penacho branco: “Segui-o, encontrá-lo-eis sempre no caminho da honra e da vitória”.
É preciso que os pais possam dizer dos seus hábitos cristãos aquilo que o bom rei Henrique dizia do seu penacho branco: “Segui-o, encontrá-lo-eis sempre no caminho da honra e da vitória”.
“Os hábitos religiosos entravam no regime da sua casa, como a comida e a bebida”, dizia Mgr. Parisis, a respeito de seus pais.
Seção II
A vigilância
Como se divide esta seção da vigilância?
Em quatro capítulos:
Capítulo I: A natureza da vigilância.
Capítulo I: A natureza da vigilância.
Capítulo II: A necessidade da vigilância.
Capítulo III: As condições da vigilância.
Capítulo IV: O objeto da vigilância.
Capítulo I - A natureza da vigilância
O que é a vigilância?
A vigilância é uma virtude que abre o espírito, os olhos e os ouvidos dos pais (e, em geral, de todas as pessoas responsáveis pela educação), e que as torna capazes:
1º - De prever, de distinguir e de afastar os perigos que podem correr a vida, a saúde e, sobretudo, a fé e a virtude das criancinhas;
2º - De prestar um auxílio oportuno à consciência e à vontade, previamente excitadas, das crianças que crescem e que, ao mesmo tempo, fazem a aprendizagem progressiva da sua liberdade.
Seguindo esta definição há, portanto, dois atos no papel da vigilância?
Sim.
1º - Quando a criança é pequena:
a) A vigilância é estrita; evita o mal;
b) Se o mal aparece, arreda-o à primeira manifestação;
c) Se o mal tomou já algum desenvolvimento, descobre-o, indaga a causa dele, e dá o remédio.
2º - Quando a criança cresce:
a) A vigilância diminui progressivamente na medida do desenvolvimento da inteligência, da consciência e da vontade da criança;
a) A vigilância diminui progressivamente na medida do desenvolvimento da inteligência, da consciência e da vontade da criança;
b) Presta um auxílio oportuno a quem vacila ou pede socorro;
c) Se há uma queda, levanta o espírito e faz tirar da mesma queda uma lição prática, útil e edificante.
Capítulo II – A necessidade da vigilância
A vigilância é necessária?
Sim, por muitas razões:
1º - A criança que não sabe é naturalmente imprudente e temerária.
1º - A criança que não sabe é naturalmente imprudente e temerária.
2º - A criança traz em si as conseqüências do pecado original.
3º - Está cercada de inimigos exteriores.
4º - Sofre na ocasião do seu desenvolvimento uma crise interior muito para temer.
Artigo I – A criança é naturalmente imprudente.
A que atribui a imprudência natural da criança?
Ao seguinte: o animal tem o instinto para se guiar; e pelo instinto evita as coisas nocivas, protege-se contra os perigos, distingue as plantas venenosas, encontra as gramíneas que o devem aliviar.
O homem tem também uma faculdade, que os filósofos chamam estimativa ou instinto; mas é pouco desenvolvida e quase não tem necessidade de o ser. O verdadeiro guia do homem, com efeito, é a razão, o entendimento e a experiência.
Mas a criança?
A sua razão apenas começa a exercer-se; o seu entendimento não está formado: a sua experiência é nula.
É-lhe preciso, pois, um guia, um protetor, um defensor, um esteio.
Quem desempenhará junto dela estas funções necessárias?
Os pais, e somente os pais; são eles, por sua mesma natureza, a segunda providência, a providência visível de seus filhos.
A vigilância impõe-se.
É para os pais um dever grave.
Que conclusão se deve tirar destas comprovações?
É que será uma imprudência deixar muito cedo a criança dirigir-se só e a seu talante. Seria, além disso, supor que a sua razão e a sua vontade estão já formadas, quando, nesta hipótese, se trata precisamente da sua formação; seria supor a educação já feita, enquanto ela está por fazer.
Artigo II – A criança traz em si as conseqüências do pecado original.
Como é que o pecado original prova a necessidade da vigilância?
Porque o pecado original deixou as suas conseqüências na criança e rompeu o equilíbrio das suas faculdades; predispõe-a, por conseguinte, para uma infinidade de maus hábitos.
Só a vigilância pode evitar os desvios, salvaguardar a dignidade, preservar a inocência.
Artigo III – A criança está cercada de perigos exteriores.
Quais são os perigos exteriores que ameaçam a criança?
São as mil variantes do fruto proibido, os atrativos sedutores que o mal oferece; as solicitações das pessoas; as tentações das coisas, etc., todos os perigos aos quais seria muito difícil a criança resistir só com as suas forças.
Uma menina de quatro anos, obrigada a confessar que se tinha apoderado dum cacho de uvas destinado a sua mãe doente, fez esta reflexão: - E também porque me deixam sozinha!
Respeitamos a forma para conservar a este ligeiro episódio o caráter de autenticidade de que merece ser revestido.
E não parece que esta palavra seja como que o grito instintivo duma fraqueza que queria praticar o bem, mas que foi vencida por falta dum auxílio oportuno?
Artigo IV- A criança sofre, na ocasião do seu desenvolvimento, uma crise interior muito para temer.
Qual é o último e, talvez, o maior perigo que corre a criança?
A criança sofre, na época crítica do seu desenvolvimento, físico e moral, violentos assaltos, aos quais, sem um socorro poderoso, vindo de fora, estaria em grande perigo de sucumbir.
Se esta vigilância é necessária, os pais não devem considerar o seu exercício como um dever?
Se esta vigilância é necessária, os pais não devem considerar o seu exercício como um dever?
A criança tem necessidade dela.
Tem, pois, um direito a ela.
E, por uma correlação necessária, os pais têm o dever de lhes proporcionar essas vantagens. Houvera no céu que todas as crianças pudessem dizer a seu pai e a sua mãe o que Britânnicus dizia ao seu tio:
“Teus olhos, sobre mim incessantemente abertos, salvaram-me de mil perigos encobertos”
(Racine, Britânnicus, I, 4)
(Excertos do livro: Catecismo da Educação, do Abade René Betheléem)
PS: Grifos meus.