Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã,
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
EUCARISTIA
Definição. — Figuras. — Promessa. Instituição
25. — A
Eucaristia é o sacramento em que, sob a espécie do pão e do vinho, se contém REALMENTE
o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo para alimento
das almas.
Eucaristia
é palavra grega, que significa boa graça ou ação de graças; e é usada muito a
propósito pois nesse sacramento recebemos a Jesus Cristo, o próprio autor da
graça, e agradecemos a Deus os benefícios recebidos, como fez Jesus, que, antes
de instituí-lo, levantou os olhos e deu graças.
A
Eucaristia foi de vários modos prefigurada no Antigo Testamento: assim o
sacrifício de Abel, o de Melchisedech a oferecer pão e vinho, o maná do
deserto, o cordeiro pascal, etc.
Jesus Cristo prometeu este sacramento em Cafarnaum, quando, após o milagre da
multiplicação dos pães, disse às turbas: — “Eu sou o pão vivo, que desci do
céu... Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós. O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a
vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. VI, 51-55)
Instituiu-o
na última ceia, quando consagrou o pão e o vinho e os distribuiu aos Apóstolos
como Corpo e Sangue seu, mandando que fizessem outro tanto em Sua memória.
Matéria. — Forma. — Ministro
26. — Matéria deste sacramento é o
pão de trigo e o vinho de uva. Jesus Cristo consagrou o pão asmo, isto é, não
levedado, e assim costuma fazê-lo até agora a Igreja latina.
Forma são as palavras que o ministro
pronuncia em nome de Jesus Cristo na consagração: “Isto é meu corpo. Este é o cálice o
meu Sangue... derramado por vós e por muitos (grifo do blogue) em remissão dos pecados’’...
Ministro é o sacerdote, isto é,
aquele que recebeu no Sacramento da Ordem o poder sobre o corpo real de Jesus Cristo.
Presença
real. — Transubstanciação. Espécies.
27. — A Eucaristia difere dos outros
sacramentos, não só porque primeiro se faz e depois se confere enquanto os
outros sacramentos são conferidos no próprio ato em que se fazem; mas sobretudo
porque os outros Sacramentos dão a graça, enquanto a Eucaristia nos dá o
próprio Autor da graça.
Jesus Cristo, de fato, está real,
verdadeira e substancialmente presente na Eucaristia. É esse um grande e
profundo mistério devido à infinidade e omnipotência de Deus: nós o cremos,
porque no-lo disse Jesus Cristo e no-lo ensina a Igreja. Jesus Cristo, efetivamente,
ao prometer-nos esse sacramento, disse: — “O que come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Porque a minha carne é
verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo. VI,
55-56.)
Essas palavras devem ser tomadas à letra, como as interpretaram os ouvintes. Jesus não corrigiu tal interpretação,
mas a confirmou; e embora muitos, a quem parecia duro esse falar, se apartassem
d'Ele, não retirou Jesus palavra alguma das proferidas.
As palavras da instituição são
claras, simples e precisas, e dizem que o que Jesus queria dar aos Apóstolos
era o Seu corpo e sangue, que devia ser derramado em prol deles.
Foram sempre tomadas pelos Apóstolos
e pela Igreja em sentido próprio as palavras de Jesus, como nos ensina a
Tradição e o definiu o Concilio de Trento.
Quando, pois, o sacerdote pronuncia
as palavras da consagração, se opera o milagre da transubstanciação, ou da
mudança da substância do pão no corpo de Jesus Cristo e da substância do vinho
em Seu precioso sangue.
Do pão e do vinho ficam apenas as
espécies ou aparências, isto é, tudo o que cai sob os nossos sentidos, como a
cor, o calor, a figura, etc. Ora, como Jesus Cristo se encontra na Eucaristia
vivo e glorioso, como está no céu, assim, quer sob as aparências de pão, quer
sob as aparências de vinho, está Jesus todo inteiro, corpo, sangue, alma e
divindade.
Segue-se: a) que Jesus Cristo se encontra em
todas as hóstias consagradas do mundo; b) que, partindo-se a hóstia em mais
partículas ou dividindo-se a espécie do vinho, o Corpo do Senhor não se parte,
mas fragmentam-se apenas as espécies, ao passo que o corpo do Senhor permanece
inteiro em cada uma das partes, por mínima que seja; c) que a divina presença
fica em nós, até quando não estejam consumadas as espécies do pão e do vinho.
Missa
e Comunhão
28. — Jesus Cristo instituiu esse
sacramento por três razões principais: 1) para que houvesse na Missa o
sacrifício do Novo Testamento; 2) para que houvesse na Comunhão o alimento das
almas; 3) para que fosse perpétua a lembrança do Seu amor e da Sua Paixão e
Morte. Podemos
considerar a Eucaristia, como sacrifício na santa Missa, ou como alimento na
santa Comunhão.