"Ainda agora são cheias de amarguras as minhas palavras,
e a violência da minha chaga é mais grave que os meus gemidos.
Quem me dera saber encontrar Deus,
e chegar até ao Seu trono!
Exporia ante Ele a minha causa,
encheria minha boca de queixas,
para saber o que me responderia,
e para compreender o que me diria.
Não quero que com muita fortaleza contenda comigo,
nem que me oprima com o peso da Sua grandeza.
Proponha contra mim a equidade,
e a minha causa obterá a vitória.
Se eu for ao Oriente, não aparece;
se ao Ocidente, não O encontrarei.
Se à esquerda, que hei de fazer?
Não poderei alcançá-lO;
se me voltar à direita, não O verei.
Mas Ele conhece o meu caminho,
e me provou como o ouro, que passa pelo fogo.
Meu pé seguiu as Suas pisadas,
e eu guardei o Seu caminho, e não me desviei dele.
Não me apartei dos preceitos de Seus lábios,
escondi no meu seio as palavras de Sua boca,
porque Ele é o único e ninguém pode frustrar os Seus desígnios;
Sua vontade fez tudo o que quis.
Quando tiver cumprido em mim a Sua vontade,
ainda tem à mão outras muitas coisas semelhantes.
Por isso estou turbado na Sua presença,
e, quando O considero, sou agitado de temor.
Deus amolgou o meu coração,
e o Onipotente me turbou.
Porque não pereci, não obstante as trevas que estão sobre mim,
nem a escuridão cobriu o meu rosto."
(Jó 23, 1-17)