Nota do blogue: Iniciarei hoje a transcrição de um ótimo catecismo escrito por Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã, tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.
Que a leitura desse Catecismo nos ajude na busca por santidade, ao conhecermos mais e assim, amarmos mais a Deus e a Sua santa doutrina!
Indigna escrava do Crucificado e da SS. Virgem,
Letícia de Paula
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FINAL
Prefácio do Autor
A
publicação presente quer vir ao encontro de um desejo, várias vezes
manifestado, mesmo por pessoas autorizadas, acerca de um texto que, breve e
claro, desenvolvesse o programa proposto pela Comunhão catequística diocesana
de Roma para o curso médio-inferior.
É
fruto de longa e madura experiência.
Há
muitos anos que o ensino da doutrina cristã vem sendo o assunto preferido de
nossa atividade sacerdotal, no vivo desejo de que as almas juvenis encontrem o
caminho, a verdade; a vida no conhecimento de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.
Ousamos,
pois, esperar não seja vã esta humilde fadiga.
Para
colimar o seu escopo, não podia o texto ser mais breve.
Quanto
à ordem e clareza, di-lo-ão aqueles a quem é destinado o livro. Pelo que nos
toca, pusemos-lhe amorosamente o máximo cuidado, no intuito de sermos úteis aos
que seguem o programa do curso médio inferior nas escolas secundárias, mas
particularmente aos alunos desejosos de participarem das disputações diocesanas,
assim como aos que se preparam para conseguir o diploma do ensino de religião
no curso elementar.
Encontrarão
aqui os professores a ordem a seguir nas lições e em gérmen as questões que
lograrão desenvolver conforme a capacidade dos ouvintes; os discípulos terão um
processo para mais facilmente fixarem os pontos fundamentais do programa
desenvolvido no decurso do ano.
Não
nos resta senão solicitar de Jesus, divino Mestre, que tem por sobremodo caros
os meninos, uma grande bênção para ser fecunda a nossa boa vontade, afim de
que, pelo assíduo estudo do catecismo, inúmeras almas de adolescentes saibam
conhecer, amar e fielmente servir ao Senhor.
Mons. Francisco Pascucci
PARTE I
I. - RELIGIAO
1. - O cristão, isto é, aquele que, batizado,
deseja seguir verdadeiramente a Jesus Cristo, professar-Lhe a fé e praticar-Lhe
a santa lei, deve conhecer o necessário para conseguir o seu fim, isto é a vida
eterna. Tudo isso, ele o aprende pelo estudo da Religião.
______
A palavra Religião, segundo alguns, deriva de relégere, isto é, tratar com cuidado, porque o homem religioso
cuidadosamente trata das coisas de Deus; segundo outros, vem de religare, ligar, porque tem por
fundamento o vínculo que liga o homem a Deus.
Esse termo, que pode oferecer vários
sentidos, define-se em geral: "O
complexo das relações que, ligam o homem a Deus".
Tais relações podem referir-se à vontade
e à inteligência: - pela inteligência, temos as verdades a crer: pela vontade -
a moral - isto é, as leis a observar.
De dois modos é possível adquirir-se o
conhecimento dessas verdades e dessas leis: - simplesmente, como faz qualquer bom cristão, pelo estudo elementar
do catecismo; cientificamente, apresentando
as provas do que se deve crer e do que se deve praticar.
O estudo científico da Religião diz-se Apologética. É necessário ao cristão
para dar a razão da sua fé e das suas práticas religiosas, assim como para
saber responder aos contraditores da Religião.
A Apologética apresenta-nos a
demonstração dos fundamentos da nossa fé e, especialmente, da existência de
Deus.
II. EXISTENCIA DE DEUS
2. Muitos argumentos poderiam ser aduzidos
para demonstrar a existência de Deus: - nós, pelo caráter do nosso tratado, nos
limitaremos apenas a dois argumentos, dos mais fáceis, deduzidos da ordem do universo e dá existência da lei
moral, reforçados pelo argumento do consenso universal do gênero humano.
1. - A ordem do universo
Todo efeito exige uma causa
proporcionada a si mesma. Conseguintemente, onde houver ordem, há de ter havido
um ordenador, isto é, uma inteligência que tenha ideado essa ordem e uma
vontade que a haja querido assim.
Ora, há, no universo, uma admirável
ordem, seja na estrutura íntima de cada ser, seja no conjunto das várias coisas
harmonizadas entre si.
