26/12 Quarta-feira
Festa de Primeira Classe Oitava de Natal
Paramentos Vermelhos
Santo Estevão, seu nome vem do grego Στέφανος (Stephanós), o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando coroa - e Santo Estêvão é, de resto, representado com a coroa de martírio da cristandade, recordando assim o fato de se tratar do primeiro cristão a morrer pela sua fé - o protomártir. Alguns da sinagoga se levantaram a disputar com Estevão, mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito que nele falava. Então subornaram alguns homens, que agitaram o povo. Levaram-no ao conselho e apresentaram falsas testemunhas, que disseram: “Este homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei”. (Atos 6,8-13). Ele, porém, disse: “Irmãos e pais, escutai. O Altíssimo não habita em edifícios construídos por mãos de homens, como diz o profeta: “O Céu é o meu trono e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis?” diz o Senhor, “ou qual é o lugar do meu repouso? Não fez porventura a minha mão todas estas coisas?” Homens de dura cerviz e de corações e ouvidos incircuncisos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como agiram vossos pais, assim o fazeis também! A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? E mataram até os que anunciavam a vinda do Justo, do qual agora fostes traidores e homicidas, vós que recebestes a lei por ministério dos Anjos e não a guardastes”. Ao ouvir, porém, tais palavras, enraiveceu-se-lhes o coração e rangiam os dentes contra Estevão. Mas como estava cheio de Espírito Santo, olhando para o céu, viu a glória de Deus e Jesus à destra de Deus. E disse: “Eis que estou vendo os céus abertos e o Filho do Homem à direita de Deus”. Então, levantando uma grande gritaria, taparam os ouvidos e, todos juntos, arremeteram com fúria contra o santo diácono e, tendo-o lançado para fora da cidade, apedrejaram-no; e as testemunhas depuseram os mantos aos pés de um moço, que se chamava Saulo.
E apedrejaram Estevão, que invocava Jesus e dizia: “Senhor Jesus, recebi o meu espírito”. E pondo-se de joelhos, clamou em alta voz, dizendo: “Senhor, não lhes imputeis este pecado”. E tendo dito isto, adormeceu no Senhor. E Saulo consentiu no homicídio de Estevão“. (Atos 7, 48-60) Estevão sofreu o martírio mais ou menos um ano depois da crucificação de Cristo...
O martírio deu-se fora da porta, ao norte, ao lado de uma estrada. Era um lugar aberto, circular, em cujo centro se achava uma pedra, sobre a qual se ajoelhou o santo moço, rezando, com as mãos erguidas. Vestia uma longa veste branca, arregaçada, sobre a qual pendia, no peito e nas costas, uma espécie de escapulário, com duas fitas transversais; creio que era uma parte das vestes sacerdotais. Procederam no apedrejamento em certa ordem; em volta do lugar haviam juntado pedras, ao pé de cada um dos apedrejadores.Vi também Saulo, homem extraordinariamente sério e zeloso, que arranjara tudo o que era necessário para a lapidação e os lapidantes depositaram os mantos aos seus pés. Estevão levantara as mãos, rezando e não se movia, sob as pedradas; era como se não as sentisse.
Também não fazia movimentos espontâneos para se proteger; parecia extasiado, olhava para o alto e o céu estava aberto acima dele; via Jesus e com Ele, Maria, sua Mãe. Finalmente uma pedra lhe bateu na cabeça, prostrando-o morto. Era um moço alto e belo, de cabelo castanho e liso. Saulo não causava uma impressão repugnante, pelo grande zelo com que preparava a lapidação, como acontecia com os outros, que eram cheios de inveja e hipocrisia; pois o fazia impelido por um falso zelo, mas que julgava justo, pela lei judaica; foi por isso também que Deus o iluminou”.
Os ossos do santo mártir Estevão foram mais tarde milagrosamente encontrados, em conseqüência de uma Visão, junto com os corpos de Nicodemos, Gamaliel e seu filho Abidon.“O corpo de Estevão, que jazia numa posição natural, foi levado a Jerusalém, a uma Igreja situada no monte em que estivera o Cenáculo. Esses ossos foram depois várias vezes distribuídos e levados a vários lugares e muitos milagres se deram com eles. Lembro-me que uma cega tocou o caixão das relíquias com flores, por meio das quais recobrou de novo a vista. Em outro lugar se converteram muitos judeus. Em certa região o demônio, assumindo a forma de um homem muito respeitável, pediu uma parte das relíquias de S. Estevão, mas quando o bispo pediu a luz de Deus, para saber se o suplicante o merecia, fugiu o demônio, rugindo e tomando um aspecto horrível. De tais milagres vi muitos e também que parte das relíquias foram levadas para Roma e depositadas junto ao corpo de S. Lourenço. Deu-se então um fato milagroso: O corpo de S. Lourenço mudou de posição, cedendo lugar às relíquias de Santo Estevão”. Com a morte de Estevão a perseguição não terminou absolutamente, pois S. Lucas acrescenta à narração do apedrejamento de S. Estevão estas palavras: “Saulo, porém, assolava a Igreja, entrando pelas casas e tirando com violência homens e mulheres, fazia com que os metessem no cárcere. Entretanto os que se tinham dispersado iam de um lugar para outro, anunciando a palavra de Deus”. (Atos 8, 3-4). Assim servia essa perseguição ao plano de Deus, não só para provar e purificar os eleitos, mas também para propagar a doutrina de Jesus em outras regiões e aumentar o número de fiéis.
Epístola
Atos dos Apóstolos 6,8-10 e 7,54-60
8 Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo. 9Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele. 10 Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava. 54 Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele. 55 Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: 56 Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus. 57Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. 58 Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo. 59 E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. 60 Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pecado... A estas palavras, expirou.
Evangelho
São Mateus 23,34-39
34 Vede, eu vos envio profetas, sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns e açoitareis outros nas vossas sinagogas. Persegui-los-eis de cidade em cidade,35 para que caia sobre vós todos o sangue inocente derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o templo e o altar. 36 Em verdade vos digo: todos esses crimes pesam sobre esta raça. 37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas... e tu não quiseste! 38 Pois bem, a vossa casa vos é deixada deserta. 39 Porque eu vos digo: já não me vereis de hoje em diante, até que digais: Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor.