terça-feira, 26 de março de 2013

Doutrina Cristã - Parte 27

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã, 
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

EUCARISTIA
Definição. — Figuras. — Promessa. Instituição

            25.  A Eucaristia é o sacramento em que, sob a espécie do pão e do vinho, se contém REALMENTE o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo para alimento das almas.
            Eucaristia é palavra grega, que significa boa graça ou ação de graças; e é usada muito a propósito pois nesse sacramento recebemos a Jesus Cristo, o próprio autor da graça, e agradecemos a Deus os benefícios recebidos, como fez Jesus, que, antes de instituí-lo, levantou os olhos e deu graças.
            A Eucaristia foi de vários modos prefigurada no Antigo Testamento: assim o sacrifício de Abel, o de Melchisedech a oferecer pão e vinho, o maná do deserto, o cordeiro pascal, etc.
            Jesus Cristo prometeu este sacramento em Cafarnaum, quando, após o milagre da multiplicação dos pães, disse às turbas: — “Eu sou o pão vivo, que desci do céu... Se não comerdes a carne do Fi­lho do Homem e não beberdes o seu sangue, não te­reis a vida em vós. O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. VI, 51-55)
            Instituiu-o na última ceia, quando consagrou o pão e o vinho e os distribuiu aos Apóstolos como Cor­po e Sangue seu, mandando que fizessem outro tanto em Sua memória.

Matéria. — Forma. — Ministro

            26. — Matéria deste sacramento é o pão de tri­go e o vinho de uva. Jesus Cristo consagrou o pão asmo, isto é, não levedado, e assim costuma fazê-lo até agora a Igreja latina.
            Forma são as palavras que o ministro pronuncia em nome de Jesus Cristo na consagração: “Isto é meu corpo. Este é o cálice o meu Sangue... derramado por vós e por muitos (grifo do blogue) em remissão dos pecados’’...
            Ministro é o sacerdote, isto é, aquele que recebeu no Sacramento da Ordem o poder sobre o corpo real de Jesus Cristo.

Presença real. — Transubstanciação. Espécies.

            27. — A Eucaristia difere dos outros sacramen­tos, não só porque primeiro se faz e depois se confere enquanto os outros sacramentos são conferidos no próprio ato em que se fazem; mas sobretudo por­que os outros Sacramentos dão a graça, enquanto a Eucaristia nos dá o próprio Autor da graça.
            Jesus Cristo, de fato, está real, verdadeira e subs­tancialmente presente na Eucaristia. É esse um grande e profundo mistério devido à infinidade e omnipotência de Deus: nós o cremos, porque no-lo disse Jesus Cristo e no-lo ensina a Igreja. Jesus Cristo, efetivamente, ao prometer-nos esse sacramento, disse: — “O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no úl­timo dia.
            Porque a minha carne é verdadeiramente comi­da, e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo. VI, 55-56.)
            Essas palavras devem ser tomadas à letra, como as interpretaram os ouvintes. Jesus não corrigiu tal interpretação, mas a confirmou; e embora muitos, a quem parecia duro esse falar, se apartassem d'Ele, não retirou Jesus palavra alguma das proferidas.
            As palavras da instituição são claras, simples e precisas, e dizem que o que Jesus queria dar aos Apóstolos era o Seu corpo e sangue, que devia ser derra­mado em prol deles.
            Foram sempre tomadas pelos Apóstolos e pela Igreja em sentido próprio as palavras de Jesus, como nos ensina a Tradição e o definiu o Concilio de Trento.
            Quando, pois, o sacerdote pronuncia as palavras da consagração, se opera o milagre da transubstanciação, ou da mudança da substância do pão no cor­po de Jesus Cristo e da substância do vinho em Seu precioso sangue.
            Do pão e do vinho ficam apenas as espécies ou aparências, isto é, tudo o que cai sob os nossos sen­tidos, como a cor, o calor, a figura, etc. Ora, como Jesus Cristo se encontra na Eucaristia vivo e glorioso, como está no céu, assim, quer sob as aparências de pão, quer sob as aparências de vinho, está Jesus todo inteiro, corpo, sangue, alma e divindade.
            Segue-se: a) que Jesus Cristo se encontra em todas as hóstias consagradas do mundo; b) que, partindo-se a hóstia em mais partículas ou dividindo-se a espécie do vinho, o Corpo do Senhor não se parte, mas fragmentam-se apenas as espécies, ao passo que o corpo do Senhor permanece inteiro em cada uma das partes, por mínima que seja; c) que a divina presen­ça fica em nós, até quando não estejam consumadas as espécies do pão e do vinho.

Missa e Comunhão

            28. — Jesus Cristo instituiu esse sacramento por três razões principais: 1) para que houvesse na Missa o sacrifício do Novo Testamento; 2) para que houvesse na Comunhão o alimento das almas; 3) para que fosse perpétua a lembrança do Seu amor e da Sua Paixão e Morte. Podemos considerar a Eucaristia, como sacrifício na santa Missa, ou como alimento na santa Comunhão.