Logo, o universo é obra de um supremo
ordenador, a quem chamamos - Deus.
Assim raciocina a própria criança, ao
ver ordenados ao fim de marcar horas os maquinismos de um relógio: - não pode
supôr que o relógio se haja formado por si ou como um efeito do acaso, mas o
atribui a um relojoeiro.
2. - A existência da: lei moral
Todo homem sente em sua consciência uma
lei que lhe impõe fazer o bem e fugir ao mal.
Toda lei supõe um legislador.
Ora, esse legislador não podemos ser nós mesmos, porque observamos que, pelo contrário,
a nossa natureza mal suporta essa lei e quisera, antes, que tal lei não
existisse; - não a sociedade, porque
todos os homens, superiores ou súbditos, sentem em si tal lei.
Por ser, pois, lei universal, deve
provir de um legislador acima e fora de toda a humanidade: - esse legislador é
Deus.
3. - Consenso universal dos povos
Atesta-nos claramente a História que a
existência de Deus foi admitida em todos os países e em todos os tempos. Os
homens terão podido talvez errar quanto ao modo como formarem um conceito da
divindade! mas foram sempre acordes em admitirei a existência.
Essa crença não pôde derivar do temor, porque se não teme um ser, cujo
atributo principal é a bondade; - não da ignorância,
porque a professam e comumente a admitem doutos e ignorantes; - não das paixões, porque a existência de Deus é,
para elas, antes um incômodo.
Logo, urge concluir que foi imposta pela
evidência objetiva, percebida pela razão.
O consenso universal dos povos vem, assim,
dar uma conformação aos dois argumentos precedentes e constitui uma
demonstração indireta da existência de Deus.
Aos argumentos da razão ajunta-se o
argumento da fé por quanto o próprio Deus Se revelou ao homem de modo sobrenatural, Ele que Se revelara
já ao homem por meio de Suas obras naturais.
III- A REVELAÇÃO
Definição. - Possibilidade. - Necessidade
3. - A Revelação é a manifestação de
algumas verdades, feita por Deus à criatura inteligente.
A revelação é possível,
quer por parte de Deus, por que Ele é a Bondade infinita, sequiosa de comunicar-Se
a criatura;
quer por parte do homem, por ser o homem inteligente, e, por isso mesmo,
capaz de recebê-la.
Era necessária
a revelação? Convém distinguir duas espécies de necessidades e duas espécies de
verdades.
A necessidade pode ser absoluta ou física, ou pode ser necessidade moral.
Uma coisa é necessária de necessidade absoluta ou física, quando, sem ela, absolutamente
se não pode conseguir o fim; por exemplo, a luz nos é absolutamente necessária para
vermos os objetos.
Uma coisa é necessária de necessidade moral, quando, sem ela, poderia conseguir-se o fim, mas imperfeita
e dificilmente; por exemplo, a instrução, dada pelo professor, é necessária
para eu aprender, embora por mim mesmo eu pudesse estudar.
Além disso, cumpre distinguir entre
verdades de ordem natural, que formam a Religião
natural, e verdades de ordem sobrenatural, que formam a Religião revelada.
No que respeita às verdades de ordem
natural, que o homem, com suas forças naturais, lograria conhecer (existência
de Deus, alma, eternidade, modo de honrar a Deus, etc.), a revelação só era necessária moralmente, enquanto a
razão humana teria, sim, podido, sem ela, conhecer essas verdades, mas com dificuldade, muito imperfeitamente e exposta
a muitos erros. Porque não possuem todos engenho suficiente, nem terão
todos vontade e tempo de se aplicarem a estudá-las; e todos nós somos sujeitos
a errar.
No que, porém, se refere às verdades de
ordem sobrenatural, a revelação foi necessária
absolutamente, porque o homem, munido apenas das forças naturais, não
poderia conhecê-las, e, por outro lado, tal conhecimento lhe era necessário
para obter o fim sobrenatural a que Deus, por bondade, o elevara.
4. - Períodos da Revelação
4. - Deus não revelou de uma só vez ao
homem todas as verdades religiosas; mas fê-lo gradativamente.
Daí, três períodos na divina revelação:
- primitivo ou patriarcal, mosaico e cristão.
O período primitivo ou patriarcal vai
da criação a Moisés: - nele, falou Deus aos patriarcas revelando-lhes algumas
verdades e vários preceitos, entre os quais os da lei natural.
