quarta-feira, 20 de março de 2013

A Mãe segundo a vontade de Deus - Introdução

Nota do blogue: Iniciarei hoje a transcrição de uma volumosa e esplêndida obra intitulada A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos, do célebre Padre J. Berthier, M.S. Esse livro já se encontra em arquivo PDF.

P.S do dia 31/01/2014: (incompleto, mas livro já existente no blogue em PDF)

Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula



Introdução
I- O amor materno
CUIDADOS CORPORAIS 


            Há entre a Igreja do Céu e a da terra uma maravilhosa harmonia: assim como no Céu, há diferentes graus na beatitude e na glória, o mesmo sucede na terra, onde há diversos estados livres, onde os homens podem merecer recompensas particulares.
            Dignos de Deus que os estabeleceu, todos estes estados são santos; mas nem todos têm a mesma perfeição, nem a mesma utilidade para a salvação. O mais elevado é, sem contradição, o episcopado, encarregado de perpetuar através dos séculos a missão de Jesus Cristo sobre a terra; em segundo lugar coloca-se a vida religiosa, em que o homem, num sacrifício absoluto, se consagra a Deus todo inteiro. Vem depois a virgindade, que, segundo a linguagem dos Santos Padres, atraiu o Filho de Deus à terra, povoa o Céu de eleitos, e faz a glória do sacerdócio católico. Enfim apresenta-se o casamento cristão, um dos sete sacramentos da lei nova, chamado pelo Apóstolo uma honrosa aliança. Instituído para aperfeiçoar nos esposos o seu amor mútuo, pode este sacramento, quando as almas são ávidas de santidade, sustentá-las em sublimes alturas.
            Citemos, para exemplo, Santo Henrique, imperador da Alemanha. Mandou chamar, já no leito de morte, os pais de Santa Conegundes, sua esposa, e alguns príncipes da corte, e, tomando a mão da santa imperatriz: «Eu vos recomendo, lhes disse, a que me destes por esposa; ei-la aqui. Recebi-a virgem, e virgem vo-la entrego.» Perfeitos imitadores de Maria Mãe de Deus e de José, seu casto esposo, tinham, durante mais de vinte anos, vivido na mais santa e virginal das uniões.
            É certo que, segundo a palavra de S. Jerônimo, «Deus não impõe a vida dos anjos, contenta-se em ensiná-la»; convida ao mais perfeito, mas sem obrigar ninguém. Além da castidade perfeita, guardada no casamento, por livre e mútuo consentimento dos esposos, resta outro encargo glorioso, revelado por S. Paulo, nos mais expressos termos à esposa cristã: «A mulher, diz ele, santifica-se, dando filhos»; grande missão, que associa de alguma sorte a esposa ao poder fecundo e aos admiráveis desígnios do Criador.
            Desgraçadas mil vezes as mulheres, que, renunciando por um lado ao heroísmo de uma castidade absoluta, e cedendo, por outro lado, por uma fraca desconfiança da Providência e do futuro, ao terror egoísta das santas fadigas da maternidade, transgridem duma forma grave as santas leis do casamento cristão. Erram nas vias tenebrosas do egoísmo e da sensualidade, que vão dar à perdição. Felizes, pelo contrário, aquelas cujas entranhas santamente fecundas deram à terra e ao Céu filhos numerosos.
            Nas trevas da idolatria, a mulher pagã, sem compreender toda a dignidade da sua missão, era nobremente altiva da sua fecundidade.
            É conhecida a história de Cornélia. Pediu-lhe um dia uma dama romana, que lhe mostrasse as suas jóias. — «Espere alguns instantes», respondeu a nobre mãe; e quando os seus filhos vieram das escolas de Roma: «eis aqui, diz ela, mostrando-os, as jóias de Cornélia».
            Quanto mais não se deve alegrar a mãe cristã! Com efeito, na criança gerada nas suas entranhas descobre a sua fé um ser imortal, feito à imagem de Deus. O seu primeiro passeio é para a Igreja, a fim de ser considerado Filho de Deus, e isento da mácula do pecado original. A sua primeira palavra será para chamar o Pai do Céu, ao mesmo tempo que o da terra. Ao primeiro raio da sua inteligência nascente, à primeira pulsação afetuosa do coração, começará a elevar-se até ao seu Criador, pelo conhecimento e pelo amor. Formado por uma mãe piedosa, esta criança promete vir aumentar o número dos que fazem a felicidade em louvar a Deus e em servi-lO; porque as lições da mãe têm, sobre seu filho, um império de doçura e de persuasão, a que nada saberia resistir.
            «O homem, tanto no moral, como no físico, é apenas o que a mulher o fez, disse o Padre Ventura. A mesma mãe que lhe deu a vida do corpo, por seu sangue, lhe deu a vida da inteligência, por sua palavra. »
            «É ordinariamente a mulher que faz a felicidade ou a desgraça da família, e que é o grande instrumento, a grande alavanca da sua moralidade ou da sua corrupção. Muitas vezes até a família toda inteira nada mais é, do que aquilo que a mulher a faz. Não é mais do que o espelho das suas boas qualidades ou de seus defeitos, das suas virtudes ou dos seus vícios.»
            Que salutar influência não exerceriam as mães se, com dedicação generosa, com santa perseverança, se pusessem resolutamente à obra! Por elas, não seria só a família, seria toda a sociedade regenerada!
            É para ajudar a mulher cristã nesta obra, que nós publicamos este livro.
            Sem dúvida que cairá bastantes vezes nas mãos de mães que têm dedicado todos os seus esforços ao desejo de instruírem os seus filhos. Mas quantas, no meio das solicitudes e dos cuidados da vida não têm perdido de vista algumas das suas obrigações! Este livro é destinado a recordar-lhas todas. Também fizemos, quanto pudemos, para nada lhe omitir, e ao mesmo tempo nada exagerar.
            E sendo bastante difícil tratar da educação, procuramos um concurso em toda a parte, onde o podemos encontrar. E para dar mais peso aos nossos conselhos, preferimos citar, a falarmos nós mesmos. Aí ficam, pois, numerosos exemplos tirados dos livros santos, dos Padres da Igreja e dos moralistas.
            Que Nosso Senhor, por intercessão de Maria, abençõe este humilde trabalho, para Sua maior glória, e salvação das almas, resgatadas por Seu sangue!