sexta-feira, 15 de março de 2013

Matrimônio

Monsenhor Henrique Magalhães
A Igreja e seus mandamentos,  edição de 1946.

MATRIMÔNIO 
6 de Agosto de 1940

            Começamos hoje a estudar o último Sacramento, em ordem da enumeração da Igreja - o Matrimônio.
            Os cinco primeiros sacramentos – Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência e Extrema Unção santificam a vida individual; a Ordem e o Matrimônio santificam a vida social.
            A Ordem tem por fim a direção das multidões cristãs para Deus, a administração dos Sacramentos, a pregação da palavra, a evangelização dos povos, enfim o governo da Igreja universal.
            O Matrimônio visa a propagação da espécie em condições dignas do homem religioso, dignas da humanidade religiosa.
            A Ordem mantém a família sacerdotal, multiplicando, pela Ordenação legítima, os continuadores da Obra dos apóstolos, que é a mesma obra de Jesus Cristo.
            O Matrimônio mantém a família humana, repetindo, como um eco, as palavras do Criador crescei e multiplicai-vos - em Deus e para Deus!

            A idéia de solidariedade brilha na Igreja, ilumina-a toda, satura a instituição que Jesus Cristo deixou na terra, para realizações sobrenaturais. Como é sublime a expressão do apóstolo São Paulo: - Somos muitos, mas constituímos um só corpo, pois todos participamos de um só pão (1 Cor 10, 17). O pão é massa que, antes, eram milhares de partículas pequeníssimas, pó muito tênue... que depois se uniu, sem solução de continuidade. Somos um só corpo, o corpo místico do qual o próprio Cristo é a cabeça.
            No Batismo brilha a solidariedade: os pais apresentam à fonte da regeneração o filho pequenino, pelo qual os padrinhos respondem, assumindo a responsabilidade sobre o que o novo cristão deve rejeitar e sobre o que ele deve crer.
            A Confirmação prepara os soldados da fé, para as lutas em conjunto.
            A Eucaristia une em Cristo os fiéis.
            A Penitência se destina a sanear o ambiente, purificando o indivíduo.
            A Extrema Unção, também ela, é uma demonstração emocionante de solidariedade: o moribundo recebe o conforto dos seus irmãos que rezam por ele, ajudam-no a transpor os umbrais da eternidade. - As últimas orações da Igreja, quando o cristão exala o último suspiro, são já palavras de consolação aos que ficam chorando, a soluçar.
            Já vimos a Ordem, Sacramento social, por excelência. - O mesmo se dá com o Matrimônio.
            Este sacramento está ligado intimamente à natureza humana. O homem é um composto de espírito e matéria. Se fosse só espírito, não existiria o casamento - pois não haveria morte, nem infância, nem velhice. O Matrimônio completa os vivos e substitui os mortos; guarda os berços e os leitos da dor; ampara os dois extremos da vida, fecha os olhos aos que já cumpriram sua missão na família e espargi flores sobre as sepulturas...
            A alimentação conserva em cada um de nós a vida. O Matrimônio tem o nobre fim de alimentar a humanidade. Há, porém, uma diferença. A alimentação conserva a vida só para este mundo. Ao passo que o Matrimônio, pela procriação que é a nutrição da espécie, dá seres humanos que povoam a terra e prepara os cidadãos da eternidade!