A revelação, deviam conservá-la na consciência
e passá-la de geração a geração, para o que sobremaneira contribuía a longevidade
dos Patriarcas.
O período mosaico vai de Moisés à vinda do Redentor, - e, neste, falou Deus
ao povo eleito por meio de Moisés e dos profetas, revelando-lhes novas
verdades, sobre dar-lhes, em duas tábuas de pedra, a lei escrita.
O período cristão abrange a revelação feita pelo nosso Redentor divino, que
aperfeiçoou a revelação primitiva e a revelação mosaica no tocante às verdades
ensinadas e aos preceitos da lei natural, e cumpriu as promessas contidas nas
revelações precedentes.
Com a morte do último apóstolo, São João
Evangelista, encerrou-se a revelação. Depois desta, não há mais verdades novas
a revelar.
Quando, pois, a Igreja docente nos
define uma verdade de fé, não acrescenta verdade nova ao depósito da revelação,
mas apenas define, isto é, declara,
de modo a ninguém poder duvidar, que aquela verdade estava já implícita na
revelação, e desta lhe deduz as provas.
5. Fontes: Sagrada Escritura e
Tradição
5. - São fontes da revelação divina – A Sagrada
Escritura e a Tradição.
A Sagrada
Escritura ou Bíblia é o complexo
dos livros escritos por inspiração de Deus e declarados tais pela Igreja.
A Sagrada Escritura tem por autor primário
a Deus, e, como simples instrumento, o escritor.
Deus não ditou uma por uma todas as
palavras ao escritor, mas inspirou-o, isto é, iluminou-lhe a mente nas coisas
que Ele queria fossem escritas, moveu-lhe a vontade para escrever e
assistiu-lhe de tal modo que não errasse em nos comunicar o divino ensinamento.
Além do que os livros da Sagrada
Escritura também gozam de autoridade humana: - considerados ótimos documentos
históricos, porque são genuínos, isto é, do autor da época a que se atribuem,
ou, pelo menos, não publicados como obras de outros autores ou de outras
épocas: são verazes, isto é, não enganam e não querem enganar; são íntegros,
isto é, chegaram até nos tais quais saíram das mãos de seus autores.
Os livros da Sagrada Escritura
dividem-se em Velho e Novo Testamento.
A palavra Testamento significa pacto ou aliança:
o Antigo
Testamento é a aliança de Deus com o povo hebreu;
o Novo
é a aliança de Deus com a humanidade inteira, aliança selada com o sangue de
Jesus Cristo.
Em cada Testamento, dividem-se os livros
em históricos, proféticos e sapienciais.
Os principais livros históricos do Novo Testamento são os
quatro Evangelhos escritos por São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
A Igreja, mestra infalível, dá-nos o
Canon, a saber - a lista autêntica dos livros divinamente inspirados. Segundo
esse Canon, sancionado pelo Concilio Tridentino, compreende a Bíblia 71 livros
- 44 pertencentes ao Velho Testamento e 27 ao Novo.
A Tradição é o ensino de Jesus Cristo e
dos Apóstolos, feito de viva voz, e transmitido, sem alteração, até nós, pela
Igreja. A Tradição é uma fonte de revelação, anterior e mais vasta que as Escritura,
e merece a mesma fé.
Encontra-se a tradição nos símbolos e
nas profissões de fé, nos atos dos Concílios, nos escritos dos Padres da Igreja,
na prática geral e constante da própria Igreja, na liturgia, etc, Assim como a
Sagrada Escritura, a Tradição foi também confiada ao magistério infalível da
Igreja.
6. - Caracteres internos e externos
6. - Os caracteres, para se reconhecer se uma verdade ou um complexo de
verdades, e, portanto, da religião, são revelados, uns são internos, externos
outros.
A. - Os caracteres internos são negativos ou positivos.
Os caracteres
negativos consistem em que não pode ser revelada uma doutrina que encerre
contradições ou coisas contrárias à reta razão ou aos bons costumes; e, pelo
contrário, pode ser revelada, desde que esteja plenamente em harmonia consigo
mesma, com a razão e com a regra dos bons costumes.
Os caracteres
positivos consistem em santidade, sublimidade e pertinácia de doutrina tais
como não as poderia sequer imaginar a mente humana.
B. - Os caracteres externos são os milagres
e as profecias, enquanto aqueles e
estas somente poderiam provir de Deus; sendo revelada a doutrina à qual Deus apôs
tal selo.